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Diversão

Mulherada manda no primeiro dia de festa nas ruas da Esplanada Ferroviária

Elas estavam em evidência no Tropicanapa que estreou no Carnaval de Campo Grande com estilo e muita brasilidade

Thailla Torres | 10/02/2018 07:10
Na folia, o recado foi direto. (Foto: Paulo Francis)
Na folia, o recado foi direto. (Foto: Paulo Francis)

O segundo dia de Carnaval foi marcado pelo protagonismo feminino. Fora do palco, na estreia do Bloco Tropicanapa, elas é quem estavam em evidência, principalmente, pela atitude. Donas do próprio corpo, muitas resolveram ir de biquíni para provar que mulher pode usar o que quiser sem ser desrespeitada. Outras, entraram de vez na moda das plaquinhas, dando recado sobre a liberdade.

Amanda Alvez dos Santos, de 18 anos, apareceu segurando a placa com "Me chama de juízo e venha perdê-lo comigo". A mensagem, segundo ela, foi uma brincadeira para entrar na moda da folia. "Está uma febre usar a placa, então resolvi fazer a minha", conta. Mas antes de qualquer insistência, ela deixa claro que decide com quem quer ficar. "Eu mal cheguei e um cara já veio me agarrando. Mas não quero borrar o meu batom tão cedo. Sou eu que decido e acho que a mulherada sempre foi de atitude, só estão demonstrando agora".

"Acho que a mulherada sempre foi de atitude, só estão demonstrando agora", diz Amanda.
"Acho que a mulherada sempre foi de atitude, só estão demonstrando agora", diz Amanda.

Atitude que marcou presença em outro grupo de meninas que curtiam a folia. Todas entre 15 e 17 anos, seguravam placas em busca da paquera. "Eu fiz porque quero beijar muito na boca", diz uma delas. "Mas olha, me arrependi, eu devia ter colocado que eu pegaria minas também", acrescenta.

As mensagens foram em tom de cantadas para ninguém sair da festa no zero a zero. "Tô com problema de visão porque não vejo a hora de te dar uns beijos" e "Gato, posso te ensinar a ser bilíngue? Duas línguas na sua boca: a minha e a sua" foram alguns dos dizeres. Mas antes de qualquer tentativa, elas impõe os limites. "Não é chegar forçando, tem que conversar numa boa, se eu achar que rola, tudo bem", afirma.

Com energia autêntica e um público na maioria feminino, a Tropicanapa, é também uma festa que faz campanha e aponta a  diferença entre paquera e assédio para a conscientização. No bloco não foi diferente, o que trouxe ainda mais liberdade para que a mulherada ficasse à vontade no Carnaval.

Fernanda e Iris, curtiram o bloco longe do assédio. (Foto: Paulo Francis)
Fernanda e Iris, curtiram o bloco longe do assédio. (Foto: Paulo Francis)

"Eu cheguei aqui às 16h de biquíni e senti que a galera está me respeitando. Acho que aos poucos essa campanha vem fazendo a diferença. É uma atitude muito legal", diz Fernanda Savaris, de 20 anos.

Depois de ser machucada no último fim de semana em um bloco de Carnaval, Iris Taborda, de 21 anos, também estava confiante. “É complicado, no último bloco eu levei um apertão no braço, de um cara que queria me beijar e eu disse não. Estou com marca até hoje. Mas acho que, mesmo assim, a gente não pode desistir de falar não e continuar se divertindo”, afirma.

Por isso, o organizador Renato Zanon, afirma que o evento vai sempre investir na campanha pelo respeito. “Nosso público é 70% feminino, então a gente preza muito por esse respeito, principalmente com as mulheres e o público LGBT. Somos uma festa da diversidade e multicultural. Também queremos respeito aos artistas em geral e com quem movimenta a economia criativa dessa cidade”.

Renato, organizador do Tropicanapa. (Foto: Paulo Francis)
Renato, organizador do Tropicanapa. (Foto: Paulo Francis)
Eleuza e os amigos foram pegos de surpresa com o estilo do evento. (Foto: Paulo Francis)
Eleuza e os amigos foram pegos de surpresa com o estilo do evento. (Foto: Paulo Francis)

Bloco alternativo - Nos sets dos DJs, muita música brasileira e latina como o Tropicália, MPB, carimbó, cumbia, dancehall, rap e reggae. Para remeter ao que a música nacional teve e ainda tem de mais original. O resultado foi uma noite de alegria e movimentos que davam tom a liberdade da festa, longe do funk e das marchinhas.

O que também pegou de surpresa alguns foliões, entre eles, Eleuza Caparelli, de 66 anos, que não imaginava que a festa teria tantos jovens e um estilo musical diferente. “Acho que sou a pessoa mais velha desse bloco”, brinca. “A gente chegou e não entendeu nada. Não escutei as marchinhas e só depois percebi que o bloco tem outro estilo”.

Mas não foi suficiente para desanimar ela e os amigos. “O Carnaval é isso, tem de tudo, a gente resolveu ficar. Eu não conheço a maioria das músicas, mas a gente se diverte só pelo movimento”, afirma.

O evento que começou às 15h e terminou pontualmente às 23h. Para não deixar o ritmo sertanejo de fora e fazer a galera ir ao delírio, o DJ emplacou a canção Galopeira que fez o bloco cantar junto e aplaudir a Tropicanapa no Carnaval de Campo Grande.

“Foi uma emoção muito grande. Não somos só uma festa, temos uma ideologia e trazer isso para o Carnaval foi lindo", descreve Renato.

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Bloco estreou lotado e ganhou carinho do publico jovem. (Foto: Thiago Souto)
Bloco estreou lotado e ganhou carinho do publico jovem. (Foto: Thiago Souto)
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