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Meio Ambiente

MS e outros 23 estados enviam carta a Biden defendendo "acordo climático"

Documento ressaltou que estados têm autonomia para fiscalização ambiental e serviu para pressionar Bolsonaro

Guilherme Correia | 22/04/2021 12:40
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante Cúpula de Líderes sobre o Clima (Foto: Reprodução)
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante Cúpula de Líderes sobre o Clima (Foto: Reprodução)

Carta enviada por 24 estados brasileiros, incluindo Mato Grosso do Sul, defende acordo climático global de "descarbonização" ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O documento foi entregue antes de reunião organizada pelo líder estadunidense nesta quinta-feira (22) - a Cúpula de Líderes Sobre o Clima, que reuniu 40 países.

Ao Campo Grande News, o titular da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, afirma que essa articulação, feita pelo grupo de especialistas CBC (Centro Brasil no Clima), se posicionava frente a algumas atitudes que têm sido tomadas pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), em relação ao ambiente.

"É uma preocupação de muitos governadores em relação ao posicionamento que o governo federal estava tendo em relação aos outros países", disse.

Segundo ele, foi ressaltado que os estados brasileiros têm leis próprias em relação a preservação ambiental, incluindo com foco em mudanças climáticas e que ações locais já têm sido feitas. Além disso, a mobilização também pedia maior engajamento ambiental por parte do governo federal. "Forçar o governo brasileiro a tomar uma posição mais audaciosa e confirmar o que estava no Acordo de Paris", completa.

Verruck também ressalta que Mato Grosso do Sul possui grande perspectiva em ser destaque na produção de biocombustível, diminuindo a emissão de gás carbônico, causado pela queima de combustíveis fósseis como a gasolina, por exemplo, ou pelo próprio desmatamento. "Mato Grosso do Sul tem posição forte que é produção do biocombustível - energia limpa, solar, biomassa. Dentro do planejamento, o Estado tem condições de antecipar e provavelmente em 2030 já teríamos, sem nenhum problema, condições de ser o primeiro estado 'carbono neutro' do País".

Cúpula do Clima - O presidente Jair Bolsonaro prometeu, durante o evento, adotar medidas que reduzam as emissões de gases do efeito estufa e pediu "justa remuneração" por serviços ambientais prestados pelo Brasil. Por meio de transmissão em vídeo, ele também disse se comprometer a zerar até 2030 o desmatamento ilegal, buscar "neutralidade climática" até 2050, além de "fortalecer" órgãos ambientais por meio de mais recursos para fiscalização.

Vale ressaltar que, conforme dados do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), biomas brasileiros têm batido recordes históricos de desmatamento. A Amazônia, por exemplo, teve 367, km² extraídos ilegalmente ainda em março. Presente em sua maior parte no Mato Grosso do Sul, o Pantanal foi severamente castigado pelo fogo em 2020, com índices históricos sendo registrados pelo órgão, muitos dos quais tiveram ação humana, conforme os Ministérios Públicos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Ainda assim, na visão do secretário estadual Jaime Verruck, o discurso feito pelo líder brasileiro tocou em pontos importantes, muitos deles já ressaltados em reunião anterior, que indicam que "o Brasil está aberto a cooperação", segundo ele.

A gente entendia que não tinha outro caminho para melhorar a imagem do Brasil no mercado internacional. Isso estava impactando, inclusive com uma imagem negativa das empresas brasileiras e exportações brasileiras", disse Verruck em menção às propostas de Bolsonaro.

O titular também ressalta que o objetivo de desmatamento ilegal zero não impede que outros tipos de extração sejam feitos, desde que devidamente regularizados. "O Brasil vai continuar com autorização de desmatamento dentro da legalidade prevista no Código Florestal".

"É um dia histórico porque os Estados Unidos avançou o compromisso além do que foi feito em promessa de campanha. Isso cria uma perspectiva de mudanças e ações, novos investimentos [...] não foi mencionado na Cúpula o programa de regularização ambiental. O grande mote do agro brasileiro é a regulação ambiental, é uma meta que o governo brasileiro deveria assumir, que significa neutralização e agriculta sustentável no País", finaliza.

Em publicação feita nas redes sociais, Reinaldo Azambuja (PSDB) ressaltou trabalho de proteção ambiental feito pelo Corpo de Bombeiros Militar no Estado (Foto: Reprodução/Governo estadual)
Em publicação feita nas redes sociais, Reinaldo Azambuja (PSDB) ressaltou trabalho de proteção ambiental feito pelo Corpo de Bombeiros Militar no Estado (Foto: Reprodução/Governo estadual)
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