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Política

Cabo Almi é sepultado, com homenagens e fala da mãe: Logo eu estou indo'

Deputado ficou 17 dias internado no Hospital da Cassems, e após breve melhora, piorou e morreu

Nyelder Rodrigues e Clayton Neves | 25/05/2021 17:17
Cabo da PM de MS, deputado José Almi foi enterrado sob honrarias militares; amigos e familiares carregaram seu caixão (Foto: Henrique Kawaminami)
Cabo da PM de MS, deputado José Almi foi enterrado sob honrarias militares; amigos e familiares carregaram seu caixão (Foto: Henrique Kawaminami)

O irmão mais velho entre oito se foi. Aos 58 anos, José Almi partiu sob o som de seu último jingle de campanha, em 2018, quando se reelegeu para o terceiro mandato como deputado estadual de Mato Grosso do Sul. No rosto de sua mãe a tristeza, sentimento óbvio para o momento, que se propagou em palavras ao ver o filho ser enterrado.

"A gente queria você aqui, mas Deus também queria você com ele", disse Dona Creuza em homenagem a seu filho, José Almi Pereira Moura, o popular Cabo Almi, conhecido por apesar de sua ascensão política - foi eleito pela primeira vez vereador, no hoje já longínquo 1996 - permanecer morando no mesmo bairro de sempre, a Cohab.

"Meu filho, que Deus te aguarde no trono da glória. Espera eu lá que logo eu estou indo", fechou a Creuza Moura, enquanto via lentamente o caixão do filho descer para o descanso eterno. Ela foi uma de tantas que homenagearam Almi nessa tarde - ele morreu ontem à noite, em decorrência da covid-19.

Citado como homem generoso, bondoso e "rei da família", por sempre procurar resolver problemas e evitar preocupações, Almi também foi homenageado pelo filho. As últimas palavras dele ao pai foram marcados por um eu te amo comovente e o embargo da voz de quem perdeu o seu "paizão", ao menos na vida terrena.

"Um dia nos encontraremos. Obrigado por tudo e vai tranquilo", pediu Flavio Moura ao pai, que momentos antes, também passou por honrarias militares, foi homenageado com música, lembrado por ajudar com seu trabalho a matar a fome de muitos.

Irmão de Almi, Adilson, expressa breve alegria ao falar e relembrar dos momentos felizes que teve com o irmão (Foto: Henrique Kawaminami)
Irmão de Almi, Adilson, expressa breve alegria ao falar e relembrar dos momentos felizes que teve com o irmão (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma missa também foi realizada entre o velório e o enterro. O padre, como de praxe, fez as orações e durante a celebração relembrou a trajetória do deputado, tratando sua partida como um "golpe muito duro e triste". "Ele era um homem temente a Deus e com certeza há um lugar bom reservado a ele".

Infância humilde - "Fomos criados na roça, no serviço braçal", contou a reportagem um dos irmãos de Almi, Adilson Pereira Moura, de 47 anos, ao relembrar a infância humilde que tiveram e tudo o que passaram juntos.

Adilson espera que, apesar da tragédia em perder o irmão mais como perdeu, fique apenas as lembranças boas e sem a imagem dele ali, na urna funerária. "Quero ficar com as lembrar da pessoa maravilhosa que ele era, e não ter gravado essa imagem que vi hoje. Ele vai fazer falta para o povo como um todo", conta.

O irmão de Almi ainda fez questão de destacar a dedicação do irmão ao lidar com os oprimidos e com os que o procuravam, sempre atendendo a todos. "A morte dele ocorreu com a permissão de Deus, então o Pai quis assim", frisa, concluindo que conversou e esteve com o deputado no início do mês, dois dias antes do teste positivo.

Dona Creuza, mãe de Almi, amparada por quem estava próximo enquanto o filho era sepultado (Foto: Henrique Kawaminami)
Dona Creuza, mãe de Almi, amparada por quem estava próximo enquanto o filho era sepultado (Foto: Henrique Kawaminami)

O político - Já o político Cabo Almi, petista desde 1996 e convicto de suas ideias, foi lembrado pelo professor, advogado e amigo Waldir Perius. "O conheci nos anos 90, logo quando ele se elegeu vereador e eu também me elegi, mas em Amambai", conta.

O advogado revela que sua última conversa com o deputado foi justamente pedindo apoio para questões que envolvem o movimento agrário, sendo prontamente atendido, como era recorrente no trabalho parlamentar de Almi.

"Sempre me chamou a atenção a forma serena e correta com a qual ele fez política. Nunca foi um revanchista ou algo do tipo, algo semelhante. A solidariedade sempre foi algo que esteve em evidência em seu trabalho", destaca.

Apoiadora de Cabo Almi com bandeira de sua campanha; eleito vereador em 1996, nunca saiu do PT (Foto: Henrique Kawaminami)
Apoiadora de Cabo Almi com bandeira de sua campanha; eleito vereador em 1996, nunca saiu do PT (Foto: Henrique Kawaminami)

Morte e vida política - Cabo Almi morreu na noite de ontem (24) por complicações da covid-19. Na luta contra a doença, foram 17 dias de internação no Hospital da Cassems. Após apresentar alguma melhora que fez a equipe médica até a pensar em sua extubação, o quadro se tornou gravíssimo e ele não resistiu.

Natural de José Olinda, no interior Paraná, Almi se mudou para Mato Grosso do Sul em 1963, em companhia da família, apenas um ano depois de seu nascimento. Policial militar, começou a trajetória política com a eleição para vereador em 1996, tendo como companheiros de campanha Zeca do PT e Pedro Kemp.

Após três mandatos na Câmara Municipal de Campo Grande, chegou à Assembleia Legislativa em 2011, onde foi reeleito em 2014 e em 2018. Almi foi cogitado para disputar a prefeitura em 2020, mas abriu mão e foi Kemp quem disputou.

Velório e enterro do deputado levou mutidão ao Memorial Park, local onde foi corpo de Almi ficará (Foto: Henrique Kawaminami)
Velório e enterro do deputado levou mutidão ao Memorial Park, local onde foi corpo de Almi ficará (Foto: Henrique Kawaminami)
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