ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 27º

Meio Ambiente

Vistoria quer saber se empresa que “assegurou” Brumadinho também fiscaliza MS

Força-tarefa coordenada pelo Imasul foi organizada depois do rompimento de uma das barragens da Vale em Brumadinho (MG). Um dos objetivos é saber como o plano de gerenciamento de risco é aplicado em Corumbá

Izabela Sanchez e Aline dos Santos | 28/01/2019 12:35
Exploração de minério no maciço do urucum, em Corumbá (Leandro Grandi/Revista Mineração Sustentabilidade)
Exploração de minério no maciço do urucum, em Corumbá (Leandro Grandi/Revista Mineração Sustentabilidade)

O rompimento de uma das barragens da mineradora Vale, na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), na sexta-feira (25), arrastou um mar de lama por 46 km até o Rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco. A tragédia, que já deixa ao menos 60 mortos, causou alarme em Mato Grosso do Sul, que abriga barragens de minério de ferro e manganês, localizadas nas jazidas dos morros de santa cruz e urucum, em Corumbá, a 419 km de Campo Grande.

Apesar de declarar ausência de responsabilidade na fiscalização das 16 barragens – 15 pertencentes à Vale e uma à MMX - o governo do estado, por meio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) organizou uma força-tarefa que vai percorrer as barragens durante três dias, a partir de quarta-feira (30).

Um dos objetivos, segundo o presidente do Instituto, Ricardo Eboli Gonçalves Ferreira, é saber se a empresa alemã TUV SUD, contratada pela Vale para auditar a barragem de Brumadinho, é a mesma que audita as barragens em Corumbá.

Em entrevista a agência de notícias Reuters, a empresa alemã declarou ter fiscalizado a barragem de rejeitos de Brumadinho em setembro e concluiu que ela estava operando bem. “Era uma barragem monitorada, com inspeções periódicas previstas na legislação e de repente acontece isso”, comentou o presidente do Imasul.

“Iremos nas barragens na quarta, quinta e sexta-feira, para vistoriar um total de 16 barragens de duas mineradoras, as quais tem diferentes potenciais de risco, fiscalizar aspectos ambientais, estruturais, gerenciamento de risco e plano emergencial na situação de rompimento”, declarou.

Ricardo Eboli, presidente do Imasul durante entrevista nesta segunda-feira (28) (Foto: Marina Pacheco)
Ricardo Eboli, presidente do Imasul durante entrevista nesta segunda-feira (28) (Foto: Marina Pacheco)

Força-tarefa – A equipe de fiscalização organizada pelo Imasul terá representantes da ANM (Agência Nacional de Mineração), do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e CREA-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Mato Grosso do Sul).

Conforme o presidente do Instituto, a fiscalização será realizada “nos mesmos moldes” adotados em 2015, quando as barragens foram monitoradas após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Sobre essa inspeção realizada em 2015, o presidente ainda declarou que “não encontrou problemas”. “Graças a deus com o passar dos anos deu para ver que está tudo de acordo”, afirmou.

A equipe também quer saber como o plano de gerenciamento de risco – para emergências – está sendo aplicado. Segundo Ricardo, o grupo vai verificar se há condições de atendimento em caso de acidente. Detalhes desse atendimento serão checados pela defesa civil e corpo de bombeiros. Além disso, engenheiros do CREA vão analisar a estrutura das 16 barragens.

Governo não é responsável pela fiscalização – O presidente comentou que o licenciamento dos empreendimentos fica a cargo do Ibama, que também é responsável por monitorar as barragens, além de realizar fiscalizações periódicas junto com a ANM.

Ainda assim, declarou, em casos de emergência, o “estado encabeça”. Ricardo afirma que se a força-tarefa encontrar qualquer problema, será analisado qual órgão pode aplicar penalidade – Imasul ou Ibama - . Se houver “preocupação mais séria”, comentou, o estado pode criar normas mais rígidas para a regulamentação das barragens.

O presidente ainda disse que a manutenção “é responsabilidade do empreendedor que assume o risco do empreendimento”. “É impossível o estado estar fiscalizando a todo o momento”, declarou, ao fazer uma analogia com um prédio de 15 andares: “a construtora recebe a licença, mas é ela que tem que cuidar da parte hidráulica e estrutural”, comentou.

Nos siga no Google Notícias