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Política

Internet ganha peso na campanha e motiva até disputas judiciais

Fabiano Arruda | 20/08/2012 14:15
Candidatos a prefeito em Campo Grande marcam território nas redes sociais; aparecer para internautas virou obrigação. (Foto: Reprodução)
Candidatos a prefeito em Campo Grande marcam território nas redes sociais; aparecer para internautas virou obrigação. (Foto: Reprodução)

Marcar território nas redes sociais nas eleições municipais deste ano virou obrigação para os principais candidatos. Em Campo Grande, as equipes de campanha dos que disputam a Prefeitura não deixam faltar conteúdo.

Na balança, o eleitor ganha mais uma alternativa para conhecer as propostas políticas, contudo, os canais para isto existem há muito tempo e a televisão deve seguir como principal meio.

São os candidatos, de longe, os mais beneficiados. “O papel (santinhos e panfletos) vai e não volta. Na rede (internet) ele (candidato) responde, interage e tem maior feedback”, diz Ariosto Barbiéri, proprietário da agência Agilità Propaganda e Marketing na Capital.

Se nas ruas os políticos não conseguem serem vistos pela maioria, diante dos internautas eles aparecem até exaustivamente. Para Barbiéri, as ferramentas ainda são alvo de aprendizado.

“O gestor das redes sociais sabe os mecanismos e o candidato sabe de política. Ainda falta entrosamento”, avalia.

Mais além - Desdobramento direto do avanço da tecnologia nesta campanha comparada a de 2010, quando o Facebook, maior instrumento na internet atualmente, ainda engatinhava, é a possível redução de gastos com material impresso.

Segundo Ariosto, ainda não é possível precisar quanto a internet será responsável por diminuir o investimento em impresso, mas é certo que este será um dos reflexos. “O impresso é mais para reuniões, segmentando. Às vezes de bairro para bairro. A mídia social é muito mais abrangente. Além disso, os materiais nas gráficas são mais caros e sujam a cidade”, pontua.

Diretor de Planejamento da empresa 8020, especializada em Marketing Digital, Thiago Akira destaca o fenômeno das ferramentas “curtir e compartilhar” no Facebook. Na prática, é como se fosse à constatação de que o internauta recebeu um santinho.

Juiz eleitoral Flávio Saad Peron diz que ações por irregularidades na campanha na internet são baixas. (Foto: Nicholas Vasconcelos)
Juiz eleitoral Flávio Saad Peron diz que ações por irregularidades na campanha na internet são baixas. (Foto: Nicholas Vasconcelos)

“A gente lembra que os candidatos eram inseguros e hoje estão mais confiantes”, diz.

Do outro lado, o presidente do Sindgraf/MS (Sindicato das Gráficas de Mato Grosso do Sul), Annibal Teixido, minimiza a força tecnológica no processo eleitoral.

Ele reconhece que o movimento nas gráficas é fraco nos primeiros meses de campanha, mas aposta que vai aumentar na reta final, a partir do mês que vem.

“Creio que todo mundo vai ter serviço. E a eleição é mais corpo a corpo mesmo, apesar da internet, e aí o santinho é que chega ao eleitor”, comenta.

Terra sem lei? - Se por um lado as mídias sociais mostram o poder para impactar o eleitor, também pode ser um espaço ideal para ataques e ofensas como perfis falsos em que dificilmente é possível identificar quem é o autor.

Foi o que ocorreu em Campo Grande na semana passada, quando o juiz Alexandre Corrêa Leite, da 53ª Zona Eleitoral, decidiu que o Facebook Serviços Online do Brasil LTDA seria multado em R$ 5 mil por dia por conta de uma página destinada a ataques ao candidato a prefeito Edson Giroto (PMDB) e o vice em sua chapa, Dagoberto Nogueira (PDT), caso não retirasse o conteúdo do ar.

O perfil foi removido e é o primeiro caso desse tipo na campanha deste ano. Segundo um dos advogados da ação, Luiz Cláudio Bito, não foi possível identificar o responsável pela página. Por isto a empresa foi acionada como responsável.

A legislação que versa sobre propaganda eleitoral na internet é a 9.504, de 1997, e a inclusão sobre a rede mundial de computador foi feita em 2009. Portanto, não há uma legislação específica que dê diretrizes sobre as redes sociais, especificamente.

“É um mecanismo difícil de controlar, mas toda a propaganda eleitoral tem por princípio não ser ofensiva ou difamatória. Não pode ser usada para espalhar inverdades, como neste caso”, pontuou Bito, reconhecendo que é uma tarefa árdua a legislação acompanhar os avanços da tecnologia.

Segundo o juiz eleitoral Flávio Saad Peron, os candidatos podem possuir páginas no Facebook e no microblog Twitter. A única medida terminantemente proibida é comprar cadastros de emails de empresas.

Peron afirmou que, caso a Justiça Eleitoral seja acionada por irregularidades na rede mundial de computadores durante o pleito, analisa caso a caso, mas comentou que o volume em Campo Grande até agora é “tranquilo”.

“A internet é muita nova e quando surgiu pegou de surpresa, então, o legislador tem que ficar atendo a realidade para tentar regular”, comentou.

Em casos de ofensas, como a representação movida em Campo Grande, Peron comentou que a legislação brasileira é aplicada por analogia nestes casos como, por exemplo, ações contra difamação nas situações de ofensas.

Reações adversas - E num universo super-populoso como o do Facebook, a campanha eleitoral provoca reações distintas.

De um lado, internautas são totalmente contrários a enxurrada de propaganda eleitoral na rede. Alguns, prometem deletar usuários que fazem propaganda, bem como os perfis dos candidatos.

Do outro, existem àqueles que pregam participação no processo político. A frase “se você não gosta de política, quem lida com a política vai ditar as regras em seu município” é a mais usada.

Entre adeptos e críticos, fato inquestionável é que, pelo menos ao que se apresenta até agora, propaganda nas redes sociais só tendem a crescer e a eleição de 2012 deve ser um marco.

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