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Política

Para bancada de MS, barganha para Reforma da Previdência é fake ou crime

O governo federal teria oferecido R$ 40 milhões em emendas para os deputados que votarem pela reforma

Fernanda Palheta | 24/04/2019 18:23
Maioria dos deputados federais sul-mato-grossenses afirmam que não ouviram falar da "proposta" (Foto: Reprodução)
Maioria dos deputados federais sul-mato-grossenses afirmam que não ouviram falar da "proposta" (Foto: Reprodução)

A proposta do governo de oferecer R$ 40 milhões extras em emendas parlamentares aos deputados federais que votarem a favor da Reforma da Previdência é considerada fake ou crime para os membros da bancada sul-mato-grossense na Câmara Federal. De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, a "barganha" foi confirmada por líderes de cinco partidos governistas.

O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM) teria oferecido a destinação extra aos parlamentares até 2022. Conforme a Folha de São Paulo, a oferta foi feita na semana passada na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Com a proposta, os parlamentares favoráveis a reforma teriam um acréscimo de 65% no valor de emendas parlamentares, que hoje é de R$ 15,4 milhões.

O deputado federal, Fábio Trad (PSD) afirma que primeiro é preciso saber se a informação é “procedente”. Caso confirmada, ele reitera que a “proposta” do governo é um crime. “Segundo, que se for verdade o [ministro-chefe da Casa Civil] Onyx tem que ser exonerado. Se o presidente [Jair Bolsonaro] estava sabendo disso, ele cometeu crime e evidentemente devem ser adotas as providencias”, apontou.

Trad ainda aponta que o pagamento extra em emendas não seria possível por meio dos tramites burocráticos. “As emendas são impositivas e tem que ser liberadas de forma igualitárias. Eu não sei como faria para dar mais para um deputado e menos para outro”, lembra.

Assim como já informado ao Campo Grande News, o parlamentar do PSD é a favor da reforma, mas com ressalvas. “Sou contra o BPC de R$ 400,00, sou contra igualar idade na aposentadoria rural entre homem e mulher e sou contra a desconstitucionalização e defendo que as regras de transição de servidores públicos no regime geral sejam melhor debatida”, detalha Trad.

Já o deputado federal, Dagoberto Nogueira (PDT), considera a proposta do governo “muito grave”. “Até porque o próprio [presidente Jair] Bolsonaro fez um discurso durante toda a campanha que não queria a velha politica do toma lá da cá. E agora ele mesmo está promovendo essa politica”, critica. O pedetista ainda lembra que a dificuldade do governo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) começou a ser superada.

“Com isso o povo brasileiro vai poder saber quem são os deputados negociantes e os deputados que estão no congresso para defender os interesses da população. Isso é uma barganha, é uma coisa horrível”, aponta Dagoberto. O deputado é categórico ao dizer que o seu posicionamento não mudou. “Eu vou votar contra, não vou aceitar barganha. Eu não estou a venda”, reforçou.

Da base do governo de Bolsonaro, o deputado federal Luiz Ovando (PSL), afirmou que a “barganha” é fake. “Isso é uma falácia. É uma invenção de partidos de esquerda como o PT e O PSOL, que não tem compromisso com a verdade”, defende Ovando. Como já tinha dito ao Campo Grande News, o deputado do PSL é a favor da reforma da previdência e defende que ela é necessária. Já o deputado federal, Loester Carlos (PSL), se recusou a falar com a reportagem do Campo Grande News. Anteriormente, Loester havia se posicionado a favor da reforma. "Sou base do governo", justificou ao Campo Grande News no início do mês.

A deputada federal, Beatriz Cavassa (PSDB), afirma que não tem conhecimento do assunto. “Desconheço totalmente essa proposta”, confirma. Questionada sobre o posicionamento do projeto apresentado pelo Governo, a tucana não tomou partido. “Estamos ainda no ‘day after’ da apresentação do projeto, então vamos analisar isso com cautela antes de tomar qualquer decisão”, explica.

Colega de partido, a deputada Rose Modesto (PSDB), também desconhece a “tratativa” do governo federal. “Sou totalmente contra a barganha. Já estive no Ministério do Desenvolvimento Regional e não houve uma conversa sobre a reforma da previdência. Eu desconheço essa tratativa. Meu voto pela reforma seja ele qual for não tem nada condicionado a questão de liberar emenda parlamentar, recurso ou qualquer coisa”, ressalta.

O deputado federal, Beto Pereira (PSDB), que vai assumir como membro da Comissão Especial que vai analisar a reforma da previdência também não tem conhecimento sobre a proposta do governo. "Eu, particularmente não fui abordado com nenhuma oferta e nem soube de nenhum colega parlamentar que também tenha recebido. Porém, acho legítimo na atividade parlamentar irmos atrás de recursos para atender nosso Estado, nossos municípios e principalmente a população"aponta. O tucano reforçou seu posicionamento sobre o tema. Sempre me posicionei a favor da Reforma da Previdência. Acho que ela, ressalvo alguns ajustes necessários no texto, é fundamental para a recuperação fiscal do país.

Já deputado Vander Loubert (PT) não retornou as ligações da reportagem.

Três votos a menos

Conforme o Placar do Estadão, três deputados federais que eram a favor da reforma da previdência reviram seu voto. O número de parlamentares a favor da reforma caiu de 197 para 194, nesta quarta-feira (24). O que significa que agora o governo precisa de 114 votos para que o projeto seja aprovado. Ainda segundo o levantamento, 202 parlamentares não se posicionaram sobre as mudanças na previdência. Já o número de deputados contrários cresceu. Passando de 99 para 117.

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