Para conseguir conquistar fêmea, tatu-peba tem que ser veloz
Registro feito no Pantanal mostra como é difícil a cópula no Pantanal
É preciso muito mais do que amor no reino animal. Um registro, no mínimo curioso, feito na Fazenda Caiman, no Pantanal de Miranda, mostra quatro tatus-pebas correndo em uma disputa acirrada. Enquanto um casal de tatus copula, outros dois indivíduos tentam impedir o ato. A situação caótica até parece um grande ringue de carrinhos de bate-bate.
RESUMO
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Tatus-pebas protagonizam corrida frenética por acasalamento no Pantanal. A bióloga Nina Attias explica que o sistema reprodutivo promíscuo da espécie gera disputas entre machos quando a fêmea entra no cio, emitindo sinais químicos que atraem diversos pretendentes. A visão ruim dos tatus faz com que o olfato guie a corrida, apelidada de "rally dos tatus". Vencer a maratona exige velocidade e força. O vídeo registrado na Fazenda Caiman mostra a fêmea copulando com o vencedor enquanto outros machos tentam interferir. Apesar do pênis avantajado dos machos, que pode chegar à metade do tamanho do corpo, a bióloga destaca que o tamanho não é o único fator determinante para o sucesso reprodutivo. A especialista recomenda que observadores respeitem o comportamento natural dos animais sem interferir.
De acordo com a bióloga Nina Attias, especialista em tatus, tudo tem lógica e instinto. “É um frenesi”, resume. “Eles são solitários no dia a dia, mas, quando uma fêmea entra no cio, vira uma loucura.”
Segundo a pesquisadora, o sistema reprodutivo do tatu-peba é promíscuo. Isso quer dizer que os machos podem copular com várias fêmeas — e vice-versa. Quando uma fêmea entra no cio, ela envia sinais químicos muito potentes.
“É como se ela dissesse para todos os machos da região: ‘Estou pronta’”, explica Nina. Como os tatus têm visão ruim, é o olfato que guia o caminho da paixão. E a mensagem é recebida. “Já registramos até 14 tatus correndo atrás de uma mesma fêmea. É uma verdadeira corrida, por isso chamamos de rally dos tatus. Ela foge, e os machos correm atrás. No fim, ela escolhe: o mais rápido e o mais forte.”
O vídeo que motivou a entrevista mostra o desfecho dessa maratona. Apenas um macho foi escolhido e copula com a fêmea, enquanto outros dois tentam atrapalhar. “Depois que ela escolhe, os outros tentam impedir. Mas ela pode até entrar na toca com o macho escolhido e tapar a entrada, para evitar que os outros atrapalhem.”
Até o momento, a ciência ainda não identificou uma sazonalidade clara para o acasalamento dos tatus. “Não dá para dizer que há uma época certa”, afirma Nina. A gestação dura cerca de dois meses, e nascem, em geral, um ou dois filhotes por vez.
Detalhe não tão pequeno – Além da força e da velocidade, outro fator chama atenção: a anatomia. Os tatus-machos têm um dos maiores pênis proporcionais ao corpo entre os mamíferos.
Em um tatu-peba, que mede entre 30 e 45 cm, o pênis pode ter de 14 a 18 cm — praticamente metade do tamanho do animal. Mas, como reforça a bióloga, isso por si só não garante o sucesso. “Não basta ter o maior pênis. Ele precisa ser o mais veloz e o mais forte.”
Para quem tem a sorte de ver a cena ao vivo, o recado de Nina é claro: não intervenha. “É um comportamento natural. Eles sabem o que estão fazendo. É só observar, respeitar e deixar que se resolvam.”
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