Presidente da Coopertaxi reafirma denúncia e nega fim eleitoreiro

O presidente da Coopertaxi, Flavio Panissa, esteve na Câmara Municipal, durante a sessão ordinária desta quinta-feira, para falar sobre a denúncia que envolve a entidade e o candidato do PP à Prefeitura de Campo Grande, Alcides Bernal.
Diante de taxistas e dos parlamentares, Panissa reafirmou as denúncias e fez questão de negar que seu engajamento no caso tenha cunho eleitoral. “Só defendo os interesses dos cooperados”.
Ele foi convidado pelas comissões de Obras e Serviços Públicos, além da comissão de Transporte e Trânsito. A justificativa da ida dele à Casa de Leis é por conta do serviço de taxi se tratar de uma concessão pública municipal.
A questão foi evidenciada na última segunda-feira durante o programa eleitoral de Sidney Melo, candidato do PSOL na Capital. Bernal afirma ter emprestado R$ 106 mil ao ex-presidente da cooperativa, Waltrudes Pereira Lopes, e que foi à Justiça porque nunca recebeu.
Panissa argumenta que a dívida não existe, não teve aprovação dos cooperados e ainda acusa o progressista de prática de estelionato, agiotagem, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Nesta manhã, o vereador Paulo Siufi (PMDB), presidente da Câmara, admitiu, no plenário, que o depoimento de Panissa não estava previsto para hoje, mas na terça-feira que vem. No entanto, como ele estava na Câmara, a fala foi concedida.
O presidente da Coopertaxi afirmou que encaminhou o caso para a PGE (Procuradoria Geral do Estado) e espera investigação e providências do órgão.
Pontuou ao público que um TED de R$ 100 mil foi feito em 20 de março de 2009 e a emissão de um cheque de R$ 106,3 mil no mesmo dia. O depósito do valor foi registrado em 22 de julho de 2009, revela.
A diferença de valores o fez questionar a transação, além da legalidade da operação financeira, que assegura não ter aprovação dos cooperados. “Então foi empréstimo ou agiotagem?”, indagou.
Além disso, frisou que assumiu a cooperativa com dívida estimada de R$ 5 milhões. “Não ia sair pagando tudo”, justificou.
Explicações - O vereador Marcos Alex (PT) perguntou ao presidente da entidade qual o motivo de tornar o caso público neste momento, já que a dívida é de 2009.
Panissa argumentou que resolveu expor a denúncia por conta de não ter encontrado na prestação de contas de Bernal, disponível no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), qualquer registro da transação financeira.
“Este é o momento do processo. Não tinha acesso antes à prestação de contas dos políticos”, explica, revelando que o TED estava em nome de Miriam Gonçalves, esposa de Bernal, e o cheque nominal ao progressista.
Outros vereadores também fizeram questionamentos ao presidente da Coopertaxi e o assunto esquentou o clima na Casa de Leis. Carlão, do PSB, sugeriu até a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Já Paulo Pedra, do PDT, lembrou que, na época da operação, Bernal era vereador e acusou o progressista de quebra de decoro parlamentar por conta da relação financeira entre um vereador e uma cooperativa.
Vanderlei Cabeludo, do PMDB, usou a palavra para recordar que o candidato do PP à Prefeitura integrava a comissão de Transporte e Trânsito, à época. “É no mínimo imoral”.
Durante a audiência, os vereadores defenderam que Alcides Bernal também fosse convocado para ir à Câmara e fazer sua defesa sobre o caso.