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Meio Ambiente

Pousadas hospedam brigadistas como voluntárias na luta contra fogo no Pantanal

Locais oferecem comida, quartos e espaço para profissionais se organizarem para o combate

Por Natália Olliver | 17/11/2023 12:47
Equipe arruma equipamentos para combate ao fogo em pousada (Foto: Marco Corrêa)
Equipe arruma equipamentos para combate ao fogo em pousada (Foto: Marco Corrêa)

Para enfrentar o fogo que se alastra pelo Pantanal, brigadistas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul recebem abrigo em pousadas espalhadas pela região. Os locais contribuem, de forma voluntária, com comida, quartos e espaço para que os profissionais se organizem para combater os incêndios.

Do lado de Mato Grosso, município pantaneiro de Poconé-Porto Jofre, eles se revezaram em equipes e se espalham pelas quatro pousadas e dois hotéis disponíveis. Apenas em uma das pousadas 60 brigadistas estão alojados.

O lugar é um dos mais atingido no bioma e está próximo ao Parque Estadual Encontro das Águas, que teve 201 focos em 24h. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Apenas de quinta para sexta-feira foram 23 novos focos.

Brigadistas do Alto Pantanal (Serra do Amolar), lado sul-mato-grossense, também atuam para impedir que as chamas se alastrem no bioma, atuando na divisa entre os estados. O objetivo além de impedir que o fogo chegue é a prevenção. São seis brigadistas ao todo, eles estão na região desde o dia 7 de novembro.

De acordo com o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), a brigada está alojada no sítio Serra Negra, há cerca de seis horas de barco do Rio Paraguai, a partir de Corumbá, mas atuam durante todo o ano de maneira preventiva.

Ao Campo Grande News, Marco Corrêa, de 48 anos, gerente da Pousada Hotel Rosa Pantanal, em Porto Jofre (Mato Grosso), explicou que quase 60 brigadistas estão alojados na pousada. Para ele, a situação é grave e está mais intensa que no ano de 2020, quando o bioma também foi prejudicado pelos incêndios.

“Estamos dando suporte para eles em apartamentos aqui. Eles vão trocando de turno, são vários focos de incêndio na região. Tem um do lado do hotel, tem um na parte do fundo, tem equipes no Parque Nacional. A aeronave vai levando e descendo no local. Ao menos em torno das pousadas estão sob controle. Apagar não consegue, é muito fogo, não tem como apagar. Estamos contando com a chuva”, disse.

Brigada abrange pilotos e equipes terrestres no Porto Jofre - MT (Foto: Marco Corrêa)
Brigada abrange pilotos e equipes terrestres no Porto Jofre - MT (Foto: Marco Corrêa)

Em 2020, os brigadistas também ficaram no local, porém em menor quantidade e menos equipamentos. “Eu acho esta na mesma proporção, porém esse aqui achei mais agressivo porque chegou nas pousadas. Temos vizinho em outra pousada que fogo chegou nas paredes dos quartos. Dessa vez tem mais brigadistas, mais equipamento, mais caminhão, mas ainda não é o suficiente”.

O fogo chegou atrasado este ano e pegou o gerente de 'surpresa'. “Achei que não ia ter incêndio este ano mais, porque estamos em novembro, a chuva era pra ter chegado, chuva retardou e aconteceu isso”.

Bruno Ceolin, de 41 anos, é proprietário da pousada. Além do Corpo de Bombeiros, o local também abriga equipes do ImcBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

“Isso acaba sendo importante, pois evita que o fogo chegue na nossa propriedade. Foi assim em 2020, lá serviu como base. Este ano teve um aumento maior. O único ponto que teve menos foi menos aviões. Ano passado, usaram aviões agrícolas, este ano não porque já começou o plantio e está escasso.”

Ceder o espaço aos brigadistas para Bruno é como uma obrigação. Deixa o descanso menos penoso do que seria em barracas e acampamentos. “Imagina se fossem e não tivessem onde ficar, em acompanhamento, seria muito mais difícil, então dessa forma acaba ajudando como podem com infraestrutura e alimentação e tem o benefício deles atuarem mais rápido”.

Brigadistas que atuam durante todo ano no Pantanal, Serra do Amolar (Fotos: Sauá Films)
Brigadistas que atuam durante todo ano no Pantanal, Serra do Amolar (Fotos: Sauá Films)

A família também tem uma fazenda próxima à pousada, às margens do Rio São Lourenço. O local está com 80% da vegetação queimada. Ao todo, são 10 mil hectares, que serviam como RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural).

“Fogo ultrapassou a barreira. A última parcial foi de 80%. A experiência que tivemos em 2020 é que vimos o Pantanal renascer muito rápido, o problema maior é as árvores e animais. Tem um trabalho de resgate de animais. Este ano, não temos tanta notícia de animais afetos ainda como foi em 2020. Fogo se alastrou mesmo faz uns dois dias. Pode ser que as notícias cheguem em breve.”

Brigadistas combatendo incêndio no Pantanal (Foto: Bruno Ceolin)
Brigadistas combatendo incêndio no Pantanal (Foto: Bruno Ceolin)

MS - De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Miranda, município a 208 quilômetros de Campo Grande, a cidade é a segunda com maior focos de incêndios no bioma. De quinta-feira (16) para sexta-feira (17), o município teve mais 19 focos de queimadas. Do dia 1º ao dia 17 novembro, foram 130 focos de queimadas. Conforme os dados do programa BD Queimadas, o fogo está em 70 pontos de Miranda.

Já em Corumbá, cidade a 428 quilômetros de Campo Grande, registrou 140 focos de incêndio florestal no Pantanal sul-mato-grossense. O BD queimadas apontou outros 57 focos em Corumbá e 18 na cidade de Aquidauana.

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