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Morte de Niemeyer é motivo de reflexão, diz arquiteto de Campo Grande

Carlos Martins | 06/12/2012 12:45
Angelo Arruda mostra a Niemeyer livro com foto da escola Maria Constança: encontro inesquecíviel. (Foto: reprodução Facebook)
Angelo Arruda mostra a Niemeyer livro com foto da escola Maria Constança: encontro inesquecíviel. (Foto: reprodução Facebook)

Para o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, a morte do mestre Oscar Niemeyer, ocorrida ontem à noite, no Rio de Janeiro, aos 104 anos de idade, deve causar nas pessoas não um sentimento de luto, mas sim de reflexão. Vice-presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, professor de várias disciplinas da área na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Arruda diz que Niemeyer deixa um exemplo que ele tenta transmitir para seus alunos.

“Você tem que ser metade arquiteto, metade técnico, mas a outra metade, humana, sensível ao que nos rodeia, e isso não se aprende na faculdade. Ele não era só um arquiteto. Ele tinha um lado humano que se preocupava com a sociedade, com as classes menos favorecidas. Era um comunista, como eu, que militou e chorou quando o comunismo se desfez”.

Arruda lembrou a trajetória de Oscar Niemeyer que, por questões política, foi obrigado a deixar o Brasil, sua família.”Ele deixou de ser um arquiteto brasileiro para figurar no cenário mundial da arquitetura. Isso se deve ao trabalho que ele desenvolvia, que ia além de sua profissão”, diz o arquiteto e urbanista alagoano Ângelo Arruda, que escolheu Mato Grosso do Sul para trabalhar, viver e criar sua família.

Com vários livros publicados, Arruda fez um presente ao mestre em 2008, quando esteve visitando Niemayer, em seu escritório no bairro de Copacabana. Na condição de presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) – entre 2005 e 2010 – Arruda, juntamente com os presidentes das federações da Venezuela e da Bolívia foram conversar com Niemeyer sobre um projeto que eles queriam que ele fizesse, um memorial a Che Guevara, para ser construído na Bolívia (país onde Che morreu) e que seria financiado pela Venezuela.

“Acabou não dando certo esse projeto, mas foi um encontro memorável. Entreguei para ele o livro 'Arquitetura em Campo Grande´, que eu publiquei em 1999, e que na abertura trazia o único projeto dele executado em Campo Grande, que foi a construção de um colégio estadual”. Arruda se refere à Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado, que foi inaugurada na década de 50 na Rua Marechal Cândido Mariano, bairro Amambaí, proximidades da antiga rodoviária.

Em 1995, em uma iniciativa liderada pelo próprio Ângelo Arruda, o edifício foi tombado como patrimônio histórico. “Este projeto insere Campo Grande na trajetória mundial da obra de Niemeyer”, afirmou Arruda. Na manhã desta quinta-feira, alunos da escola fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao mestre.

“A obra dele permanece em seus livros, seus discursos. A vida é um sopro, dizia Niemeyer, lembrando que a vida deve ser vivida intensamente, se preocupando com o mundo em sua volta, com os amigos, crianças. Ao lado de sua obras, esse lado humano do gênio da arquitetura, deve ser lembrado”, finalizou.

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