Gatos modelos conquistam estudantes e posam em busca de um lar seguro

Nos corredores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, quem dita o ritmo das passadas não são só os alunos atrasados para a aula. São os gatos. Eles dormem no meio do caminho, se espreguiçam nas rampas, desfilam entre carteiras e, quando o sol aparece, se jogam nos pátios como se o campus inteiro fosse deles e, de certa forma, é.

Cada um tem sua marca registrada. O de olhos azuis que posa na porta da biblioteca parece saber o ângulo certo da luz da tarde. O tigrado que se estica perto dos bancos do corredor virou figurinha carimbada nos stories dos estudantes. Tem também o preto e branco que boceja como se modelasse para uma campanha de luxo, e o siamês falante, que mia em tom de protesto sempre que o lanche chega atrasado.

As fotos, antes só brincadeira, viraram um movimento. Cada clique publicado nas redes sociais se transforma em chance de adoção. E, sem perceber, os alunos criaram uma passarela digital onde cada gato é um influencer à sua maneira com direito a curtidas, fãs e, às vezes, um novo lar.

Esses felinos são cuidados pelo Proteção Felina, projeto que tenta equilibrar amor e responsabilidade em um espaço que virou abrigo improvisado. São cerca de 150 gatos espalhados pela UFMS, vivendo entre o afeto diário dos estudantes e o abandono silencioso de quem os deixou ali.

Desde 2014, o projeto mantém um programa contínuo de castração, tentando frear o aumento da população. Mas, como explica Luana Martins, voluntária e responsável pelas adoções, “a cada gato que encontramos um lar, outro é deixado no portão”. Ainda assim, o trabalho segue: castração, alimentação, remédios, carinho e, acima de tudo, esperança.

“Eles têm o amor dos alunos, mas não têm um lar. Nos fins de semana, quando chove ou faz frio, ficam totalmente expostos”, conta Luana. Por isso, o foco é a adoção responsável, com critérios rígidos.

Só adota quem oferece segurança: telas nas janelas, casa fechada e disposição para um compromisso de verdade. “Não é pegar um gato. É assumir uma vida. Nosso objetivo é tirá-los da vulnerabilidade, não devolvê-los pra ela”, diz.

E há outro motivo urgente: abandonar animais é crime, previsto na Lei Federal nº 9.605/98, com pena de até cinco anos de prisão, multa e proibição de guarda.

Os “modelos do campus” não precisam de passaporte para brilhar, só de alguém disposto a abrir espaço no sofá e no coração.

Quem quiser adotar pode entrar em contato com Luana Martins pelo WhatsApp (67) 99155-2525.

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