Vereadores do PT unem votos em eleições internas, mas divergem em apoio a Riedel
Eleições internas do partido, nos níveis nacional, estadual e municipal, estão previstas para o dia 6 de julho

Com menos de um mês para as eleições internas do PT, os três vereadores eleitos pelo partido em Campo Grande – Jean Ferreira, Luiza Ribeiro e Landmark Rios – fecharam apoio às mesmas candidaturas nos diretórios municipal, estadual e nacional. No entanto, quando o assunto é o futuro da aliança com o governador Eduardo Riedel (PSDB), que ainda define seu futuro político, as posições se dividem.
RESUMO
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Vereadores do PT em Campo Grande demonstram unidade em eleições internas, apoiando Pedro Kemp para o diretório municipal, Vander Loubet para o estadual e Edinho Silva para o nacional. O objetivo é fortalecer o partido para as eleições de 2024. A aliança com o governador Eduardo Riedel (PSDB), porém, gera divergências. Jean Ferreira defende o rompimento, citando diferenças ideológicas. Luiza Ribeiro mantém postura favorável a Riedel, considerando-o um governador responsável. Landmark Rios prefere aguardar a decisão coletiva do partido após as eleições internas, marcadas para 6 de julho. Riedel sinalizou uma reunião com a bancada petista em junho, após definir seu novo partido.
Depois de um hiato de 12 anos, o PT retomou o formato de eleições diretas com votos dos filiados. O chamado PED 2025 (Processo de Eleição Direta) terá o primeiro turno no dia 6 de julho, e, caso haja necessidade de segundo turno, ele está previsto para o dia 20 do mesmo mês. Em Campo Grande, a votação ocorrerá na Escola Estadual Vespasiano Martins.
Em entrevista concedida ao Campo Grande News, os três demonstraram apoio ao deputado estadual Pedro Kemp para a presidência do diretório municipal, que concorre com a ex-vereadora Elaine Becker. Em relação ao diretório estadual, o escolhido da bancada municipal é o deputado federal Vander Loubet, que oficializou sua candidatura em maio e irá concorrer contra o atual vice-presidente da sigla, o professor e bancário Humberto Amaducci.
Já para a presidência nacional do partido, que conta com cinco candidatos, o nome escolhido pelos vereadores é o de Edinho Silva, que também é o nome defendido pelos três para a presidência nacional do PT. Ele é candidato pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária do PT que reúne o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu, por exemplo.
Na percepção de Jean, o apoio às três candidaturas representa uma tentativa de reconstruir o protagonismo do PT no Estado. “Os meus dois candidatos pelo PT são o deputado Pedro Kemp e também o deputado Vander Loubet. Estamos nessa construção para retomar e fortalecer o protagonismo do PT, tanto em Campo Grande quanto em Mato Grosso do Sul. Queremos colocar duas lideranças históricas, pois ano que vem tem eleição, e precisamos fazer com que o PT seja tão grande quanto já foi aqui no Estado — e, com certeza, na condução deles, será”, afirmou.
Para Landmark, o apoio ao nome de Vander está relacionado à preparação do partido para as próximas disputas. “O Vander é o nosso candidato à direção estadual do PT. Presidindo o diretório, ele vai organizar uma boa chapa de estadual, a de deputado federal e promover o debate interno sobre o rompimento ou não com o governo Riedel após as eleições internas”, explicou.

A unidade partidária, no entanto, encontra limites quando o assunto é o relacionamento com o governador Eduardo Riedel. Os parlamentares divergem sobre o futuro da aliança entre PT e PSDB, formada após a eleição de 2022, quando o partido compôs a base do governo.
Jean é o mais direto ao defender o rompimento com o tucano. Para ele, embora o PT tenha integrado a base por “responsabilidade administrativa” após o governo de Jair Bolsonaro (PL) e para enfrentar o candidato do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), Capitão Contar, as divergências ideológicas tornaram-se mais evidentes. Ele defende que o partido apresente candidatura própria ao governo de Mato Grosso do Sul. “As diferenças se acentuaram, principalmente na luta pela terra, demarcação indígena e violência policial. O PT deve apresentar candidatura própria nas próximas eleições estaduais”, afirmou.
Já Luiza adota um tom mais favorável ao atual governador de Mato Grosso do Sul. Ela reconhece que Riedel é um governador de direita, mas o classifica como “responsável”, mesmo após a polêmica em que o tucano defendeu anistia parcial aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A declaração gerou forte reação da cúpula petista, que chegou a publicar nota de repúdio, cobrando coerência política do governador e declarando “total oposição” à proposta.
“Até hoje, não houve nada muito sério que contrariasse as posições do PT. Inclusive, quando o STF determinou o fim dos acampamentos golpistas, ele cumpriu. Também esteve com os demais governadores apoiando as instituições após os atos de 8 de janeiro”, argumenta Luiza.
Landmark, por sua vez, prefere aguardar a decisão coletiva do partido. “Essa decisão precisa ser debatida com todas as forças políticas internas. Eu vou seguir a maioria. Depois da eleição interna, com a nova direção e os delegados eleitos, vamos discutir se rompemos ou não”, afirmou.
Em diálogo - A definição sobre o futuro da aliança pode estar próxima. Conforme relataram anteriormente à reportagem os deputados estaduais Pedro Kemp e Zeca do PT, o próprio governador Riedel sinalizou que deve se reunir com a bancada petista ainda em junho, após anunciar oficialmente seu novo partido — possibilidade que gira entre o PP, da senadora Tereza Cristina, e o PSD, de Gilberto Kassab.
“Ele disse que vai conversar com o Kassab, mas também tem falado com o PP. Falei que o PSD é mais simpático para mantermos o diálogo. Precisamos abrir uma conversa sobre a continuidade dessa relação”, afirmou Zeca do PT ao Campo Grande News.
Na ocasião, Kemp também reforçou que a bancada aguarda a reunião desde fevereiro. “Ele pediu um tempo, e agora sinalizou que o encontro deve acontecer ainda neste mês”, havia mencionado o deputado estadual.
Votação - Marcada para o dia 6 de julho, na Escola Vespasiano Martins, localizada na Rua 13 de Maio, 1516, Centro, poderão participar da votação todos que aderiram à legenda até 28 de fevereiro de 2025. O partido diz contar com quase 3 milhões de filiados.
A disputa interna ocorre no modelo de voto direto dos filiados, o que, segundo Luiza, demonstra a força da democracia partidária. “É o único partido que faz a escolha de seus dirigentes pelo voto direto. Só aqui em Campo Grande, temos chapas independentes, algumas com nomes à presidência, outras não. Isso mostra a vitalidade do PT”, afirmou.
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