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Política

Senador avalia que pressão de empresários abriu caminho para convencer Trump

Grupo liderado por Nelsinho Trad se reúne nesta terça com parlamentares dos EUA e teme 'fogo amigo' na agenda

Por Vasconcelo Quadros, de Brasília | 28/07/2025 23:22
Senador avalia que pressão de empresários abriu caminho para convencer Trump
O senador Nelsinho Trad, durante encontro com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos. (Foto: Assessoria)

Sem sinal ainda de que o presidente Donald Trump esteja disposto a negociar o "tarifaço" de 50% às exportações brasileiras, previsto para entrar em vigor na sexta-feira (1º), os oito senadores que viajaram aos Estados Unidos pela Comissão Permanente de Relações Exteriores tentam nesta terça (29) a difícil tarefa de romper o impasse e abrir um canal de negociações com mediação de congressistas americanos.

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Senadores brasileiros buscam reverter tarifa de 50% sobre exportações imposta por Trump. A comitiva, liderada por Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP), reuniu-se com empresários brasileiros e americanos, que se comprometeram a pressionar a Casa Branca pela suspensão da tarifa e abertura de negociações. A pressão do setor privado é vista como crucial para destravar o impasse. Parlamentares americanos serão contatados para mediar o conflito. A missão enfrenta possível boicote de Eduardo Bolsonaro (PL) e Paulo Renato Figueiredo, críticos da iniciativa do Senado. Nelsinho Trad considera esta terça-feira crucial para a missão, dependendo da interlocução dos parlamentares com o governo americano. Senadores evitaram criticar Trump diretamente, mas Tereza Cristina cobrou de Lula um contato com o presidente americano para resolver a crise.

O caminho mais palpável foi aberto nesta segunda-feira (28) numa reunião na Câmara de Comércio dos Estados Unidos (U.S. Chamber of Commerce), em Washington, na qual empresários brasileiros e americanos se comprometeram a redigir um documento endereçado à Casa Branca, pedindo a abertura de negociações sobre os produtos brasileiros de exportação, ponto a ponto, e, até que haja entendimento claro, a suspensão da tarifa.

“A partir do momento que a gente botou as empresas americanas para ir ‘pra cima’ do governo americano – ‘pra cima’ é forma de falar – pode se abrir um canal de diálogo que eu acho que vai ter mais resultado do que qualquer outra coisa”, disse ao Campo Grande News o senador Nelsinho Trad (PSD), que chefia a missão.

“A gente constatou o que já sabia: o impacto é muito negativo para eles. São empresários americanos que têm negócios com o Brasil. E depois, no outro turno, ouvimos empresários brasileiros que têm negócios com os Estados Unidos. A gente ouviu setor por setor, laranja, café, carne, Embraer. É muito negativo para eles.”

Senador avalia que pressão de empresários abriu caminho para convencer Trump
Tereza Cristina e Nelsinho Trad em reunião com empresários durante comitiva aos EUA. (Foto: Assessoria)

O senador acha que o posicionamento adotado pelos empresários é, neste momento, o fator mais relevante para evitar a deflagração de uma guerra comercial, em que todos sairiam perdendo. “O papel dos empresários é mais importante neste momento para abrir caminho, superando a capacidade da política.”

Para Nelsinho, que pela manhã achava que distensionar a relação entre Brasil e Estados Unidos pela via parlamentar era a principal missão do grupo, o encontro com os empresários pode ter criado condições promissoras para o diálogo.

O parlamentar acha, no entanto, que o passo mais delicado para a missão será dado nessa terça-feira (29), em encontros separados com seis parlamentares dos Estados Unidos, em função de uma possível tentativa de boicote por parte do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e do blogueiro Paulo Renato Figueiredo, neto do último general que presidiu o país no regime militar, João Batista Figueiredo, que já criticaram abertamente a iniciativa do Senado em criar a comissão e ameaçaram boicotar o movimento.

“Hoje nós não vimos isso, até porque [os empresários] também estão com a água batendo no nariz”. O senador diz que o resultado das audiências agendadas vai indicar se os políticos americanos irão se unir ou não aos empresários para pressionar Trump a negociar.

“Para mim, é o dia mais importante”, disse o senador. Ele acha que o avanço do diálogo pela política vai depender da interlocução dos parlamentares que participarão da audiência com o governo americano. Como cautela, os nomes só serão revelados depois dos encontros. Pela manhã, Nelsinho disse que, por estratégia, os senadores estavam mantendo sigilo às audiências “para que não haja nenhuma referência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada”.

Mas ele admite que há um certo constrangimento com a posição do deputado na defesa das decisões de Trump. “Não vou dizer pra você que é confortável. Não é uma situação, vamos dizer, razoável, né? Podia estar diferente”. Sobre a hipótese de sabotagem ao trabalho dos senadores, Nelsinho prefere não acreditar. “Nós estamos andando pra frente, sem querer brigar com ninguém, para poder ajudar o Brasil”. Caso o "tarifaço" entre mesmo em vigor, o senador acha que haverá sérios prejuízos para o agro e indústria dos dois países.

O grupo é liderado por Trad e pela senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores, que é apoiada pela FPA (Frente Parlamentar Agropecuária), a entidade de mais peso político no agronegócio. Tereza Cristina também foi ministra da Agricultura durante o governo Jair Bolsonaro.

Senador avalia que pressão de empresários abriu caminho para convencer Trump
Senadores brasileiros tiram foto oficial com embaixadora Maria Luiza Viotti, em Washington. (Foto: Assessoria)

Mas há também um senador do PL, Marcos Pontes (SP); do MDB, Fernando Farias (AL); do Podemos, Carlos Viana (MG); outro do PP, Espiridião Amin (SC); o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e Rogério Carvalho (PT-SE). A presença desses parlamentares demonstra o suprapartidarismo que driblaria a conotação ideológica que polariza a política do país e permeia as relações entre Brasil e Estados Unidos após a decisão de Trump.

Ainda assim, a senadora, que não deu declarações condenando Trump, preferiu carregar as críticas ao governo brasileiro: “Nossa missão é fomentar a reaproximação entre Brasil e Estados Unidos. Não cabe ao Senado negociar, mas sim buscar o clima de entendimento para proteger os brasileiros, pois as tarifas irão prejudicar a todos, sem exceção. O presidente Lula deveria ligar sim para o presidente Trump. Aliás, já passou da hora. O Brasil não pode ser refém do populismo e da vaidade de quem governa”, cutucou Tereza Cristina pelas redes sociais.

Ela afirma ainda que o Senado age diplomaticamente “para reconstruir pontes” e evitar que “tarifas injustas” penalizem quem trabalha e produz. E reforça as críticas ao presidente. “O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível - e o impossível - nos Estados Unidos para defender os interesses do nosso país”, finaliza a senadora ao afirmar que não cabe ao legislativo negociar tarifas.

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