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Diversão

Em 1 mês de mochilão, Stela vence medo e faz “caminho da morte” de bicicleta

Professora percorreu trecho da Bolívia conhecido como “a estrada mais perigosa do mundo” a 4.700 metros de altitude

Thailla Torres | 01/02/2020 07:30
Conhecida com a "estrada mais perigosa do mundo", trecho atrai milhares de turistas por ano. (Foto: Arquivo Pessoal)
Conhecida com a "estrada mais perigosa do mundo", trecho atrai milhares de turistas por ano. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 31 anos, a professora de inglês, Stela Andrade Cunha, com espírito aventureiro e apaixonado por viagens, encarou um mochilão de dar inveja. Durante 32 dias de viagem, ela visitou cidades do Equador, Peru e Bolívia. Os últimos três dias contaram com dose extra de emoção, depois que Stela tomou coragem e decidiu fazer o Camino a los Yungas ou “caminho da morte”, estrada que liga La Paz, na Bolívia, à região de Los Yungas, e ao noroeste, e é conhecida como “a estrada mais perigosa do mundo”.

Estreita, serpenteando uma montanha a 4.700 m de altitude e com precipícios de centenas de metros desprotegidos, a estrada é do tipo de tirar o fôlego e deixar muita gente com medo. Mesmo assim, a professora venceu os receios que tinha do lugar e encarou a aventura que se tornou inesquecível. Os desafios e surpresas encontrados pelo caminho ela narra na série Voz da Experiência.

Passeio de bicicleta era um sonho da professora, que já visitou a Bolívia três vezes. (Foto: Arquivo Pessoal)
Passeio de bicicleta era um sonho da professora, que já visitou a Bolívia três vezes. (Foto: Arquivo Pessoal)
Stela tem espírito aventureiro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Stela tem espírito aventureiro. (Foto: Arquivo Pessoal)
E adora compartilhar suas viagens com amigos. (Foto: Arquivo Pessoal)
E adora compartilhar suas viagens com amigos. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Eu comecei minha viagem dia 24 de Dezembro de 2019 no Equador. Desembarquei em Quito (capital) às 23h. Fiquei lá até dia 28. No dia seguinte, pela manhã, peguei dois ônibus até Mâncora, localizado no Peru. Cidade de praia, calor, clima gostoso. Passei o Ano Novo por lá.

Depois fui descendo o país todo. Passamos por Huanchaco, Huaraz, Lima, Ica, Huacachina (é um oásis no Peru), Arequipa, Cusco, Aguas Calientes (lá visitamos Machu Picchu) e depois entramos na Bolívia e ficamos três noites em La Paz. Ao total a viagem durou 32 dias.

Quando voltei do último mochilão em 2019, eu já havia pensado em passar o Ano Novo em Mâncora porque havia visto propaganda e me encantei. Gostei da ideia de passar o Revéillon na praia. Aliado a isso, eu já tinha visitado Cusco e Machu Picchu em 2017, mas não conhecia o resto do Peru, que é um país riquíssimo em cultura, e me deixou com muita vontade de ir a outros lugares.

Quando fui planejar a rota, vi que não fazia sentido voar até Lima, subir até o norte do Peru (onde está situada a cidade de Mâncora) para depois voltar. Foi quando o Equador entrou no roteiro. Por fim, quando fui comprar a passagem de volta pro Brasil, estava bem caro o voo de Lima para o Brasil. Como minha amiga que estava comigo não conhecia a Bolívia, resolvemos voltar por lá, o que era também uma oportunidade de fazer passeio que até então eu não havia feito ainda.

Essa foi minha 3º vez na Bolívia e eu ainda não havia feito a Estrada da Morte. Era o único passeio que faltava. Minha amiga, toda aventureira, desejava muito, então começamos a conversar sobre a ideia.

Fui amadurecendo a ideia porque era um passeio que sempre tive muito receio de fazer devido ao penhasco que vai beirando todo o caminho.

Decidi após uma conversa com uma amiga que disse que, caso o turista não aguentasse por causa do cansaço, medo ou algo parecido, eu poderia contar com um van que percorre o caminho junto aos turistas.
No dia seguinte, fechamos o passeio na agência e optamos por pegar o tour que haveria menos pessoas para ter mais atenção dos guias.

Lugar, apesar de assustador para quem tem medo de altura, possui paisagens lindas.
Lugar, apesar de assustador para quem tem medo de altura, possui paisagens lindas.
Foto clássica no "caminho da morte". (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto clássica no "caminho da morte". (Foto: Arquivo Pessoal)

No tour da “Routa de La Muerte”, você percorre 22 quilômetros na rodovia, sendo nove  quilômetros de um trecho só com van, depois, a estrada da morte começa. Por lá são mais de 34 quilômetros.

O mais desafiador é que você precisa - na maior parte do tempo - ficar posicionada à esquerda, sendo que, à esquerda, está o penhasco. Há muitas pedras, com isso a bicicleta fica instável na descida. É preciso controlar o tempo toda a velocidade para a bicicleta não ganhar uma velocidade perigosa. Por lá ainda passam vans e carros particulares o tempo todo.

De início, eu achei que não conseguiria chegar até o fim. A mão fica bem dolorida, já que é preciso controlar o freio o tempo todo, mas o guia foi muito atencioso e me incentivou bastante. Consegui fazer o trajeto completo sem precisar do apoio da van.

Lições de um mochilão - Quando você pensa em fazer um mochilão, a primeira coisa que tem que ter em mente é o desapego. Aquela blusa que você mais gosta pode não ser a roupa mais indicada para levar na mochila.

Em segundo lugar, avaliar bem os lugares e ver o clima predominante. Comprar roupas adequadas - ao invés de pesar a bagagem com casacos desnecessários. Blusa térmica corta vento, um bom cachecol, luvas e gorro são itens essenciais.

Por fim, o mais importante de tudo é se conhecer e avaliar bem o que é imprescindível para você e o que não é: não tenho problema para dormir mesmo com barulho? Aguento longas caminhadas? Viagens longas de ônibus não me incomodam? Essas são perguntas importantes para fazer a si mesmo.

A maior lição que eu tirei desse mochilão foi através das pessoas incríveis que eu conheci ao longo do caminho. Ideias diferentes da minha, modos de viver totalmente opostos; mas todos muito abertos para o as surpresas boas que a estrada pode oferecer. Quando você está de coração entregue, e aberto ao momento, tudo flui mais leve.

EncantosVisitei vários sítios arqueológicos no Peru. Eu ficava minutos, parada, admirando e imaginando como aquilo estava de pé até hoje. É incrível o que as civilizações antigas construíram com pouquíssimos recursos disponíveis.

Alguns pratos que experimentei na Bolívia e no Peru estavam muito bons: o tradicional ceviche, claro, chicharron, lomo saltado, chaufa. São todos muito bons. Alguns outros eu preferi não experimentar porque eram muito apimentados (tem que tomar cuidado com isso) ou porque não era do meu paladar alguns ingredientes.

Ainda tenho planos de conhecer a Colômbia e a Patagônia: são dois lugares que ando pesquisando bastante e fiquei bem animada. Uma amiga foi pra Patagônia recente e fiquei admirada com as paisagens que ela presenciou.

A sensação de liberdade que um boot no pé e uma mochila nas costas proporcionam é impagável. É muito lugar lindo, história, tradição, diversão, superação e aprendizado. Acho que todo mundo tinha que sair para se aventurar um dia de mochilão".

Tem alguma história transformadora para contar? Mande para o Lado B no Facebook, e-mail: ladob@news.com.br ou WhatsApp (67) 99669-9563.

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