Fundo da Amazônia vai bancar pela 1ª vez combate ao fogo no Cerrado e Pantanal
Governo destina R$ 150 milhões para equipar brigadas em seis estados antes da COP30
Pela primeira vez, o governo federal vai destinar recursos do Fundo Amazônia para o combate a incêndios florestais em biomas fora da Amazônia Legal. A medida inédita prevê o repasse de R$ 150 milhões para ações de prevenção e combate ao fogo em cinco estados: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Piauí, além do Distrito Federal.
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O governo federal destinará, pela primeira vez, recursos do Fundo Amazônia para combater incêndios florestais fora da Amazônia Legal. O investimento de R$ 150 milhões beneficiará cinco estados - Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Piauí - além do Distrito Federal. A decisão surge após recordes de queimadas em 2024, com 592,6 mil km² afetados no país. O Cerrado foi o mais atingido, com 242 mil km² queimados, seguido pelo Pantanal, que registrou aumento de 100% em relação ao ano anterior. Os recursos serão utilizados para aquisição de equipamentos e fortalecimento das brigadas de incêndio.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, o pedido de financiamento foi feito pelo Ministério da Justiça ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, responsável pela gestão do fundo, e está em fase de análise. A verba será usada para compra de equipamentos, veículos e insumos, fortalecendo a atuação de brigadas, bombeiros e forças locais. O uso do dinheiro para pagamento de pessoal não é permitido.
A decisão ocorre após os incêndios de 2024 registrarem números recordes. Foram 592,6 mil km² queimados no país, o maior volume desde o início das medições pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em 2003. O Cerrado respondeu por 242 mil km² queimados, enquanto o Pantanal teve aumento de mais de 100% em relação ao ano anterior, com 27 mil km² atingidos.
Com a COP30 marcada para novembro em Belém (PA), o governo quer evitar nova crise ambiental às vésperas do evento. De janeiro a maio deste ano, os focos de queimadas já somam 30,8 mil km², segundo pior resultado desde 2003 para o mesmo período.
Ainda conforme a publicação, a proposta prevê que mais de dois mil equipamentos, como bombas costais, sopradores, GPS e itens de proteção, sejam distribuídos para bombeiros militares e brigadistas voluntários. O Ministério da Justiça justifica que a expansão da estrutura é essencial diante da gravidade dos incêndios nos últimos anos.
À Folha, a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, afirmou que o uso do fogo se tornou hoje uma ferramenta criminosa de desmatamento, substituindo métodos tradicionais como o uso de tratores. Por isso, diz, o fundo passou a apoiar também ações de comando e controle fora da Amazônia, conforme previsto legalmente.
A medida marca uma ampliação do escopo do Fundo Amazônia, que desde 2008 já financiou programas ambientais em outros biomas, mas nunca para combater queimadas. Desde 2023, o fundo já destinou R$ 405 milhões ao combate ao fogo nos nove estados da Amazônia Legal.