Lidar com as próprias angústias é mais urgente do que parecer “bem” o tempo todo
Psicóloga Mayara Crespo fala sobre a importância de acolher os sentimentos e encontrar, na terapia, um caminho

Na era do “estar bem” como obrigação, quem nunca se sentiu exausta por dentro enquanto mantinha o sorriso impecável do lado de fora? Entre rotinas esmagadoras, redes sociais que romantizam a produtividade e a eterna busca pelo corpo perfeito, muitas pessoas, principalmente mulheres, estão adoecendo em silêncio, esmagadas pela sensação de não serem boas o suficiente para dar conta de tudo.
Essa é a realidade que a psicóloga Mayara Crespo conhece de perto em seu consultório. Especialista em saúde mental feminina e em transtornos como ansiedade e depressão, Mayara tem visto um número crescente de mulheres que chegam ao limite não só por conta de relacionamentos conturbados, mas pela soma de pequenas pressões diárias que, silenciosamente, viram um peso insuportável.
Hoje, a maior parte das minhas pacientes são mulheres entre 30 e 45 anos, em sua maioria profissionais da saúde ou empresárias, que acumulam múltiplas funções e frequentemente negligenciam o próprio cuidado”, relata. “Elas me procuram não apenas por transtornos específicos, mas porque estão exaustas da pressão de serem perfeitas em todos os papéis: mãe, esposa, profissional e nas relações interpessoais.”
Dados epidemiológicos indicam que, entre 10 brasileiros com depressão ou transtornos de ansiedade, aproximadamente 7 são mulheres.
Mayara alerta para o que chama de “ciclo do caos feminino”: a mulher que precisa estar linda, produtiva, atenta aos filhos, com a casa em ordem e pronta para sorrir, tudo ao mesmo tempo. “Esse padrão que vendem para nós é impossível. Mas a cobrança é tão grande que quem não consegue se manter ‘ok’ se sente fraca ou insuficiente, e começa a se culpar”, explica.
Mais do que aprender a identificar sentimentos como tristeza, medo ou frustração, a psicóloga defende que precisamos parar de culpar as emoções como se fossem sinais de fracasso pessoal. “Sentir não é errado. Ignorar ou fugir dos sentimentos, sim. Quando não olhamos para as próprias dores, caímos em estratégias de fuga: álcool, compulsões, comparações que destroem a autoestima”, ressalta.
Mayara usa a terapia cognitivo-comportamental para ajudar pacientes a reconhecer os pensamentos que alimentam a ansiedade e a culpa, mostrando como cada pensamento gera emoções e comportamentos que podem sabotar o bem-estar. “A comparação excessiva nas redes sociais é um grande gatilho. As pessoas veem a vida editada do outro e se perguntam por que não conseguem acompanhar”, aponta.
A importância do desejo genuíno pela terapia
Um ponto essencial do trabalho de Mayara é mostrar que a terapia precisa partir do desejo genuíno do paciente. “Ir para a terapia porque alguém mandou não funciona. A vontade de se conhecer tem que vir de dentro”, reforça. E não há prazo: “Muitas pacientes chegam no limite, só então buscam a terapia. Mas o processo exige tempo. Não existe terapia de dois meses para uma ansiedade que você carrega há anos”, esclarece.

Do preconceito à conscientização: como Mayara usa as redes sociais para falar de saúde mental
Se antes a psicoterapia era vista como coisa de “gente louca”, hoje a psicóloga usa suas redes sociais para desmistificar a terapia e levar informação de forma ética e acolhedora. Em conteúdos que se tornaram referência, ela fala sobre esgotamento emocional, autoestima, a necessidade de desacelerar e a importância de colocar limites.
“Com cuidado e responsabilidade, levo para as redes temas que surgem no consultório, ajudando muitas mulheres a se identificarem e entenderem que não estão sozinhas. A internet é uma ferramenta poderosa, mas precisa ser usada com ética”, ressalta.
A paixão pela psicologia surgiu quase por acaso: Mayara estava prestes a pagar a matrícula em Administração quando decidiu, ali mesmo, mudar de curso. Mergulhou nos estudos e construiu uma carreira pautada em empatia, escuta ativa e evolução constante. “Desde o início da graduação, busquei a terapia para entender o processo que eu mesma levaria aos pacientes. Sei que só posso ajudar até onde já fui”, conta.
Hoje, ela celebra cada alta concedida a pacientes que reencontraram a autonomia emocional, e reconhece a importância do processo ser claro, com início, meio e fim. “A alta é importante porque mostra ao paciente que ele tem recursos para seguir sozinho, mas sempre com a porta aberta para voltar quando sentir necessidade”, explica.
O poder de olhar para a raiz dos problemas
Em tempos de diagnósticos rápidos e medicação para calar sentimentos, Mayara defende que a terapia é um caminho seguro para entender a raiz dos problemas. “Não adianta culpar para sempre a mãe ausente ou o relacionamento abusivo do passado. Em algum momento, precisamos perguntar: o que eu vou fazer com isso agora? É esse movimento que transforma.”
E conclui com a serenidade de quem vê, todos os dias, a força de quem decide se acolher: “Pode ser difícil encarar as próprias vulnerabilidades, mas é a única forma de parar de terceirizar responsabilidades e retomar o controle da própria vida”, finaliza.
Se você se reconheceu nessas palavras ou sentiu que é hora de olhar com mais carinho para si mesma, saiba que não precisa enfrentar esse caminho sozinha.
A psicóloga Mayara Crespo está disponível para te acolher e ajudar nesse processo de autoconhecimento e cuidado emocional. Para agendar sua sessão ou saber mais, envie uma mensagem pelo WhatsApp no número (67) 99307-3443 (Clique aqui) ou a acompanhe pelo Instagram @psi_mayaracrespo.