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Pouco falada, doação de sangue entre pets é segura e pode ajudar outras vidas

Prática existe em MS há mais de 10 anos, mas muitos ainda não sabem que cães e gatos podem ser doadores

Por Jéssica Fernandes | 28/06/2025 08:32
Pouco falada, doação de sangue entre pets é segura e pode ajudar outras vidas
Amanda Marchini e Jorge Alex, do CHV, com cachorro doador de sangue. (Foto: Arquivo pessoal)

A doação de sangue entre animais é uma prática que existe há mais de 10 anos em Mato Grosso do Sul, mas ainda assim muitos tutores não sabem que seus gatos e cachorros podem se tornar doadores. A prática, que não traz nenhum malefício para os animais, pode contribuir com o tratamento de outros quando uma ou mais bolsas de sangue se fazem necessárias.

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A doação de sangue entre animais é uma prática estabelecida há mais de uma década em Mato Grosso do Sul, realizada pelo Centro de Hematologia Veterinária (CHV) de Campo Grande. O procedimento atende cães e gatos, que precisam atender a critérios específicos como idade entre 1 e 8 anos, peso mínimo e estar com vacinas em dia. O processo é gratuito e difere entre as espécies: cães podem doar em casa e sem sedação, enquanto gatos necessitam ser sedados e doar no centro. O CHV conta atualmente com cerca de 150 doadores caninos e 40 felinos. Embora não seja uma solução definitiva para todos os casos, a transfusão auxilia significativamente no tratamento de diversos animais.

Em Campo Grande, o CHV (Centro de Hematologia Veterinária) é um banco de sangue voltado para o fornecimento de hemocomponentes para animais domésticos, tanto felinos quanto caninos. Sócia-proprietária do CHV, Amanda Marchini Coelho conversou com o Campo Grande News para explicar como funciona o trabalho, os critérios da doação de sangue, as diferenças quando aplicadas a espécies diferentes e outras questões.

De início, a médica veterinária explica que, embora existam muitas divulgações sobre a doação de sangue animal, normalmente os tutores chegam ao centro por dois caminhos. “As pessoas chegam no CHV, o banco de sangue, ou pela dor ou por amor. Ou porque querem ajudar de alguma forma ou porque o animal já está doente, precisando de transfusão”, comenta.

Pouco falada, doação de sangue entre pets é segura e pode ajudar outras vidas
Cachorro da raça spitz japonês com bolsa de sangue coletada. (Foto: Arquivo pessoal)

Como é o animal, o tutor responsável por ele, onde ele mora e outras particularidades antecedem a doação. O pré-cadastro é o momento em que a equipe avalia se o possível doador atende aos pré-requisitos. Alguns deles são:

  • Ter entre 1 e 8 anos de vida

  • Cães com peso igual ou acima de 25 kg

  • Gatos com peso igual ou acima de 4 kg

  • Gatos não podem ter acesso à rua

  • Ideal que cães gostem de contato com pessoas

  • Estar em dia com antiparasitários, vermífugos e vacinas

  • Não ter leishmaniose

  • Não ter câncer

  • Não estar no cio, prenha ou amamentando

Pouco falada, doação de sangue entre pets é segura e pode ajudar outras vidas
A coleta de sangue, no caso dos cachorros, é feita na casa do tutor. (Foto: Arquivo pessoal)

Cumprindo esses pré-requisitos e se os demais exames são favoráveis, a equipe se desloca até a residência para uma avaliação antes do momento crucial, mas esse serviço a domicílio é feito apenas no caso dos cães. “Nós verificamos se tem lesão na pele, se ele está hidratado, se a mucosa está corada, se a frequência respiratória está boa”, explica.

Essas etapas também são necessárias quando o doador é um gato, mas, por conta das particularidades da coleta nos felinos, como veia e volume, o protocolo não ocorre na casa do animal. “No caso do gato, diferente do cão, o felino necessariamente precisa ser sedado, então a coleta é feita no CHV”, detalha.

Outro ponto importante destacado pela veterinária é que, no caso dos cães, que não são sedados para o procedimento, eles precisam se sentir bem durante a coleta. “A doação de sangue tem que ser algo prazeroso, algo que ele não vá se assustar, porque a ideia não é essa. A ideia é que, se ele vai doar durante sete anos, que sejam bons sete anos”, afirma.

Em relação aos cuidados pós-coleta, são praticamente nulos, sem reações tanto em cães quanto em gatos. “No pós-coleta, no caso dos cães, o que notamos é o aumento no consumo de água. É fisiológico, mas é a única coisa que percebemos”, completa.

Atualmente, o CHV conta com uma média de 150 doadores caninos e entre 30 a 40 doadores felinos. A doação de sangue é gratuita, e o tutor não tem custos durante o processo, seja no pré ou no pós-coleta.

Relativamente nova na medicina veterinária, a doação de sangue ainda gera muitos questionamentos por parte dos tutores. Um dos mais comuns é acreditar que a transfusão de sangue salvará o animal de qualquer diagnóstico.

“Tem muita gente que deposita na transfusão um valor muito exagerado. A transfusão não é algo que vai, necessariamente, salvar ou matar o seu animal. Ela acaba sendo um auxílio. As pessoas não se atentam a esse detalhe, que não é um detalhe, é o ciclo de vida deles”, pontua.

Mesmo assim, como a própria veterinária já esclareceu, a doação de sangue continua sendo importante, pois é capaz de ajudar outros animais, outras vidas. E, para quem doa, não traz nenhum tipo de malefício.

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