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Política

Ex-motorista do Consórcio relata ônibus sem freio e jornada de até 11 horas

Weslei trabalhou concessionária e diz que saiu por medo de colocar a própria vida e a dos passageiros em risco

Por Kamila Alcântara e Ketlen Gomes | 11/06/2025 14:27
Ex-motorista do Consórcio relata ônibus sem freio e jornada de até 11 horas
Weslei Conrado Moreli, ex-funcionário do Consórcio Guaicurus, prestou depoimento à CPI do Transporte virtualmente (Foto: Osmar Veiga)

Ex-funcionário do Consórcio Guaicurus, Weslei Conrado Moreli prestou depoimento nesta quarta-feira (11) à CPI do Transporte da Câmara Municipal de Campo Grande. Ele trabalhou por dois períodos no sistema, primeiro como manobrista na garagem da Viação Jaguar, depois como motorista da Viação Cidade Morena.

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O ex-motorista Weslei Conrado Moreli depôs à CPI do Transporte de Campo Grande, relatando sérios problemas na frota do Consórcio Guaicurus, como ônibus sem freio, elevadores quebrados e superlotação. Ele destacou jornadas de trabalho de até 11 horas, expondo riscos à saúde e segurança dos passageiros. A CPI investiga o cumprimento do contrato de concessão, revelando que mais de 90 ônibus estão acima da idade limite permitida.

Weslei relatou uma série de problemas estruturais na frota e nas condições de trabalho. “Faltava freio, o painel de velocidade não funcionava, chovia dentro do ônibus. A gente não conseguia saber nem a velocidade que estava na pista”, contou.

Um dos casos mais graves que presenciou foi quando tentou subir uma ladeira da Rua 13 de Julho, antes da Avenida Mato Grosso, bem no Centro, e teve medo de o ônibus voltar de ré, pela falta de potência no motor. “Não sei se era problema de manutenção ou se o veículo já tinha vindo assim para Campo Grande.”

Ele também mencionou elevadores quebrados, lâmpadas queimadas e a superlotação constante nos veículos. “Os passageiros reclamavam muito. A população está pedindo socorro, tem urgência em ver essa situação mudar”, disse.

Tudo registrado - Os problemas nos veículos eram notados nos diários de bordo e comunicados aos superiores, mas Weslei diz que nada era feito.

"Esses veículos eram verdadeiras sucatas. Eu mesmo passei por situação em que chovia dentro do ônibus. A água caía em cima de mim e dos passageiros. São veículos sem condição nenhuma de rodar na cidade, de levar a população com dignidade. É um risco para a saúde, para a vida de todo mundo ali. Mesmo assim, a gente comunicava, registrava no diário de bordo. Mas a empresa nem sempre trocava o veículo", destaca.

Condições trabalhistas - Além da precariedade dos ônibus, Weslei relatou jornadas exaustivas, que chegavam a 11 horas seguidas de trabalho, mesmo com carga horária oficial de 7h20. “Por falta de motorista, a gente não conseguia cumprir só isso. Me pediam para fazer mais viagens, e eu fazia. Tocava direto.”

Na comparação com o novo emprego, fora do sistema de transporte da Capital, ele aponta avanços significativos. “Aqui o foco é o passageiro. Eles ensinam tudo, desde o atendimento até como agir com ciclistas. Fizemos até palestra para sentir como é estar na pele de quem divide a rua com o ônibus.”

Weslei afirmou que quando saiu do Consórcio Guaicurus, ganhava salário base de R$ 2,7 mil e um vale-refeição de R$ 300. No novo emprego, o salário subiu para R$ 3.775, com vale-refeição de R$ 1.144, que deve ser reajustado para mais de R$ 2,2 mil. A jornada atual é de 6h20 por dia.

“Foi por tudo isso que resolvi pedir demissão. A gente acabava adoecendo. E mais grave que isso: colocava a vida dos passageiros em risco.”

A CPI do Transporte foi aberta para apurar o cumprimento do contrato de concessão do transporte coletivo urbano da Capital, operado pelo Consórcio Guaicurus. Mais de 90 ônibus da frota estão acima da idade limite permitida, segundo informações prestadas pela própria empresa à comissão.

Outro lado - Desde o início dos trabalhos da CPI, o Consórcio Guaicurus mantém o posicionamento de não se manifestar sobre o tema à reportagem. A diretoria e proprietários da empresa já foram convocados para prestar esclarecimentos sobre os fatos à Comissão.

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