Espetáculo que fala da dor com um sorriso torto: “Momo” chega à Capital
São duas sessões gratuitas em Campo Grande

Tem coisa que só o teatro dá conta de dizer. Tipo aquele silêncio entre pai e filho que grita mais do que briga. Ou aquela lembrança que pesa no corpo mesmo quando já virou pó. É por essas e outras que “Momo – Um Ato Poético para Testemunhas” talvez seja uma das experiências mais sinceras a que se pode assistir neste fim de semana em Campo Grande. A peça, vinda diretamente de Belém (PA), será apresentada gratuitamente neste sábado (24) e domingo (25), às 20h, no Espaço Fulano di Tal. É de graça, mas os ingressos são limitados, então é bom reservar pelo WhatsApp (67) 98129-7263.
Mas o que é “MOMO”? É teatro, é confissão, é poesia. É o ator Alberto Silva Neto sozinho no palco, sem muitos recursos, contando uma história que é dele, mas que poderia ser de muita gente. Uma história feita de ausências – a do pai, a do avô, e a de tantos afetos que a masculinidade tradicional engole no caminho. Tem cartas antigas trocadas entre pai e avô, tem memórias doídas e tem também esse “riso de canto de boca” que dá nome à peça. Momo, aliás, era o apelido de Antonin Artaud, dramaturgo francês que fez da dor matéria-prima para criar. E aqui também é assim.
É um espetáculo que nasceu para ser íntimo. Começou pequeno, sem ensaio, sem roteiro rígido. Só ele, a história e quem estivesse disposto a escutar. Com o tempo, foi crescendo. Passou por Manaus, Belém, e agora pousa em Campo Grande como encerramento da etapa sul-mato-grossense do Projeto Escambo – Rede Parente. Depois, segue viagem para São Paulo.
O Grupo Usina, que assina a peça, vem de Belém e carrega na bagagem essa vontade de quebrar o eixo Rio-São Paulo e fazer o teatro circular por outros cantos, onde a arte às vezes é vista como visita rara. E “MOMO” chega como um desses encontros que não se esquecem. Um solo que costura Nietzsche, Clarice Lispector e Fernando Pessoa com lembranças de infância e perguntas que não têm resposta pronta: o que é ser homem? O que herdamos dos nossos pais? Como quebrar o ciclo sem perder a ternura?
É para quem gosta de teatro que incomoda, mas também abraça. Que não entrega soluções, mas cutuca feridas com cuidado. E, como bônus, ainda tem ações formativas no sábado (24) e domingo (25), no mesmo espaço. De manhã, rola a oficina “A Carne da Palavra” (das 9h às 12h). E no domingo, uma mesa pública com o nome potente de “Pachiculimba: uma encenação contra-hegemônica”, das 10h às 12h. Tudo gratuito.
Espetáculo: “MOMO – Um Ato Poético para Testemunhas”
- Data: 24 e 25 de maio (sábado e domingo)
- Horário: 20h
- Local: Espaço Fulano di Tal – Rua Rui Barbosa, 3099, Centro
- Entrada gratuita (reservas via WhatsApp: 67 98129-7263)
- Classificação indicativa: 16 anos
Oficina: A Carne da Palavra
- Sábado, das 9h às 12h – Espaço Fulano di Tal
Mesa pública: Pachiculimba: uma encenação contra-hegemônica
- Domingo, das 10h às 12h – Espaço Fulano di Tal
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