Tatu-canastra passa 12 noites sem sair da toca e revela comportamento inédito
Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) registra, pela 1ª vez, reclusão tão longa da espécie
O maior tatu do mundo, o tatu-canastra (Priodontes maximus), surpreendeu pesquisadores de Mato Grosso do Sul ao permanecer 12 noites consecutivas dentro da mesma toca, no Pantanal, sem qualquer sinal de atividade ou saídas alternativas. O registro inédito foi feito pelo Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), por meio de armadilhas fotográficas, durante o monitoramento de longo prazo coordenado pelo biólogo Gabriel Massocato, líder do Projeto Tatu-Canastra.
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Pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres registraram comportamento inédito de um tatu-canastra no Pantanal. O animal permaneceu 12 noites consecutivas dentro da mesma toca, sem apresentar qualquer sinal de atividade ou saídas alternativas. O maior tatu do mundo, que pode medir até 1,5 metro e pesar 50 quilos, nunca havia demonstrado período tão longo de inatividade total em 15 anos de monitoramento. Os cientistas acreditam que este comportamento esteja relacionado à economia de energia e regulação da temperatura corporal, especialmente em dias frios.
Medindo até 1,5 metro e chegando a pesar 50 quilos, o tatu-canastra, segundo o Icas, é um dos animais mais enigmáticos da fauna brasileira. De hábitos noturnos e solitários, vive em baixa densidade populacional, alimenta-se principalmente de formigas e cupins, apresenta metabolismo lento e temperatura corporal mais baixa que a de outros mamíferos.
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No Pantanal, escava tocas profundas, em média com quatro metros de extensão, sob áreas florestadas, especialmente em murundus, regiões elevadas associadas a cupinzeiros e árvores do Cerrado. Esses abrigos ajudam o animal a conservar energia e a se proteger de predadores e de variações térmicas.
Comportamento inédito
De acordo com Gabriel Massocato, em 15 anos de acompanhamento de dezenas de indivíduos da espécie, a equipe nunca havia observado um período tão longo de inatividade total. O pesquisador lembra que, em outras regiões da Amazônia, já foram registrados tatus-canastra permanecendo de 17 a 30 dias nas tocas, mas sempre com sinais de movimento interno ou pequenas saídas.
No caso do Pantanal, o animal passou 12 noites seguidas completamente recluso, sem qualquer movimento identificado pelos equipamentos. O feito foi descrito em artigo científico na edição atual da revista internacional Xenarthra, publicada pelo Grupo de Especialistas em Tamanduás, Preguiças e Tatus.

Os cientistas avaliam que o comportamento pode estar relacionado à economia de energia e à regulação da temperatura corporal, principalmente em dias frios. A descoberta abre novas perguntas sobre as estratégias fisiológicas e ecológicas da espécie.
A próxima fase do estudo deve investigar aspectos como metabolismo e temperatura corporal, reforçando o tatu-canastra como modelo de adaptação climática entre os grandes mamíferos tropicais.
O estudo completo está disponível no site da revista Xenarthra.
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