Agro critica Plano Safra por encarecer crédito diante dos juros altos
Setor produtivo aponta encarecimento do crédito rural e queda no volume de investimentos agrícolas
O anúncio do Plano Safra 2025/2026 pelo Governo Federal nesta terça-feira (1º) reacendeu a rixa entre o Palácio do Planalto e representantes do agronegócio. Embora o montante total destinado à agricultura empresarial tenha atingido R$ 516,2 bilhões, alta de 1,5% em relação ao ciclo anterior, lideranças do setor consideraram a elevação insuficiente diante da inflação acumulada e criticaram duramente o aumento das taxas de juros, que chegam a 14% ao ano.
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Plano Safra 2025/2026 eleva recursos, mas juros altos preocupam o agronegócio. O governo federal anunciou R$ 516,2 bilhões para o setor, um aumento de 1,5% em relação ao ciclo anterior. No entanto, representantes do agronegócio criticam a alta das taxas de juros, que chegam a 14% ao ano, e consideram o aumento insuficiente diante da inflação. A elevação dos juros foi justificada pelo Ministério da Agricultura devido ao aumento da taxa Selic. Críticos apontam que o aumento dos custos de financiamento prejudica os investimentos no campo. Dados oficiais confirmam queda de 5,41% nos recursos para investimentos, enquanto os recursos para custeio e comercialização subiram 3,34%.
“O montante anunciado pelo governo federal, de imediato, parece ser um aumento em relação ao ano passado, que já foi ruim. Mas, se a gente olhar a inflação acumulada em 2024, fica evidente que este foi um aumento nominal e não real”, avaliou Marcelo Bertoni, presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
Segundo o representante da entidade de classe sul-mato-grossense, o modelo anunciado na realidade encarece o credito disponibilizado pelos bancos ao setor.“Na verdade, o que foi anunciado é uma defasagem na capacidade de recursos financeiros destinados tanto para a agricultura familiar quanto para a empresarial. Em média, teve um aumento de dois pontos percentuais em comparação ao ano passado, o que é muito ruim, porque traz o encarecimento do crédito disponibilizado.”
De fato, o governo elevou as taxas de juros para as linhas de crédito rural entre 1,5 e 2 pontos percentuais em relação ao ciclo anterior. No Plano Safra 2024/2025, os juros variavam de 7% a 12% ao ano; agora, vão de 8,5% a 14%, dependendo da finalidade do financiamento. O Ministério da Agricultura justificou que o aumento foi inevitável diante da escalada da taxa Selic, que saltou de 10,5% para 15% ao ano desde a última safra.
A ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina (PP-MS) fez duras críticas à nova política de financiamento rural. “Como esperado, os juros do Plano Safra bateram lá em cima: acabam de ser anunciadas no Palácio do Planalto linhas de crédito com juros de até 14%”, afirmou em vídeo publicado em suas redes sociais. Para ela, o problema não é apenas técnico, mas político: “A gastança do Governo Lula 3 prejudicou o trabalho do Banco Central no controle da inflação, por isso chegamos à Selic de 15%. Esse sim, um terrível recorde histórico”.
Além dos juros elevados, Tereza Cristina destacou o baixo volume de recursos efetivamente repassados no ciclo anterior. “Sabemos que não serão integralmente liberados. Somente 70% do prometido para a safra 2024/2025 foi efetivamente desembolsado até maio”, denunciou. A senadora também apontou queda no apoio a investimentos no campo: “Caíram em mais de 5% os financiamentos para investimentos nas atividades agropecuárias, que estão sim prejudicadas.”