ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
OUTUBRO, QUARTA  08    CAMPO GRANDE 26º

Política

Assembleia aprova desconto de ICMS mesmo sem saber impacto da renúncia fiscal

Programa permitirá que empresas falidas ou em recuperação judicial renegociem dívidas com descontos de até 95%

Lucia Morel | 08/10/2025 16:45
Assembleia aprova desconto de ICMS mesmo sem saber impacto da renúncia fiscal
Mesa diretora da Alems em sessão plenário e painel de votação ao fundo. (Foto: Wagner Guimarães/Alems)

Aprovado pela maioria dos deputados estaduais em segunda votação, o Recupera-MS passou pela Assembleia Legislativa mesmo sem o texto apresentar o impacto da renúncia fiscal para Mato Grosso do Sul. O projeto que cria o Programa de Recuperação de Empresas foi enviado pelo Poder Executivo,

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul aprovou o projeto Recupera-MS, que permite a empresas em processo de recuperação judicial, liquidação ou falência regularizarem débitos de ICMS com o Estado. O programa oferece condições especiais de pagamento, com descontos progressivos em multas e juros. O projeto prevê quatro modalidades de pagamento, com descontos que variam de 95% a 50%, e prazos de até 180 parcelas. Para aderir, as empresas têm 90 dias após a publicação do regulamento. A medida também contempla a regularização de contribuições ao Fundersul e o restabelecimento de benefícios fiscais suspensos.

De acordo com dados da Jucems (Junta Comercial do Estado), 780 empresas devem ser beneficiadas, mas não há informações sobre o valor total das dívidas nem sobre o quanto o Estado espera arrecadar com a renegociação.

A proposta tem como objetivo permitir que empresas em processo de recuperação judicial, liquidação ou falência regularizem débitos com o Estado em condições especiais de pagamento. Conforme a Jucems, há atualmente 515 empresas falidas e 265 em recuperação judicial em Mato Grosso do Sul.

Mesmo sem a estimativa do impacto financeiro contar no texto original, as comissões de Constituição e Justiça, Obras e Finanças da Casa mantiveram a tramitação do projeto sem ressalvas. A única emenda apresentada foi do deputado João Henrique Catan (PL), que também foi o único a votar contra o texto.

Ele propôs que o governo fosse obrigado a divulgar, 60 dias após o encerramento do programa, o valor total dos débitos e o montante efetivamente arrecadado. A sugestão foi rejeitada em todas as comissões sob a justificativa de que a informação já estaria prevista nos sistemas estaduais.

Assembleia aprova desconto de ICMS mesmo sem saber impacto da renúncia fiscal
Deputado estadual João Henrique Catan (PL) em conversa com o presidente, Gerson Claro (PP). (Foto: Wagner Guimarães/Alems)

Em parecer da Comissão de Obras, o projeto é classificado como “estratégia fiscalmente responsável” e sem caracterizar “renúncia de receita”. O argumento é de que, por envolver empresas falidas ou em recuperação, os créditos são considerados de “difícil recuperação”.
“Com condições de pagamento mais flexíveis, o Estado aumenta a chance de recuperar valores que, de outra forma, não seriam arrecadados. Isso demonstra uma gestão pragmática e eficaz dos recursos públicos”, cita o documento.

Texto final – A versão aprovada é idêntica à enviada pelo Executivo no início de agosto. O programa busca equilibrar dois objetivos: ajudar empresas a superarem a crise e aumentar a arrecadação estadual. A medida abrange dívidas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e da contribuição ao Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de MS).

Segundo a justificativa, o projeto segue os convênios do ICMS firmados com o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). O Recupera-MS oferece quatro modalidades de pagamento, com descontos progressivos em multas e juros: à vista, com redução de 95% das multas e 65% dos juros; parcelamento em até 12 vezes com descontos de 90% e 60%; parcelamento em até 120 vezes com reduções de 80% e 55%; e parcelamento em até 180 vezes com descontos de 70% e 50%.

O valor mínimo das parcelas será de 10 Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência), equivalente a cerca de R$ 520, e o contribuinte poderá quitar antecipadamente o saldo devedor até dezembro de 2026, recebendo os descontos da modalidade à vista.

Regras e condições – As empresas terão 90 dias, contados da publicação do regulamento, para aderir ao programa. A adesão implica reconhecer as dívidas e desistir de ações judiciais ou recursos administrativos relacionados aos débitos. O atraso de três parcelas consecutivas ou de qualquer uma por mais de 60 dias implicará perda automática dos benefícios e retomada integral da cobrança.

O texto também autoriza o governo a reabrir prazos para pagamento de contribuições ao Fundersul, com possibilidade de restabelecer benefícios fiscais suspensos por falta de pagamento. Empresas que quitarem os valores voltarão a ter direito aos incentivos.

Com a aprovação em segunda votação, o projeto segue para sanção do governador e entra em vigor na data da publicação no Diário Oficial do Estado.

A reportagem entrou em contato com o superintendente de Administração Tributária, Bruno Gouvea Bastos, para ter mais informações, mas não houve retorno.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.