Após arder em fogo em 2024, MS registra ano com menor foco de calor da história
Operação Pantanal registrou 1.811 ocorrências e área queimada seis vezes inferior à do ciclo anterior
A Operação Pantanal 2025 apresentou, nesta sexta-feira (3), o balanço oficial das ações de prevenção e combate a incêndios florestais no Estado. Mesmo após enfrentar, em 2024, o pior cenário da série histórica, Mato Grosso do Sul registrou, em 2025, o menor número de focos de calor desde o início do monitoramento, em 1998.
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Ao todo, foram contabilizados 1.811 focos de calor no Estado ao longo do ano, superando o índice de 1998, quando foram registrados 2.111 focos entre julho e dezembro. Conforme as projeções, ainda que até o fim de 2025 os registros alcancem o mesmo patamar de 2.111, o desempenho já consolida o ano atual como o melhor da série histórica no Estado.
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A área queimada também apresentou queda significativa. Até 2 de dezembro, o fogo consumiu 202.678 hectares em Mato Grosso do Sul, o menor volume desde 2018 e muito distante do cenário de 2024, quando o Estado atingiu recorde negativo com 2.325.974 hectares queimados.
Os dados foram apresentados pelo Corpo de Bombeiros Militar e pelo Comitê do Fogo, que apontaram diversos fatores determinantes para a redução dos impactos. Entre eles, estão a conscientização da população, impulsionada por ações educativas e fiscalização; o aumento das chuvas, ainda que dentro de um contexto de déficit hídrico; o rápido tempo de resposta aos eventos; e o preparo técnico das equipes, em especial os quase 1.000 brigadistas formados apenas em 2025.
O Corpo de Bombeiros concentrou a fase de preparação em manejo de fogo em 1.150 hectares, capacitando 221 militares e formando 929 brigadistas. Bases avançadas da corporação foram instaladas em regiões estratégicas do Pantanal.
Na fase de resposta, foram monitorados 924 eventos de fogo, agrupamentos de focos identificados por satélite com potencial de se tornarem incêndios. Desse total, 88 eventos foram combatidos, resultando em 1.105 ações diretas de combate, que incluíram técnicas como aceiros, linha de defesa e combate direto.

A mobilização envolveu 1.298 militares, 60 viaturas e 4.391 ocorrências registradas na plataforma SIGO, que inclui incêndios em áreas urbanas ou próximas a centros urbanos. Segundo o major do Corpo de Bombeiros e subdiretor de proteção ambiental, Eduardo Teixeira, o desempenho das equipes foi consistente ao longo do ano.
“Em relação aos focos de calor em 2025, não tivemos um mês que se destacasse como o melhor, mas todos permaneceram próximos aos índices mínimos. É importante ressaltar que, ao longo de todo o ano, o Corpo de Bombeiros manteve um padrão consistente de qualidade no trabalho. Porém, do total de 180 militares previstos para cada ciclo da Operação, foi necessário empenhar apenas 120. Outro ponto fundamental é que, com essas equipes em campo, em diversos casos conseguimos combater os focos de incêndio antes mesmo de serem registrados pelos sistemas de monitoramento via satélite”, explicou.
O gerente de unidade de conservação do Imasul, Leonardo Palma, afirmou que a preparação para o próximo ciclo já está em andamento e será contínua. Ele citou queimadas prescritas, aquisição de equipamentos e investimento em brigadas profissionais como prioridades.
"Novos equipamentos, tecnologia, monitoramento. O investimento nessas ações é constante, a gente não faz isso uma vez e deixa. A gente aprendeu isso com os últimos incêndios que aconteceram. Esse ano, nós lançamos para uma unidade do Imasul, que é uma área protegida, o Plano de Manejo Integrado de Fogo. Esse plano vem a proposta de um planejamento a longo prazo, e é uma unidade dentro do Pantanal, que tem um histórico de fogo muito grande. Então, ali tem ações que nós devemos fazer com constância. [...] Então, nós vamos, obviamente, depois dessa reunião que nós estamos tendo com o Comitê do Fogo, a gente fazer essa avaliação e já planejar o ano que se inicia", disse..
A integração entre o Imasul e a Polícia Militar Ambiental foi um dos destaques da operação. O capitão André Luiz Leonel, chefe de operações do planejamento estratégico da PMA, afirmou que a atuação conjunta trouxe resultados expressivos, com 15 vistorias e R$ 49 milhões em multas aplicadas.
“Esse ano nós tivemos uma ação coordenada entre instituições. Para um resultado mais efetivo e expressivo em número de autuações e valores de autuações, a gente resolveu compartilhar experiências e informações. Um agente nosso de plantão fica monitorando os focos de incêndio e repassando em tempo real as localidades onde os focos estão mais avançados. Então, o tempo-resposta de atendimento dessas demandas é menor. [...] Essa operação surtiu um efeito diferenciado e resultou aí num valor pecuniário de 49 milhões em atuações. Ao todo nós aplicamos por baixo cerca de 150 vistorias. Certo, 150 vistorias que resultaram em 49 milhões”, afirmou.
O tenente-coronel Leonardo Congro, presidente do Comitê do Fogo em MS, destacou que os resultados de 2025 refletem um processo de aprendizado após anos de impactos extremos.”Isso é um fruto de um trabalho interinstitucional bastante integrado dos órgãos estaduais com órgãos federais e também entidades do terceiro setor e o setor produtivo. Essa integração que acontece desde 2021 é com muito mais relevância por causa dos incêndios lá de 2020”, afirmou.
Ele lembrou que os recordes negativos de 2024 exigiram nova postura do Estado.
“Nós tivemos também uma prova de fogo, que foi o ano 2024, foi o ano mais severo em termos climáticos e nesse ponto o 2025 começou com um prognóstico ruim, mas ele, graças a Deus, não se confirmou. [...] Com toda essa estrutura que estava montada e uma antecipação de posicionamento do corpo de bombeiro junto às áreas mais afetadas, permitiu naturalmente um resultado como esse”.
Segundo o Comitê do Fogo, o comportamento do fogo em 2025 foi favorecido pela climatologia, mas só foi controlado devido à preparação e resposta rápida das equipes.
O governo do Estado ainda considera que o desempenho positivo reforça a mudança de cultura institucional e comunitária. A expectativa para 2026 é manter a integração e ampliar a capacidade de monitoramento, prevenção e repressão a crimes ambientais.





