Tarifa de Trump é emergência comparável à pandemia, diz Nelsinho
Missão no Senado alerta que sobretaxa reduz competitividade de empresas brasileiras e americanas

Líder da missão oficial brasileira nos Estados Unidos, o senador Nelsinho Trad (PSD) classificou nesta terça-feira (29) a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos do Brasil como uma "emergência econômica" de efeitos comparáveis aos vividos na pandemia de covid-19.
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Senador Nelsinho Trad lidera missão nos EUA para combater tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, proposta por Donald Trump. A medida é considerada uma "emergência econômica" comparável à pandemia, com potencial para prejudicar cadeias produtivas globais. A comitiva busca apoio de parlamentares e empresas americanas, apresentando estudos que demonstram o impacto negativo da tarifa em ambos os países. A missão relata sucesso em diálogos, mesmo com aliados de Trump, e destaca o apelo do setor privado americano contra retaliações brasileiras. Empresas como ExxonMobil, Caterpillar e Cargill apoiam a causa, reconhecendo os prejuízos da possível taxação. A expectativa é que o presidente Lula se envolva diretamente nas negociações em breve, buscando uma solução diplomática para o impasse.
A declaração foi dada ao vivo durante entrevista ao programa "Estúdio I", do canal de notícias GloboNews, enquanto a comitiva de oito senadores cumpria agenda em Washington com parlamentares e empresários norte-americanos.
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"Estamos diante de uma emergência econômica. Só não enxerga quem não quer. É comparável ao que vivemos na pandemia", afirmou o senador. Ele alertou que a taxação proposta pelo governo Trump, caso retomado o mandato, ameaça cadeias produtivas em escala internacional. “Não estamos falando só de prejuízo para o Brasil. O empresário americano também vai perder competitividade, previsibilidade e lucro.”
A missão parlamentar tenta convencer autoridades e empresas dos Estados Unidos a pressionarem pela retirada da proposta, vista como uma retaliação às políticas ambientais do governo brasileiro. Para isso, os senadores têm apresentado estudos com o impacto da medida em diferentes regiões dos EUA. “Cada senador recebe um relatório mostrando quais os dez produtos que seu estado mais importa do Brasil e como a tarifa afeta isso. Quando mostramos com números, o diálogo acontece.”
Segundo Nelsinho, até parlamentares alinhados a Donald Trump se mostraram abertos a escutar os argumentos da comitiva. “Conversamos com senadores do entorno do presidente Trump. Não estamos aqui para enfrentamento, e sim para cooperação. E isso tem sido entendido.”
Outro ponto destacado pelo senador é o apelo feito por empresários norte-americanos para que o Brasil não adote medidas de retaliação caso a tarifa avance. “Ninguém veio aqui com a lei da reciprocidade na mão. Viemos com responsabilidade e dados técnicos. O setor privado dos dois países está comprometido em evitar esse retrocesso.”
Ainda durante a entrevista, Nelsinho citou o apoio recebido de empresas como ExxonMobil, Caterpillar, Johnson & Johnson e Cargill, com quem a comitiva esteve reunida na segunda-feira (28). “Eles também enxergam prejuízos concretos. A cadeia de suprimentos está interligada. Romper isso é ruim para todos.”
Diante do avanço lento nas negociações entre governos, o senador disse que, mais cedo ou mais tarde, o presidente Lula terá de se envolver diretamente. “Vai chegar o momento em que a relação de alto nível terá de ser feita. O Itamaraty está atento, mas é natural que o presidente entre em campo em algum momento.”
Nelsinho também minimizou o ruído causado por declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que criticou a viagem da comitiva. “Não temos tempo a perder com isso. Ninguém aqui está contra ninguém. O Senado está agindo dentro do que a Constituição nos permite: com responsabilidade institucional.”
A agenda da missão segue até quarta-feira (30), com novas rodadas de conversas com senadores dos partidos Republicano e Democrata, além de representantes da indústria americana. A expectativa do grupo é retornar ao Brasil com uma articulação bipartidária construída no Congresso dos EUA.
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