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Meio Ambiente

Com 104 novas espécies, Pantanal tem peixes únicos no Mundo

Animais aquáticos catalogados por pesquisadores incrementam em 40% lista já existente

Tainá Jara | 11/11/2020 17:38
Pterolebias phasianus está entre as espécies catalogadas pelos pesquisadores (Foto: Divulgação/Imasul)
Pterolebias phasianus está entre as espécies catalogadas pelos pesquisadores (Foto: Divulgação/Imasul)

Em quatro anos, pesquisadores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) catalogaram 104 novas espécies de peixes na Bacia do Alto Paraguai, no Pantanal. O número amplia em 40% o inventário ictiológico existente até então.

O projeto é executado por pesquisadores do Laboratório de Ictiologia e é gerido pelos biólogos Heriberto Gimenes Júnior (coordenador do laboratório) e Ricardo Rech e conta com apoio de 26 pesquisados de nove instituições parceiras (UFMS, UEMS, UFPA, UnB, MPEG, UFBA e UFRJ).

“Algumas espécies são novas para a ciência, em teoria só ocorrem aqui. Diferente de tudo que a gente já viu”, assegura o coordenador do projeto.

Prática - Nos últimos anos, as equipes técnicas do laboratório realizaram 51 expedições para coleta de amostras.

As espécies coletadas são conservadas em formol e após todas as informações serem catalogadas, são enviadas para a coleção de peixes do Laboratório da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). “Por mais que a gente tenha conhecimento específico do Pantanal, ainda restam muitas lacunas. Por isso a importância de se estar constantemente atualizando o inventário ictiológico”, diz Heriberto.

Cada expedição de pesquisa envolve, no mínimo, três técnicos, todos do Imasul, e demora em média uma semana. Com o uso de redes, tarrafas, armadilhas e até mergulho, eles fazem a captura das amostras, que vão para recipientes em formol. Ao perceberem que se trata de uma espécie nova, há uma nova etapa de pesquisa para levantar todas as informações relativas a ela, como dieta, desenvolvimento, reprodução, habitat.

No laboratório, cada amostra passa por um minucioso levantamento em que se determinam todas as informações da espécie, desde cor, tamanho, quantidade de nadadeiras, tudo para auxiliar na identificação do indivíduo.

Essas informações farão parte de uma publicação que está estimada em 600 páginas e deve ficar pronta até o fim do ano. “Estamos fazendo uma força tarefa para conseguir finalizar tudo e publicar o inventário em dezembro”, calcula Heriberto.

Laboratório - O Laboratório de Ictiologia do Imasul está em atividade desde 2015 e abriga 7.500 peixes de 220 espécies - sendo 135 espécies pantaneiras – distribuídos em 150 tanques. A equipe técnica – composta por servidores do Imasul e bolsistas de universidades parceiras – é responsável pela elaboração de protocolos de manejo dessas espécies, alimentação e todos os cuidados para mantê-los em ambiente saudável e protegidos.

Além disso, no laboratório são desenvolvidos estudos científicos para descoberta de técnicas de reprodução de espécies ameaçadas de extinção, sobretudo peixes coloridos considerados ornamentais. Exemplo foi a reprodução do cascudo-viola, ocorrida em outubro do ano passado.

Foi o primeiro registro de reprodução da espécie em todo o mundo “e contribuiu para estudar a conservação e preservação da espécie”, disse Heriberto. O cascudo-viola integra uma lista com 25 espécies ameaçadas de extinção do Cerrado e Pantanal e que são contempladas em um plano de ação nacional para conservação.

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