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Meio Ambiente

Para biólogo, retirada de brigada é precipitada; Ibama confirma não ter recursos

Instituto confirnou ao Campo Grande News que dinheiro para manutenção de equipes chegou à "exaustão"

Lucia Morel e Silvia Frias | 22/10/2020 17:50
Brigadistas do PervFogo se despedindo das áreas de combate ao fogo e rertornando a Corumbá, nesta tarde. (Foto: Ecoa)
Brigadistas do PervFogo se despedindo das áreas de combate ao fogo e rertornando a Corumbá, nesta tarde. (Foto: Ecoa)

A saída das brigadas de combate do Ibama/PrevFogo do Pantanal está sendo feita de forma antecipada, segundo o biólogo, Alcides Faria, que é diretor executivo da Ecoa, organização não-governamental que atua na proteção e preservação do bioma, bem como das comunidades que ali vivem.

O jornal O Estado de São Paulo publicou sobre a desmobilização esta manhã, o que foi confirmado, por e-mail ao Campo Grande News, pelo próprio Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

A assessoria de imprensa do instituto informou que “o retorno dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) acontece em virtude da exaustão de recursos”, ou seja, não há mais dinheiro para a manutenção de equipes nem no Pantanal nem nas demais regiões do Brasil.

“Desde setembro, a autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional. Para a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos especiais, fundos e emendas”, enfatiza parte da nota, que sustenta ainda débito de R$ 19 milhões em pagamentos atrasados em todas as diretorias do instituto, inclusive a brigadistas do Prevfogo.

Também pela manhã, sem citar a falta de recursos, o coordenador do PrevFogo em MS, Márcio Yule, comentou a retirada das equipes e afirmou que neste momento, não haverá prejuízo. “Se fosse há duas semanas atrás, seria o caos, não consigo nem imaginar como cumpriria essa determinação”, comentou.

“Não é momento de retirarem as equipes. As brigadas chegaram tardiamente e estão saindo prematuramente”, destacou Alcides, lembrando que não há garantias de que as chuvas que estão ocorrendo serão suficientes ou se manterão a ponto de impedir novos focos no Pantanal.

Para ele, o trabalho dos brigadistas do PrevFogo é essencial e foi extremamente importante e preciso no combate às queimadas, mas enfatizou que mesmo que as chuvas se mantenham, este seria o momento das brigadas começarem trabalhos de prevenção e educativos na região.

Temporário – A atuação dos brigadistas do Ibama/PrevFogo começa geralmente em junho no Pantanal e no restante do Mato Grosso do Sul e segue até dezembro, pelo menos. Os brigadistas são contratados de forma temporária, mas segundo Alcides, diante da seca extrema deste ano, essa metodologia deveria ter sido revista.

“As brigadas chegam em junho em períodos normais, mas este é um ano de excepcionalidade climática, que deveria ter um olhar diferenciados pelos governo, principalmente o federal”, assinalou.

Para ele, “não precisávamos da transpantaneira inteira queimada, da Estrada Parque, da BR-262, porque as rodovias são pontos de espalhamento de incêndios”, explicou, dizendo que poderia ter havido trabalho de prevenção mais efetivo, principalmente porque o fogo no bioma, este ano, começou muito mais cedo. “Em janeiro já havia focos”, lembra.

Além disso, segundo o biólogo, à semelhança de 2020, o ano que vem no Pantanal não deverá ser fácil, já que o regime de cheias, diante da falta de chuvas, está desequilibrado, que foi o que ocorreu este ano, deixando muita matéria orgânica à disposição do fogo.

“Não sabemos como serão as chuvas deste ano e se serão suficientes para retornar os rios aos níveis normais”, sustenta, explicando que sem cheia, a vegetação seca e mais material orgânico fica disponível para queima.



Sem reposta – A reportagem entrou em contato com a WWF para comentar a retirada das brigadas do Pantanal, mas os diretores da organização não puderam falar. Em contato com o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), nenhum dos contatos atendeu. Pela Wetlands International Brasil também não houve retorno.

Leia a nota resposta do Ibama na íntegra:

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) informa que a determinação para o retorno dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) acontece em virtude da exaustão de recursos. Desde setembro, a autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional. Para a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos especiais, fundos e emendas. Mesmo assim, já contabiliza 19 milhões de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do instituto, inclusive, as do Prevfogo.

Atenciosamente, 

Assessoria de Comunicação do Ibama

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