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Diversão

Nas escolas de samba, gente que realiza sonhos durante o carnaval

Ângela Kempfer | 13/02/2013 06:23
Paulo e Lilian realizaram o sonho de ser casal de mestre-sala e porta-bandeira. (Foto: João Garrigó)
Paulo e Lilian realizaram o sonho de ser casal de mestre-sala e porta-bandeira. (Foto: João Garrigó)

Na cadeira de rodas, Paulo Sérgio foi o destaque como primeiro mestre-sala da escola Catedráticos durante o desfile deste ano em Campo Grande. Para realizar o sonho da esposa, deixou a função de puxador do samba e desde o último Carnaval ensaia para conquistar a nota 10. “Era um sonho dela, mas que acabou virando o meu”.

Faceira, Lilian não parou de sorrir um minuto, apesar da fantasia pesada, nunca antes vestida por ela. “É um esforço enorme, mas não tem preço”, conta. Paulo só reclama do adereço na cabeça, apertadíssimo. “O esforço é infinitamente maior como mestre-sala, mas só não gostei foi do enfeite da cabeça”.

Para cumprir bem o papel, os dois recorreram ao Youtube e aprenderam com os melhores do Brasil no quesito. “Lá tem vários vídeos com os mais experientes. A gente foi assistindo e copiando”, lembra Lilian.

Jeferson Machado vestiu terno e gravata para desfilar neste Carnaval. O rapaz atualmente faz mestrado em lingüística e mora em dourados. Há 3 anos vem para Campo Grande só para desfilar na Vila Carvalho, mas ser campeão em 2013 teria um gosto especial. Ele é personagem principal na comissão de frente da escola. “Tenho um papel importante, é uma super responsabilidade”, justifica.

Dona Malú diz que cada desfile é uma superação.
Dona Malú diz que cada desfile é uma superação.

No samba há 17 anos, aos 56 dona Maria Luiza não tem moleza durante o Carnaval. Na mesma noite, desfila nas 4 escolas do Grupo Especial, sempre com o vestido rodado, pesado, da ala mais tradicional de qualquer escola de samba. “Sou baiana em todas e adoro”.

Para quem não é mais menina, cada ano é comemorado como superação. “Carnaval a gente faz assim, com a força dos loucos. Se eu não fosse louca, acho que nem estaria mais aqui”, brinca.

Gerson Falcão também apareceu de cadeira de rodas no desfile, apesar de não ter qualquer deficiência. Professor de Educação Física, ele trabalha com cadeirantes em um centro de reabilitação da cidade. No Carnaval vira “incentivador” de quem depende da cadeira de rodas para se locomover e desfila ao lado dos alunos, também em uma cadeira.

“A gente faz de tudo para trazer o grupo para o desfile. É uma realização para todo mundo. A gente sabe que a acessibilidade é o que mais afasta essas pessoas desse tipo de festa, então providenciamos até uma Van para garantir que eles estejam aqui”.

Na platéia, o desejo de Eliane Vieira ficará para 2014. Apaixonada pela Vila Carvalho, criou os filhos ouvindo os ensaios da escola. “Sou vizinha da sede. Meu filho dormia ouvindo samba e quando o som parava, ele acordava”, conta.

Ela desfilou durante anos, mas teve de parar quando descobriu que tinha câncer. O tratamento foi difícil, mas “completamente recuperada” já ensaia a volta no ano que vem. Desta vez, ela aproveita a festa na torcida da agremiação, mas com o filho de 17 anos, o neto de 11 e o genro de 39 na avenida. “Eles vão desfilar por mim este ano”, comenta.

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