Enquanto educação sexual é vetada, chove adulto que não se previne
No podcast EPI Mania, médico infectologista aborda dificuldades do sistema de tratamento e prevenção de ISTs
Apesar dos avanços na prevenção e no tratamento, o estigma e a vergonha continuam sendo barreiras para que muitas pessoas busquem os serviços de saúde direcionados às ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Convidado do podcast EPI Mani desta semana, o médico infectologista Roberto Braz, do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento de Campo Grande, reforçou que a informação correta e acesso sem preconceitos são fundamentais para reduzir casos e assegurar saúde e qualidade de vida.
RESUMO
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Infectologista alerta para aumento de ISTs e defende educação sexual. O médico Roberto Braz, do Centro de Testagem e Aconselhamento de Campo Grande, destaca a importância da prevenção e do acesso à informação sobre infecções sexualmente transmissíveis. O especialista ressalta que o medo e a vergonha ainda impedem muitas pessoas de procurarem atendimento médico, mesmo com tratamento eficaz e disponível pelo SUS. Sífilis é a IST mais comum em Campo Grande e no Brasil, segundo Braz. Ele defende a educação sexual desde a adolescência como forma de conscientização e prevenção, combatendo o estigma associado ao tema. O médico reforça que casamento não previne ISTs e incentiva os testes regulares para pessoas sexualmente ativas. Testes rápidos, preservativos, lubrificantes e medicamentos como PrEP e PEP estão disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde.
“Muitas pessoas chegam ao CTA encolhidas, de cabeça baixa, como se estivessem fazendo algo errado. Quando, na verdade, deveriam se orgulhar de estar cuidando da saúde”, afirma o especialista.
Ele lembra que já houve casos de pacientes que desistiram do atendimento por medo de serem vistos. “Já teve paciente que deixou o documento para trás e foi embora porque encontrou alguém conhecido na recepção. Infelizmente, na nossa região, tudo que envolva a atividade sexual ainda é considerado um tabu e isso é um grande obstáculo”, avalia.
Braz reforça que qualquer pessoa com vida sexual ativa deve fazer os exames pelo menos uma vez por ano, mesmo as que estão em um relacionamento. “Casamento não é método de prevenção. Já atendemos muitos casos de pessoas em relacionamentos estáveis que descobriram uma IST”, alerta.
Educação sexual desde cedo - Em todo o setor de saúde é consenso que a conscientização deve começar ainda na adolescência, no entanto, o tema frequentemente enfrenta resistência” “É muito difícil acessar as escolas, por exemplo, porque alguns pais e até profissionais da educação acham que vamos ensinar os filhos a fazer sexo. Na verdade, o que fazemos é levar informação para que eles saibam se proteger quando chegar o momento”, explica.
“Muita gente acha que falar sobre prevenção incentiva o início da vida sexual, mas é o contrário. A informação correta dá responsabilidade e ajuda a evitar comportamentos de risco”, avalia o médico.
Segundo o infectologista, a sífilis é hoje a infecção mais comum em Campo Grande e no Brasil. “Mesmo com tratamento eficaz e disponível, os casos continuam aumentando. Isso mostra que precisamos falar mais sobre prevenção”, destaca.
No CTA e nas unidades básicas de saúde, a população tem acesso a testes rápidos, preservativos, lubrificantes e medicamentos como a PrEP e a PEP, que reduzem o risco de infecção pelo HIV. “Tudo é gratuito pelo SUS. Nosso desafio é fazer com que as pessoas superem o medo e procurem atendimento regularmente”, finaliza Braz.
Confira a entrevista completa do médico no podcast EPI Mania:
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