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Meio Ambiente

Após devassa contra crimes no Pantanal, promotor acredita em mudança de cultura

Combate ao desmatamento e aos incêndios florestais deve migrar da lógica punitiva para a da prevenção

Por Gabriela Couto | 15/06/2025 11:25
Após devassa contra crimes no Pantanal, promotor acredita em mudança de cultura
Promotor de Justiça, Luciano Loubet, detalha números após investigação de autoria de incêndios no Pantanal (Foto: Gabriela Couto)

Durante o seminário A Justiça e os Desafios Socioambientais contemporâneos, realizado em Campo Grande, o promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet, presidente da Abrampa (Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente), palestrou sobre as “Mudanças Climáticas e a Atuação do MPMS”.

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) intensifica ações de combate a crimes ambientais no Pantanal, com foco na prevenção. Durante seminário sobre desafios socioambientais, o promotor Luciano Loubet, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), destacou a mudança de foco da punição para a fiscalização, visando coibir incêndios florestais e desmatamento ilegal. O MPMS orientou grandes proprietários reincidentes em queimadas e montou força-tarefa com órgãos ambientais para atuar em focos de incêndio. Dados do programa DNA Ambiental revelam mais de 71 mil hectares de desmatamento ilegal no estado entre 2016 e 2024. No Pantanal, foram 3.946 hectares desmatados ilegalmente em 2023, resultando em inquéritos, termos de ajustamento de conduta e multas superiores a R$ 41 milhões. O promotor defende a proibição de novos desmatamentos no bioma e a remuneração de áreas preservadas. A rastreabilidade de produtos e a pressão do mercado internacional por práticas sustentáveis são apontadas como fatores importantes no combate aos crimes ambientais. Apesar dos desafios, houve redução de 58,6% no desmatamento no Pantanal entre 2023 e 2024.

Para Loubet, o combate ao desmatamento e aos incêndios florestais deve migrar da lógica punitiva para a da prevenção. "Precisamos criar a cultura da fiscalização e não da punição. Nosso compromisso com a sociedade é não permitir que ocorram mais incêndios florestais", afirmou. O debate foi realizado no dia 12.

Ele revelou que o MPMS já orientou 30 dos maiores proprietários reincidentes em queimadas e que uma força-tarefa composta por PMA, Imasul e Polícia Civil está pronta para atuar nos pontos de ignição logo após as queimadas.

A atuação do MPMS se apoia em dados robustos: o programa DNA Ambiental, entre 2016 e 2024, detectou mais de 71 mil hectares de desmatamento ilegal em Mato Grosso do Sul, o equivalente a quase 20% dos 354 mil hectares analisados.

Após devassa contra crimes no Pantanal, promotor acredita em mudança de cultura
Luciano Loubet explica dados de desmatamento no bioma (Foto: Gabriela Couto)

No Pantanal, em 2023, foram mais de 3.946 hectares de desmatamento ilegal. A resposta institucional resultou em 1.146 inquéritos civis, 531 termos de ajustamento de conduta (TACs) e multas que ultrapassam R$ 41 milhões.

Ainda segundo o promotor, não cabe mais autorizar desmatamentos. "No Pantanal ocorrem pequenos desmatamentos ilegais. Uma temática que não cabe na minha cabeça é a autorização de desmatamento. A essa altura do campeonato não dá mais para permitir isso. Precisamos remunerar as áreas como ativo ambiental."

Luciano Loubet também defendeu a valorização econômica da preservação. “A solução passa por tecnologia, pela ideia de que o meio ambiente tem que dar dinheiro e pela exigência do mercado internacional quando faz a rastreabilidade do produto. Eles não aceitam mais algo proveniente de crimes ambientais”, alertou.

Após devassa contra crimes no Pantanal, promotor acredita em mudança de cultura
Conversão de emissões de gases do efeito estufa em toneladas de carbono (Foto: Gabriela Couto)

A lógica do mercado é reforçada por regulamentações internacionais, como o Regulamento da União Europeia (UE) 2023/1115, que proíbe a importação de produtos vinculados ao desmatamento ilegal.

Os números apresentados reforçam o impacto ambiental: o desmatamento legal emitiu 15,9 milhões de toneladas de CO₂, enquanto o ilegal emitiu 4,2 milhões de toneladas, equivalentes a quase 1 milhão de caminhões rodando 100 km por dia por um ano.

Apesar dos desafios, há avanços. Segundo dados do programa DNA Ambiental, o desmatamento no Pantanal caiu de 41.533 hectares em 2023 para 10.698 hectares em 2024, uma redução de 58,6%, a maior registrada no Brasil no período, conforme dados do MapBiomas.

A palestra também abordou a importância do mercado de carbono e da reciclagem como instrumentos de justiça ambiental. Loubet lembrou que “o clima estável é um direito fundamental”, conforme já reconhecido por juristas e pela própria Política Nacional sobre Mudanças Climáticas (Lei 12.187/2009), e que a atuação do MPMS deve contribuir para proteger esse bem comum.

Após devassa contra crimes no Pantanal, promotor acredita em mudança de cultura
Reprodução da página Pantanal em Alerta utilizada pelo MPMS e Corpo de Bombeiros para localizar focos de calor por CAR (Cadastro Ambiental Rural) (Foto: Ilustração)

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