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Diversão

Há seis anos, campo-grandense e "mineirinha" são as caras da Escola Igrejinha

Adriano Fernandes | 01/02/2016 06:12
A amizade se fortaleceu no samba e hoje em dia é difícil imaginar Igrejinhas sem suas musas. (Foto: Adriano Fernandes)
A amizade se fortaleceu no samba e hoje em dia é difícil imaginar Igrejinhas sem suas musas. (Foto: Adriano Fernandes)

A amizade que começou por acaso entre uma campo-grandense e uma mineirinha, se fortaleceu no barracão da escola de samba Igrejinha. Há pelo menos seis anos, Christiane de Almeida, a Cris e Celma Cardoso de Oliveira, a Celminha, são as caras de uma das escolas mais tradicionais de Campo Grande.

De um carisma e um corpo, que é capaz de fazer qualquer pessoa duvidar dos seus 43 anos de idade, Celminha conta que seu contato com samba vem desde os 15, frequentando os carnavais e ensaios das escolas da cidade. Mas a dedicação mesmo começou quando integrou o grupo de passistas "Tawanda", em Campo Grande.

Celminha tem 43 anos e um corpo que não entrega a idade, de maneira alguma. (Foto: Adriano Fernandes)
Celminha tem 43 anos e um corpo que não entrega a idade, de maneira alguma. (Foto: Adriano Fernandes)

De lá para cá foram uma sucessão de títulos que ela recorda com orgulho, um a um. “Aos 18 anos fui eleita rainha do Carnaval de Campo Grande, representando a Vila Carvalho. Em 1995 eu fui rainha novamente, em 1996 e 2010 eu fui princesa e neste mesmo ano fui campeã do concurso Beleza Negra de Campo Grande”, diz orgulhosa.

Antes de ocupar o mesmo posto na Igrejinha, Celminha também foi rainha de bateria por dois anos de um dos blocos do famoso Carnaval de Fátima do Sul e também da já extinta escola de samba Tradição do Pantanal. O contato com a escola do coração ela diz que, ao mesmo tempo que foi inesperado, também surpreendente.

“Há seis anos atrás a Igrejinha ia promover o concurso Garota do Bumbum Dourado, mas um dia antes eles me procuraram dizendo que cancelariam o concurso, se eu automaticamente aceitasse ser rainha da escola”, comenta. Quanto a proposta, ela diz não ter pensado duas vezes e desde 2010 reina absoluta no cargo mais cobiçado de qualquer agremiação.

“Eu sempre gostei de me dedicar e criar raízes na escola que eu represento e retribuir, todo o carinho que eu tenho dentro da minha comunidade, na escola. É de uma felicidade muito grande quando as pessoas chegam e dizem que 'Vocês são a cara da Igrejinha'”, comemora sorridente.

Aos 35 anos a "mineirinha" é recém formada em processos gerenciais e campo-grandense de coração. (Foto: Adriano Fernandes)
Aos 35 anos a "mineirinha" é recém formada em processos gerenciais e campo-grandense de coração. (Foto: Adriano Fernandes)

Na mesma época em que entrou para escola, ela se recorda que levou junto a Cris que até então nunca tinha tido contato com o Carnaval de Campo Grande. A mudança de Juiz de Fora, para cá, Cris conta que foi por causa de seu marido na época. Com o fim do casamento, um ano e meio depois de estar aqui, Celminha passou de colega de academia para parceira na passarela.

“Meu contato com o samba era só de acompanhar os ensaios e pagodes, mas quando ela me chamou eu aceitei de primeira. Eu nem sequer conhecia a Igrejinha, mas fui”, ela ri. Para viver a experiência que até então era inédita em sua vida, ela brinca que foi meio despretensiosa.

“Cheguei lá, ajudei na confecção da minha roupa, das fantasias. Na hora que todas as passistas ensaiavam eu ficava observando, mas quietinha no meu canto”, explica a mineira de sotaque inconfundível. “Minha intenção era desfilar somente um ano, mas depois que eu entrei na avenida tive a certeza: é isso que eu quero para minha vida”, comemora.

Desde então Celminha e Cris ocupam dois dos cargos de maior responsabilidade da escola. Celminha sempre foi rainha de bateria, já Cris por dois anos foi passista, por mais três desfilou como rainha da ala das passistas e este ano é a musa da escola.

Mas a dedicação das duas não se resume só ao Carnaval. Elas também integram a Banda Show da Igrejinha que durante todo o ano é contratada para eventos que vão desde casamentos a formaturas. Fora a bateria, elas conciliam o trabalho com o samba e uma rotina intensa de expediente.

A amizade cresceu junto ao amor à Escola de Samba Igrejinha. (Foto: Adriano Fernandes)
A amizade cresceu junto ao amor à Escola de Samba Igrejinha. (Foto: Adriano Fernandes)

Além de cabeleireira especialista em cabelos crespos, Celminha é sócia do marido Luiz Claudio Brittes, em uma empresa de representação comercial. Já Cris é analista de operações e recém formada em processos gerenciais pela UFMS. Morando há 10 anos em Campo Grande, há sete ela esta casada com o técnico enfermagem, Iranil Oliveira.

Elas garantem que o ciúme está longe de existir na relação com os maridos e que, por influência das duas amigas, também entraram para o universo do samba. Tanto Cláudio quanto Iranil integram a baterida da Igrejinha. “Fomos para Igrejinha e levamos os maridos juntos”, elas brincam.

“Porque nós, enquanto escola, também tentamos passar essa mensagem de que todos ali formam uma família. É um trabalho de um ano inteiro de preparação, desde as passistas até a bateria e esse ambiente familiar agrega muito mais, dá mais credibilidade para escola”, explica Celminha.

Este ano, o enredo da Igrejinha é "Nos Reinos de Edson Contar, o Carnaval é um sonho que se sonha junto". Ao todo o escritor e jornalista já escreveu 15 sambas enredos para a escola dos quais 12 foram campeões. A escola será a segunda a desfilar na terça-feira, dia 9.

Preparação – Musculação é o mínimo que as duas “musas” da Igrejinha fazem para manter o corpo, durante o ano todo. Das 6h da manhã até as 9h30, Celminha bate ponto de segunda a sexta-feira na academia. Duas vezes por semana ela luta muay thai e faz jumping nos outros três dias. As duas ainda encaram os ensaios da bateria durante a noite.

A dieta é um pouco menos rigorosa para aguentar até 4 horas de ensaio. “Próximo do Carnaval eu como muita massa, proteína porque nesse período eu chego a emagrecer até 4 quilos”, diz Celminha.

Já Cris se dedica quase que exclusivamente a academia, o que é suficiente para manter sempre em forma o corpo da mineira de 35 anos. O que o Carnaval representa na vida delas? “Levar a alegria, o encantamento e a felicidade para as pessoas não tem preço. É o nosso ar. A gente respira Carnaval”, conclui Cris.

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"...quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida parece a maravilha de aquarela que surgiu - Clara Nunes". (Foto: Adriano Fernandes)
"...quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida parece a maravilha de aquarela que surgiu - Clara Nunes". (Foto: Adriano Fernandes)
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