Seringas de insulina somem das farmácias por uso irregular de emagrecedores
Redes relatam estoque esgotado e CRF-MS alerta para riscos a diabéticos diante da alta demanda

O contrabando de tirzepatida e outros tipos de emagrecedores já afeta até o estoque de seringas e compromete o tratamento de quem precisa de insulina em Campo Grande. O medicamento, usado de forma indiscriminada, também é trazido do Paraguai como alternativa mais barata. Como a maioria chega em ampolas e não em canetas de aplicação, exige a compra de seringas.
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A alta procura por Moujaro, medicamento usado irregularmente para emagrecimento, está causando escassez de seringas de insulina em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O produto, contrabandeado do Paraguai em ampolas como alternativa mais barata, levou farmácias a dobrarem seus estoques habituais de seringas. Farmacêuticos relatam que a demanda surpreendente está afetando todas as redes da cidade, com estoques mensais sendo consumidos em apenas três dias. A situação preocupa especialistas, pois pode prejudicar pacientes diabéticos que necessitam das seringas para aplicação de insulina, procedimento vital para o controle glicêmico.
A automedicação refletiu diretamente nas prateleiras das farmácias da Capital. A demanda é tão intensa que surpreendeu Aline Roos, gerente do Grupo Mais Farmácia. “Ontem uma moça veio aqui e pediu 20 agulhas de insulina. Acredito que seja por conta das canetas emagrecedoras que pegam no Paraguai”, relata.
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Diferentemente de medicamentos como Mounjaro, as agulhas e seringas não exigem retenção de receita. Além disso, são acessíveis, custando a partir de R$ 1. “A gente se preocupa com essa demanda. Ontem conversamos e estamos avaliando limitar a quantidade por cliente. O pessoal está comprando muito, sem prescrição, sem nada. Então vamos ter que dar uma segurada”, afirma Aline.
Hoje, a farmácia trabalha com o dobro do estoque habitual. “Foi um susto quando aumentou a procura. Normalmente vendemos pouco porque quem faz tratamento para diabetes geralmente recebe as agulhas pelo SUS.”

Em outra rede da Avenida Afonso Pena, o gerente de 30 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, afirma que o desabastecimento ocorreu em toda Campo Grande. “Essa procura foi muito alta em outubro e novembro, agora deu uma diminuída. Não sei nos outros estados, mas aqui foi geral, todas as redes ficaram com esse desfalque”, disse.
Ele explica que, antes do aumento, o estoque padrão era de seis kits com 10 unidades por tamanho de seringa. Durante o pico, o volume que deveria durar um mês acabou em apenas três dias. “A demanda era tão grande que o estoque não supria. Toda hora entrava alguém buscando seringa. Como ninguém esperava, não trabalhávamos com volume alto, porque é dinheiro parado”, detalha.
A diretora do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia), Daniely Proença, informou à reportagem que não há denúncias formais sobre escassez generalizada desses insumos por parte de farmacêuticos ou da população. Apesar de não ser uma atribuição direta do conselho, o órgão acolhe esse tipo de demanda quando necessário.
Daniely alerta que o desabastecimento pode representar grave risco para pacientes diabéticos. “A aplicação correta da insulina é vital para o controle glicêmico. A desassistência é um risco real se o paciente não tiver acesso aos materiais adequados para administrar a medicação.”
Ela reforça que a reutilização de seringas e agulhas deve ser absolutamente evitada. “São itens de uso único e estéreis. Reutilizar aumenta exponencialmente o risco de infecções graves, lesões teciduais e perda de eficácia do tratamento por contaminação ou desgaste do material.”
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