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Como atravessar as festas sem bagunçar a alimentação das crianças

Nutricionista dá dicas para a família manter a rotina alimentar dos pequenos

Por Thailla Torres | 13/12/2025 09:00
Como atravessar as festas sem bagunçar a alimentação das crianças
Uma estratégia simples, e muitas vezes esquecida, é conversar antes com a meninada

Entre uma viagem, outra confraternização e a mesa sempre cheia, o fim do ano costuma vir acompanhado de uma oferta quase infinita de doces, refrigerantes e guloseimas para as crianças. Faz parte do clima, mas o excesso, quando se estende por vários dias, pode bagunçar mais do que apenas o cardápio.

A nutricionista Maria Tainara Soares Carneiro, coordenadora do curso de Nutrição da Estácio, explica que o impacto não é só nutricional, mas também comportamental. “Quando a criança passa vários dias comendo muitos doces, o organismo responde com picos e quedas de glicemia que desregulam a fome e aumentam a irritabilidade. Entre as manifestações mais comuns estão o menor interesse nas refeições principais com alimentos in natura, como o arroz, feijão, carne, salada e fruta, pois o paladar pode estar sendo adaptado ao excesso de açúcar e gordura, fazendo com que os alimentos nutritivos sejam sentidos como ‘sem graça’ e reduzindo o interesse em consumi-los.”

Ainda assim, transformar o açúcar em inimigo declarado tende a gerar mais tensão do que resultado. A própria especialista reforça que o problema não é o doce em si, mas o lugar que ele ocupa. “Festa é um conjunto de experiências: música, família, brincadeiras, cores. Quando os pais destacam essas vivências, o doce deixa de ser o centro das atenções e se torna apenas parte do momento”, afirma.

Uma estratégia simples, e muitas vezes esquecida, é conversar antes. Avisar que haverá doces, combinar escolhas e lembrar que comer demais pode gerar desconforto ajudam a reduzir a ansiedade e dão à criança alguma autonomia. O tom importa: nada de “hoje pode tudo” ou de barganhas do tipo “só ganha sobremesa se comer tudo”. Esse tipo de discurso costuma desorganizar ainda mais a relação com a comida.

O próprio ambiente da festa pode colaborar. Água sempre por perto, frutas cortadas de forma atrativa dividindo espaço com os doces e estímulo a brincadeiras que façam a criança circular e gastar energia ajudam sem tirar o clima leve. “Quando a criança está entretida, ela naturalmente reduz o foco na comida”, aponta a nutricionista.

Fora de casa, o desafio costuma ser maior. Visitas a parentes, viagens ou festas onde os pais não controlam o cardápio exigem jogo de cintura. A recomendação é evitar conflitos e apostar em combinados possíveis: uma fruta antes de sair, pausas entre um doce e outro e incentivo à hidratação já fazem diferença, sem criar constrangimentos ou disputas familiares.

E depois que tudo passa? A tentação de “compensar” exageros é comum, e pouco eficaz. Para a especialista, o retorno à rotina deve ser simples, sem culpa nem punição. “O segredo é retomar, não compensar. Nada de punições ou de cortar refeições. Basta voltar aos horários habituais, reinserir alimentos in natura aos poucos e seguir com uma rotina leve. Em poucos dias, o organismo encontra o equilíbrio novamente.”