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Meio Ambiente

Projeto inédito vai mapear população de onças-pintadas na Serra do Amolar

Pesquisa usará armadilhas fotográficas e IA para estimar densidade do maior felino das Américas

Por Inara Silva | 16/12/2025 16:02
Projeto inédito vai mapear população de onças-pintadas na Serra do Amolar
Onça-pintada na Serra do Amolar, no Pantanal de MS (Foto: Flavio Grana/Divulgação)

A onça-pintada, um dos animais mais admirados e simbólicos do Pantanal sul-mato-grossense, será o foco de um projeto inédito de pesquisa e monitoramento ambiental na Serra do Amolar, em Corumbá. A iniciativa é do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) e quer detalhar o perfil populacional da espécie, estimando a abundância e a densidade das onças em uma das áreas mais preservadas do bioma.

RESUMO

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Um projeto inédito liderado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) vai mapear a população de onças-pintadas na Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A iniciativa, que começa em 2026 e durará 12 meses, utilizará 40 armadilhas fotográficas para estimar a abundância e densidade desses felinos, além de monitorar padrões comportamentais e interações com comunidades locais. O estudo também incorporará percepções sociais sobre a presença da espécie, visando reduzir conflitos e promover a coexistência. A pesquisa, alinhada à Década da Restauração dos Ecossistemas da ONU, envolve uma equipe multidisciplinar e contará com inteligência artificial para análise de dados. Os resultados poderão subsidiar políticas públicas, como o Plano de Ação Nacional dos Grandes Felinos, e estratégias de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O objetivo é garantir a conservação da onça-pintada, espécie símbolo da biodiversidade brasileira, em parceria com as comunidades locais.

Além de identificar os felinos, os dados permitirão compreender padrões de comportamento e garantir o monitoramento ambiental contínuo da área. Paralelamente, o projeto vai incorporar informações sociais, considerando as percepções locais sobre a presença da onça-pintada.

De acordo com o coordenador técnico do Núcleo de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do IHP, Wener Hugo Moreno, o estudo tem papel estratégico tanto para a conservação quanto para a qualidade de vida das comunidades locais.

Estudo - A pesquisa, que tem início previsto para 2026 e duração de até 12 meses, foi aprovada pelo Fundo Luz Alliance, gerido pela BrazilFoundation, e está alinhada à convocação da Década da Restauração dos Ecossistemas, lançada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Para executar o trabalho, foram adquiridas 40 armadilhas fotográficas por meio de parceria com a LogNature, e a expectativa é gerar mais de 120 mil imagens da fauna pantaneira. O monitoramento será realizado em duas frentes: instalar um grid de câmeras ao longo da Serra do Amolar e realizar uma etapa voltada à escuta e ao envolvimento direto das comunidades que vivem na região.

Todo o material será catalogado com apoio de IA (Inteligência Artificial) e analisado pela equipe técnica do Instituto. O levantamento exigirá longos deslocamentos, que podem ultrapassar 400 quilômetros pelo Rio Paraguai.

Projeto inédito vai mapear população de onças-pintadas na Serra do Amolar
Serra do Amolar, uma das áreas mais preservadas do Pantanal (Foto: Flavio Grana/Divulgação)

Políticas públicas - Considerada espécie guarda-chuva da conservação e símbolo nacional da biodiversidade, a onça-pintada será monitorada com técnicas específicas de análise populacional e estratégias de coexistência humano-onça. Os resultados devem ajudar a reduzir conflitos, especialmente a predação de animais domésticos, além de orientar ações que diminuam a tensão entre moradores e o felino.

O projeto envolve uma equipe multidisciplinar formada por biólogos, médicos-veterinários, brigadistas ambientais, assistente social, auxiliares de reserva e piloteiros que atuam pelo IHP.

As informações científicas geradas também poderão subsidiar futuras estratégias de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) e a criação de créditos de biodiversidade, dentro da iniciativa Jaguar Stewardship in the Pantanal Conservation Network. A proposta é garantir a continuidade das ações de monitoramento e conservação da espécie, em parceria com as comunidades locais.

Os dados ainda poderão contribuir com políticas públicas nacionais, como o Plano de Ação Nacional dos Grandes Felinos,  coordenado pelo Cenap/ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que está em fase de construção para o ciclo 2025–2030. O IHP integra esse grupo de trabalho.