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Diversão

O bom e velho rock nacional de Nenhum de Nós volta a Campo Grande 20 anos depois

Paula Maciulevicius | 02/09/2012 10:32
“Tinha apenas 17 anos, baixava minha cabeça pra tudo, era assim que as coisas aconteciam, era assim que eu via tudo acontecer. Camila...”
“Tinha apenas 17 anos, baixava minha cabeça pra tudo, era assim que as coisas aconteciam, era assim que eu via tudo acontecer. Camila...”

Duas décadas depois e quase por completar 26 anos de carreira, Nenhum de Nós fez todos se emocionarem, cantar e viajar no tempo na noite deste sábado. O Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, palco da apresentação da banda gaúcha, estava com as cadeiras quase lotadas, mostrando que há público para o bom e velho rock nacional.

O cenário era simples, mas encaixava perfeitamente ao show do álbum “Contos de Água e Fogo”. Um painel claro, com sol e pássaros desenhados que dava o contraste de fogo com os jogos de luzes que clareavam o palco durante a apresentação.

Marcado para as 20h, eles subiram ao palco já próximo das 21h30 deixando os fãs com expectativa nos olhos. A qualquer movimento, todos já olhavam, esperando que o rock com um tom de nostalgia, invadisse o local. Mas valeu a pena esperar, o show teve duas horas de duração.

O público era misto, dos mais experientes, que já curtiam o rock nacional desde os anos 80 até gente mais nova, que aprendeu a curtir o estilo que não se perdeu com o passar dos anos.

Por duas horas o público cantou junto com Nenhum de Nós, relembrando sucessos e aprendendo canções inéditas.
Por duas horas o público cantou junto com Nenhum de Nós, relembrando sucessos e aprendendo canções inéditas.

E não teve ninguém que não cantasse junto que “tinha apenas 17 anos, baixava minha cabeça pra tudo, era assim que as coisas aconteciam, era assim que eu via tudo acontecer. Camila, Camila, Camila, Camila, Camila, Camila”. A terceira música apresentada esta noite.

Ao dar boa noite ao público, o vocalista Thedy Corrêa, brincou, dizendo estar surpreso porque mesmo havendo o show do “Thiaguinho”, o teatro estava cheio. Ele apresentou o show mostrando que além das músicas inéditas, a banda ia tocar também das antigas.

“Passa 20 anos sem vim tocar e vão tocar aquelas que eu não conheço? A gente vai tocar todas essas que vocês conhecem. Não precisa apertar os cintos, mas preparem-se para a viagem que é o show do Nenhum de Nós”.

As palavras já levaram o público à vibração. Entre o meio das músicas, a banda falou da felicidade que é para músicos quando uma canção faz parte da trilha sonora da vida de muita gente, como “Um girassol da cor do seu cabelo”.

A performance em palco vai além do vocal, violão, guitarra e bateria e ganha instrumentos regionais da música gaúcha, como o acordeon e ainda solos de gaita.

“Vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena. Lembra, é o nosso final feliz”, cantada por duas vezes.
“Vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena. Lembra, é o nosso final feliz”, cantada por duas vezes.

E uma das mais comemoradas da noite, foi sem dúvida à volta ao ano de 1983. Thedy anunciou que Nenhum de Nós havia uma revelação a fazer: “todos vocês que cruzaram as portas do teatro e sentaram aqui, ganharam super poderes. Na verdade todos o mesmo super poder, de voltar no túnel do tempo. De 2012 até a chegada do nosso destino, ano de 1983”. E em seguida, em coro, “acho que era Julho de 83, eu sempre esqueço o dia, mas lembro do mês”.

E por duas vezes, Campo Grande cantou “Vai lembrar de mim” com Nenhum de Nós. A primeira, com toda a banda e em seguida, Thedy disse que apenas tocaria, acompanhando o público, que fez bonito ao entoar “tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto. Mas agora com certeza eu enxergo, que no fim eu amei por nós dois. Mas você lembra! Você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena”. Um toque de romantismo e nostalgia tomou conta do Rubens Gil.

No fim, na volta do “bis” pedido pelo público, Nenhum de Nós tocou o que com certeza lançou a primeira banda gaúcha de rock para todo país, a regravação da música de David Bowie, “Astronauta de Mármore”.

Aplausos eram poucos para a alegria que Campo Grande sentiu de receber duas décadas depois, Nenhum de Nós. A banda que se dedica estritamente ao rock nacional está para completar 26 anos, em 5 de outubro, data que eles marcam como sendo do primeiro show juntos.

Thedy, Veco, João, Sady, Carlos, estão em uma das raras bandas que mantém os mesmos integrantes desde a formação e que mesmo assimilando influências regionais e tendências, mantém o rock.

“Trabalhamos com duas guitarras no palco, mantendo a característica de rock”, explica Thedy.

A inclusão do acordeon tinha um motivo no início, mas hoje já ocupa lugar fixo durante os shows. “Sonoramente, era para que quem ouvisse, soubesse de onde a gente vem, mas hoje ela ocupa espaço, ela tem que estar ali”, explica o tecladista e responsável pelo som gaúcho, João Vicenti.

E se o assunto é música, eles não deixaram de mencionar o sertanejo universitário, que hoje toma conta das rádios e dos palcos de todo país. “Há uma disparidade muito grande de estilos, o rock tem muito menos tamanho que o sertanejo, que envolve uma quantidade de dinheiro absurda. A gente chega em uma rádio com cinco caixas de CDs para sorteio, enquanto duplas chegam com três Land Roover”, ilustra o vocalista.

Vinte anos se passaram e a pergunta do público e da imprensa foi uma só, o que falta para trazer bandas de rock com maior frequência à Capital?

“Falta de coragem de empreendedores que acreditem na música que eles gostam não apenas no lucro fácil. Não fica simplesmente correndo atrás do que parece ser mais fácil”, alfinetou o baterista Sady Homrich.

Eles alfinetam, faltam empreendedores que acreditem na música de bom gosto e não no que parece mais fácil.
Eles alfinetam, faltam empreendedores que acreditem na música de bom gosto e não no que parece mais fácil.
Duas décadas depois eles se despedem, prometendo não demorar outros 20 anos.
Duas décadas depois eles se despedem, prometendo não demorar outros 20 anos.
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