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Sabor

Lanchonete recebe de casamento a missa e o cliente abre cerveja no "pau do tio"

Paula Maciulevicius | 06/11/2015 06:12
O casal faz o que gosta, está na cara e deve estar também no sabor. (Foto: Gerson Walber)
O casal faz o que gosta, está na cara e deve estar também no sabor. (Foto: Gerson Walber)

Há mais de 15 anos uma esquina do Otávio Pécora vê, através dos pedidos e da juntação de mesas e cadeiras, os clientes crescerem. O que era só casa já abrigou sacolão até abrir como varanda para ser a cantina de João Wagner, nome do dono. 

No cruzamento das ruas Galo da Serra e Uiratata que a gente encontra um daqueles casais que fazem qualquer cliente se sentir em casa mesmo. Rosália e João Wagner encararam a abertura do negócio no passado, como um plano B, que hoje deu certo.

Cada um tem a sua profissão. Ele trabalha na Cassems, ela no Juizado Especial e ainda assim os dois têm energia e disposição para ir pra cozinha de terça a domingo, a partir das 18h. "O nosso começo não é lúdico como da maioria das pessoas, a gente tinha filhos pequenos e muita preocupação em como ter renda para sustentar nossa família. Aí criamos um plano B: este comércio", explica Rosália Martins, de 50 anos.

Cardápio homenageia os vizinhos clientes. (Foto: Gerson Walber)
Cardápio homenageia os vizinhos clientes. (Foto: Gerson Walber)

Quando a gente diz que vai até lá, ainda por telefone, ela já explica. "Você não vai ver uma placa, uma fachada, porque aqui é um ponto de encontro dos amigos, eles que acabam arrastando mesa, juntando cadeira. Até missa teve aqui com padre e tudo junto", descreve a dona. Missa, casamento, chá de bebê, aniversário, as grandes festas do Otávio Pécora têm lugar certo: a cantina do João Wagner.

A justificativa é a de que eles acompanharam a vida dos moradores. Somado ao comércio, já são quase 30 anos como residentes.

"Aqui cerveja se abre no pau do tio. É que o abridor fica naquela coluna ali", brinca Rosália. Como na casa só tem ela e o marido para atender, os clientes é quem abrem o freezer, pegam o que quiserem e ainda anotam nos cadernos. Cada família tem o seu, com um aviso etiquetado, pedindo apenas o cuidado para não deixar a conta "virar de mês".

"A gente não cobra ninguém não, eles que anotam, vão lá somam e depois pagam", completa Rosália.

Até casamento já foi realizado ali. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
Até casamento já foi realizado ali. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
Com corredor, padrinhos e tudo mais. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
Com corredor, padrinhos e tudo mais. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
"Pau no tio", onde cada freguês abre a própria cerveja. (Foto: Gerson Walber)
"Pau no tio", onde cada freguês abre a própria cerveja. (Foto: Gerson Walber)

O cardápio tem homenagem aos grandes amigos. O "Baby Escabroso" por exemplo, é um lanche que vai hambúrguer, calabresa e ovo, criação de um vizinho. "Hoje esse menino já é casado e continua vindo, mas ele chegava nos bailes e pedia um sanduíche para o bebê (apelido dele) com calabresa e ovo. Só que falava tudo enrolado... Aí ficou escabroso", brinca a dona.

O "Baby Escabroso" a gente provou. Apesar da mistura de ingredientes, é tudo fresquinho e gostoso e o valor também é bom para o bolso: sai por R$ 9,50.

As porções incluem pacu, batata frita, bife na chapa, além dos grelhados e da pizza. Um dos sabores, "Saborela" foi feito também em homenagem a um amigo, adventista, que não come carne. "Vai mussarela, molho de tomate, milho, champignon, tomate seco, palmito e catupiry", descreve a dona. O preço? R$ 22,00 para uma pizza grande.

Lugar é simples e pronto para que quem chegar, juntar as mesas. (Foto: Gerson Walber)
Lugar é simples e pronto para que quem chegar, juntar as mesas. (Foto: Gerson Walber)

Aos sábados, a cantina abre com feijoada. A propaganda de melhor da cidade tem peso quando a gente vê o fogão à lenha onde ela é feita. Se come à vontade por R$ 20,00.

"Aqui é simples, mas tudo caseiro e muito caprichadinho. Se você chegar aqui a gente faz um lanche também com os ingredientes que você gosta. Sabe, eu sou apaixonada por acompanhar o crescimento das famílias daqui". O comentário sai até num tom de saudade.

João Wagner brinca que a cantina leva seu nome porque precisava ter um e porque ele acha bem bonito. "A gente dá é essa primeira atenção para a pessoa. Porque depois, não dá mais tempo. Então às vezes os clientes atendem um ao outro, até meu chefe já lavou louça pra ajudar", conta João Wagner da Cruz, de 52 anos.

O casal faz o que gosta, está na cara e deve estar também no sabor das outras opções. A Cantina do João Wagner abre de terça a domingo, das 18h às 23h e aos sábados, das 11h30 às 23h, direto, na Rua Galo da Serra, n° 225.

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Caderninhos onde ficam anotadas as consumações, os clientes mesmo que escrevem. (Foto: Gerson Walber)
Caderninhos onde ficam anotadas as consumações, os clientes mesmo que escrevem. (Foto: Gerson Walber)
Até arraial já saiu na cantina. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
Até arraial já saiu na cantina. (Foto: Arquivo Pessoal/João Wagner Cantina)
"Baby Escabroso", sanduíche que leva calabresa, hambúrguer, ovo e presunto. (Foto: Gerson Walber)
"Baby Escabroso", sanduíche que leva calabresa, hambúrguer, ovo e presunto. (Foto: Gerson Walber)
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