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Política

Autor de registros históricos, fotógrafo destaca simplicidade de Lúdio

Paula Maciulevicius | 23/03/2011 07:58

Roberto Higa acompanhou Lúdio nos dois mandatos como prefeito de Campo Grande

Última foto oficial de Lúdio Coelho como prefeito de Campo Grande. (Foto: Roberto Higa)
Última foto oficial de Lúdio Coelho como prefeito de Campo Grande. (Foto: Roberto Higa)

No plenário da Câmara Municipal, 108 coroas de flores lembram o carinho por Lùdio Coelho. Amigos, parceiros políticos e campo-grandenses comuns acompanham o velório de um político conhecido pela simplicidade.

Vasculhando fotos e as histórias do fotógrafo Roberto Higa, fica mais em evidência a figura folclórica do ex senador e também ex prefeito de Campo Grande Lúdio Coelho. Higa guarda nas fotos e na lembrança os dois mandatos de Lúdio como prefeito da Capital.

Em uma das fotos mais interessantes, Lúdio aparece sorridente, ao lado do grupo teen Menudo, uma das maiores sensações pop mundiais, antes de show no Ginásio Guanandizão, em 1989.

“Não é só fato dele ser popular. Ele era paizão, tiozão, vozão, e despertava nas pessoas esse sentimento. A população tinha ele como essa figura”, conta Higa.

Onde o ‘seo’ Lúdio chegava, era chamado de tio Lúdio. Não tinha uma relação de autoridade, de prefeito, era ele e o povo, diz o fotógrafo. E antes de começar cada discurso, não podia faltar uma piada e a maioria envolvia a “dona Nirda”. Histórias engraçadas de um político do povo. Lúdio quebrava o protocolo em toda aparição pública.

Segundo Higa, em uma entrega de obra ele disse que só estava ali porque era ‘aquele’ bairro. Que ele tinha deixado a rosquinha da Nirda para estar lá. “É olha que vocês não conhecem a rosquinha da Nirda”, relembra Higa, a fala que ficou popular na boca do ‘seo’ Lúdio.

A maneira simples de tratar as pessoas era uma particularidade do "homem de chapéu". De criança a adulto, não tinha gente que não gostasse de dar um abraço, de pegar na mão, diz Higa.

Dona Nilda e Lúdio. Ela figura conhecida pelas brincadeiras carinhosas nos discursos. (Foto: Roberto Higa)
Dona Nilda e Lúdio. Ela figura conhecida pelas brincadeiras carinhosas nos discursos. (Foto: Roberto Higa)
Simplicidade até mesmo com a visita do papa à Campo Grande. (Foto: Roberto Higa)
Simplicidade até mesmo com a visita do papa à Campo Grande. (Foto: Roberto Higa)
Em 1989, o então prefeito Lúdio Coelho com o grupo Menudo. (Foto: Roberto Higa)
Em 1989, o então prefeito Lúdio Coelho com o grupo Menudo. (Foto: Roberto Higa)

No primeiro mandato, uma ideia passou a acompanhar o tom de simpatia do político. As fotos tiradas por Roberto Higa e a equipe na câmara Polaroid, eram entregues para a população na hora. O famoso ‘carimbinho’ em cada imagem entregue levava a lembrança e um abraço do amigo Lúdio.

Em uma das histórias mais conhecidas daqueles tempos, a da ponte do Aero Rancho, ‘seo’ Lúdio não perdoou. Durante a inauguração, um jornalista perguntou para o então prefeito, qual era a importância da ponte. Ele só respondeu: “ué, a importância é que a água passa por baixo e os carros em cima”, relembra Higa.

O fotojornalista, que acompanhou os dois mandatos de Lúdio Coelho como prefeito, comenta que o jeitão simpático era natural. “Não parecia demagogia. As pessoas queriam alguém para chamar de tio. A simpatia dele conquistava”, completa Higa.

Os projetos de Lúdio tendiam para a saúde. Roberto Higa relata que ele sempre deu muita atenção para a área. Tinha um projeto ‘Saúde nos bairros’, ele levava todo final de semana assistência médica, odontológica e vacinas para as regiões mais carentes. “Ele tinha essa ‘coisa’ com as pessoas carentes”, fala Higa sobre a atenção dada.

Lúdio Coelho com o governador Harry Amorim Costa.
(Foto: Roberto Higa)
Lúdio Coelho com o governador Harry Amorim Costa. (Foto: Roberto Higa)

Como produtor rural, Lúdio desenvolveu importante papel. "Quando se fala em agricultura, pecuária. Tem que lembrar o nome do Lúdio", ressalta o fotógrafo.

O respeito que ele conquistou pode ser observado na última aparição pública. No ano passado, durante visita de José Serra a Campo Grande, Lúdio Coelho, mesmo de bengala o acompanhou. “Você precisava ver a quantidade de gente que corria atrás dele. Querendo abraço, um aperto de mão. A popularidade dele continuava em alta”, relata Higa.

A figura de Lúdio saía do pedestal do que a família Coelho representava, de dono de banco no Estado, a prefeito. “Ele fez o caminho inverso. Atrás você via a humildade. Ele foi alguém que negociava com banqueiros do exterior e depois ia para os bairros. Pensa isso há 20 anos? E Lúdio foi o prefeito que mais mexeu na periferia”, resume.

Ao lembrar de toda trajetória, Roberto Higa acredita que a ausência do ‘seo’ Lúdio não vai ser sentida só pela população. “Ele como foi prefeito, senador, por tudo o que ele representa, vai fazer falta para o País inteiro.

O exemplo de honestidade que ele é, o Brasil precisa de pessoas assim, tipo o ‘seo’ Lúdio Coelho”, finaliza.

Lúdio Coelho em sua última aparição pública e o candidato a presidência, José Serra. (Foto: Roberto Higa)
Lúdio Coelho em sua última aparição pública e o candidato a presidência, José Serra. (Foto: Roberto Higa)
Fotógrafo Roberto Higa, autor de registros que marcam o jeito simples de Lúdio. (Foto: Simão Nogueira)
Fotógrafo Roberto Higa, autor de registros que marcam o jeito simples de Lúdio. (Foto: Simão Nogueira)
  Autor de registros históricos, fotógrafo destaca simplicidade de Lúdio
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