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Diversão

O bom momento para quem escreve estórias para crianças

Elverson Cardozo | 09/11/2012 08:00
Produção literária regional está a todo vapor em Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)
Produção literária regional está a todo vapor em Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)

Foi com Guto, um menino curioso, que Raquel Naveira, chegou às crianças. Ariadne Cantú se baseou em histórias reais, mas nem por isso deixou de fazer um livro voltado aos pequenos. Já Itamar Soares de Arruda, em sua estreia, mostrou a rotina de uma família de quatis.

Os três escritores resolveram falar com as crianças, produzir para elas e trabalhar em função delas. É o bom momento da produção literária regional infantil. Em Campo Grande o cenário se amplia dia a dia. Bom para quem faz. Melhor ainda para quem se preocupa em incentivar, logo cedo, potenciais leitores.

Não é porque a história é infantil que o tema deve desmerecer a capacidade crítica e interpretativa deles. Em “Enquanto mamãe não vem”, Ariadne Cantú - que além escritora é procuradora da Justiça, fala de coisa séria e mostra o cotidiano de crianças que foram abandonadas pelos pais e vivem em abrigos.

Os personagens se conhecem na escola, onde passam a entender diferentes realidades. O contexto familiar é tratado com uma visão humanista. O final feliz é prova de que é possível sonhar, apesar das adversidades.

A abordagem em “Guto e os Bichinhos”, de Raquel Naveira, é mais leve, mas a mensagem ao leitor não fica de lado. Por meio de ilustrações lúdicas e divertidas, a escritora repassa a importância das descobertas e surpresas.

Outro livro de destaque, escrito por ela, é “O Barato das Baratas”. Para quem costuma julgar obras pela capa, esta surpreende pelo assunto trabalhado: Drogas na adolescência.

Destinado ao público infanto-juvenil, o livro narra a história de um mundo dominado pelas baratas, que vivia com seres humanos e onde estes não existiam mais.

Neste universo, as aventureiras baratas adolescentes têm muitas descobertas. Em 67 páginas, utilizando metáforas, a escritora fala do mundo ilusório das drogas e abre para uma discussão que vai da família à sala de aula.

Em 32 páginas, tendo como assunto as “brincadeiras inconsequentes”, o campo-grandense Itamar Soares apresenta uma divertida família de quatis. É a estreia dele em “As aventura de Catií: um Quati Aventureiro”, obra infanto-juvenil.

Catií, o animal protagonista deste livro, é muito sapeca, mas é um bom filho e irmão. O problema é gosta de fazer brincadeiras sem graça. Não falar a verdade e inventar pequenas mentiras estão entre suas preferências. A vida, no final das contas, acaba lhe ensinando que este não é o melhor caminho.

Foi a maneira que Itamar Soares encontrou para tratar de um assunto de “gente grande”: valores morais. A inspiração veio de dentro de casa. Pai de 7 filhos, o professor – que leciona na Reme (Rede Municipal de Ensino) – sentiu na pele a dificuldade de passar os ensinamentos para filhos.

Dentro de uma sala de aula, revela, é mais fácil porque a lição acaba virando lei. “Sou professor de língua portuguesa, e em sala de aula eu falo sobre isso. Os pais chegavam para mim e perguntavam: ‘como você fez ele entender isso se eu ensino a vida toda?”, conta. “De repente eu me vi na situação de pai ensinando as coisas”, acrescentou.

Títulos editados em Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)
Títulos editados em Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)

E foi como pai que Itamar se deu conta da dificuldade. Resolveu escrever e, ao invés de ensinar, passou a ler a própria obra para os filhos. “No livro eu trabalho muito a parte positiva das palavras, busco evitar palavras negativas, pesadas. Às vezes a gente fala muito não para as crianças. Poderíamos falar ‘daqui a pouco’, ‘mais tarde talvez’, ‘agora não posso’”, exemplificou.

Secretário geral da academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Rubênio Marcelo avalia como positivo as produções literárias regionais e o bom momento vivido por quem se dedica a fazer estórias para crianças.

Rubênio mencionou uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro, que aponta o índice de leitura entre os brasileiros. A literatura infanto-juvenil, destacou, aparece na quarta posição.

“É um segmento que está em destaque. Não só regional, mas destaque em ternos de Brasil. É uma área da literatura onde temos poucos escritores se dedicando”, disse.

Nesse gênero, ressaltou, não pode faltar o aspecto lúdico, tão importante para as crianças. “Não se pode afastar dessa coisa do sonho, da fantasia, mas tudo isso dentro dos parâmetros da literatura”.

As obras citadas nesta matéria são editadas pela Editora Alvorada. Para consultar o preço acesse a loja virtual da empresa.

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