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Meio Ambiente

Ideia já lançada nos anos 80, caça ao petróleo é cara e ameaça aquífero

Aline dos Santos | 27/09/2017 14:57
Leilão foi realizado hoje pela ANP (Foto: Assessoria de imprensa/ANP)
Leilão foi realizado hoje pela ANP (Foto: Assessoria de imprensa/ANP)

A busca por petróleo em Mato Grosso do Sul já esteve nos planos da Paulipetro, empresa criada pelo ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, no começo da década de 1980, e, agora, será avaliada pela Petrobras, que arrematou onze blocos na Bacia do Paraná, todos no Estado, em leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) nesta quarta-feira (dia 27). Nesta nova etapa, a prospecção também inclui procura por gás natural.

Contudo, a depender do subsolo do Estado, a busca deve ser profunda, cara e uma ameaça ao Aquífero Guarani, considerada maior reserva subterrânea de água doce do mundo.

Especialista em recurso minerais do DNMP/MS (Departamento Nacional de Produção Mineral), o geólogo Romualdo Homobono Paes de Andrade explica que a localização do petróleo segue ao menos quatro requisitos, sendo três já verificados na Bacia do Paraná. “No mundo inteiro, o petróleo ocorre no ambiente que se chama bacias sedimentares. No Brasil, são três grandes bacias sendo uma delas a do Paraná, onde estamos”, afirma.

O segundo item é ter a rocha geradora, chamada folhelho e carbonatos (onde tiver matéria orgânica). O terceiro é ter rocha que funcione como reservatório e, por fim, rocha que impermeabilize evitando o escape e formando a jazida de petróleo. Ou seja, o subsolo precisa ter “armadilhas” para armazenar o petróleo.

Na análise dessa quarta condição, a tecnologia teve avanço nas últimas décadas, com destaque para a técnica de sísmica de reflexão, uma espécie de tomografia do subsolo a até sete mil metros de profundidade. Mas o geólogo destaca que o procedimento é caro e a baixa no valor do petróleo pode dissuadir realização de novas pesquisas.

“De quatro anos para cá, baixou muito o preço. Um barril de petróleo custava em torno de 150 dólares. Hoje, custa 50 dólares. Baixou para um terço. Em toda matéria-prima que se busca o custo de produção é o elemento mais importante”, afirma o especialista.

Numa projeção, ele avalia que, caso exista, o petróleo deve ser encontrado a dois mil metros de profundidade, sendo necessário vencer as camadas de areia (cujas mais jovens têm 60 milhões de ano), basalto e Aquífero Guarani. “No caso da hipótese de encontrar petróleo, tem que fazer o serviço de revestimento dos poços para evitar trincamentos na parede e não contaminar o aquífero”, diz Romualdo.

Paulipetro - Nos anos 80, o então governador de São Paulo criou a Paulipetro para levantar o potencial de petróleo da bacia hidrográfica do Paraná. A empresa chegou a abrir dois poços em Cassilândia.

Segundo o geólogo, a investida da Paulipetro gastou 500 milhões de dólares entre 1980 e 1983 na procura por petróleo na Bacia do Paraná. O resultado foi apenas indício da presença do combustível fóssil. “O risco é alto”, avalia.

Nova fronteira - De acordo com a ANP, a Bacia do Paraná é classificada como nova fronteira, ou seja, possui áreas geologicamente pouco conhecidas. A agência esclarece que o Estado não possui produção de petróleo ou gás natural e não há áreas em fase de exploração.

Contudo, a área em oferta possui potencial para descobertas de gás natural em modelo exploratório análogo ao do Parque dos Gaviões na Bacia do Parnaíba, atualmente a segunda maior produtora terrestre de gás natural.

Em Mato Grosso do Sul, as áreas abrangem os municípios de Água Clara, Anaurilândia, Angélica, Bataguassu, Batayporã, Brasilândia, Campo Grande, Deodápolis, Ivinhema, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, Taquarussu e Três Lagoas.

O bônus de assinatura total arrecadado com a concessão do bloco a Petrobras foi de R$ 1.690.771.75 e o investimento mínimo previsto para a bacia é de R$ 20,5 milhões. O leilão motivou protesto mundial. 

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