Rui Falcão faz campanha em Campo Grande pela presidência nacional do PT

Em campanha pela presidência nacional do PT (Partido dos Trabalhadores), o deputado federal Rui Falcão (SP) esteve em Campo Grande nesta quinta-feira (26) para apresentar suas propostas. Mesmo sem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Falcão percorre o país buscando apoio de filiados para a eleição interna, marcada para o próximo dia 6 de julho.

Durante o encontro, o deputado defendeu a importância de alianças políticas, mas com base em princípios claros. "O PT nunca foi contra alianças, mas não fazemos alianças sem princípios. O que a gente precisa é saber quais são os termos da aliança, o que vamos defender juntos. Nunca ganhamos eleição sozinhos e nem achamos que vamos mudar as coisas sozinhos", afirmou.

Segundo Rui Falcão, a chamada "frente ampla" que elegeu Lula em 2022 é, na verdade, uma frente eleitoral, não uma construção histórica como acontece em outros países da América Latina. Ele alertou que parte desses aliados já se preparam para romper. "Somos cercados por fora e minados por dentro", avaliou.

Entre as propostas apresentadas pelo deputado, estão a defesa de uma economia livre da "ditadura financeira", a valorização do salário mínimo, o aumento de investimentos em saúde e educação e a aceleração da reforma agrária para a produção de alimentos de qualidade, com foco em abastecimento interno. "Precisamos libertar o Brasil da ditadura financeira. Hoje a economia é refém da especulação. A política salarial e o investimento em serviços públicos precisam ser prioridade", destacou.

Sobre corrupção, Rui Falcão reafirmou que o PT não tolera desvio de conduta. "Casos comprovados não permanecem no PT. Uma coisa é denúncia, outra é comprovação. O partido não é um convento, pode haver desvio, mas será apurado e punido. Quando há um caso, parece que é o partido inteiro, diferente de outros partidos onde o problema é tratado como individual", disse.

Ao falar sobre a campanha de reeleição de Lula, Falcão defendeu uma "campanha quente" e direta. "É nós contra eles. Nada de acabar com a polarização, porque ela não é uma escolha, ela está colocada. Se baixar a guarda, eles avançam mais."

O deputado estadual Pedro Kemp, que também participou do encontro e disputa a presidência municipal do PT em Campo Grande, falou sobre o desafio de dialogar com o eleitorado evangélico, que ainda carrega discursos polarizados contra o partido. "O fundamentalismo religioso foi muito forte durante o governo Bolsonaro. Fui agredido fisicamente na porta de uma igreja por ser do PT. Precisamos dialogar com todas as manifestações religiosas e reafirmar o respeito ao Estado laico e à liberdade de crença", afirmou.

Para Vladimir Ferreira, atual presidente estadual do partido, o processo interno fortalece a democracia do PT. "Aqui no Estado temos seis correntes organizadas. É um momento importante de debate para melhorar a organização, o diálogo com diferentes segmentos e definir as estratégias de curto, médio e longo prazo", termina.

Eleição interna - O atual presidente, senador Humberto Costa (PE), assumiu o cargo após a renúncia de Gleisi Hoffmann, atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais. A eleição para a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) está marcada para 6 de julho. O segundo turno, se necessário, será em 20 de julho.

O PT prevê a realização de ao menos dez debates entre os candidatos. Após 12 anos, a sigla decidiu retomar o modelo de eleições diretas para as instâncias partidárias. Nas duas últimas duas eleições, em 2017 e 2019, a deputada Gleisi Hoffmann foi eleita e reeleita presidente do PT, com apoio de Lula, em votação híbrida. A disputa promete ser a mais acirrada da história.

Quatro nomes estão concorrendo à liderança do partido, representando diferentes correntes: Edinho Silva (CNB - Construindo um Novo Brasil), Valter Pomar (Articulação de Esquerda), Romênio Pereira (Movimento PT) e Rui Falcão (Novo Rumo).

Em Mato Grosso do Sul, Humberto Amaducci e Vander Loubet disputam a direção estadual do partido, enquanto o deputado estadual Pedro Kemp e Elaine Becker disputam a presidência do partido em Campo Grande.

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