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Contrabando da beleza: “moda” nas rodovias é o “Mounjaro” e tudo da estética

Frequência de apreensões de emagrecedores é maior que a de flagrantes de drogas nas rodovias estaduais em 2025

Por Anahi Zurutuza | 22/11/2025 07:12
Contrabando da beleza: “moda” nas rodovias é o “Mounjaro” e tudo da estética
Medicamentos de origem estrangeira apreendidos pela PMR nesta quinta-feira (Foto: BPMRv/Divulgação)

“Seu bolso é meu guia”. O lema é o que mais faz sentido para o contrabandista. Ele compra fora e traz para vender no Brasil o que é o sonho de consumo da vez e em 2025, a moda é emagrecer e ficar bonito. O “contrabando da beleza” tem rendido este ano mais apreensões que flagrantes de tráfico de drogas. É o que observa o tenente-coronel Vinicius de Souza Almeida, comandante da PMR (Polícia Militar Rodoviária) de Mato Grosso do Sul.

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A Polícia Militar Rodoviária de Mato Grosso do Sul tem registrado um aumento nas apreensões de produtos ligados ao "contrabando da beleza", como medicamentos para emagrecer e tratamentos estéticos. Segundo o tenente-coronel Vinicius De Souza Almeida, esses itens, incluindo tirzepatida e anabolizantes, superam até mesmo as apreensões de drogas. O Estado, conhecido como rota para entorpecentes, também é usado para o transporte ilegal de mercadorias de origem estrangeira. As penas brandas para contrabando e descaminho, que envolvem produtos proibidos ou sonegação fiscal, dificultam o combate ao comércio ilegal. Apesar dos flagrantes, os infratores rapidamente retomam as atividades devido ao alto lucro. Na última operação, foram apreendidos R$ 149 mil em produtos, incluindo medicamentos e eletrônicos. O motorista envolvido foi liberado após pagar fiança, evidenciando a fragilidade das punições.

Assim como funciona como corredor para os entorpecentes produzidos na Bolívia e Paraguai, o Estado também é rota clandestina para o contrabando. Pelas rodovias estaduais, escoam drogas, armas, cigarros, eletrônicos e sim, o tão desejado medicamento que faz emagrecer rápido.

“O contrabandista trabalha com o que está na moda. Há uns três anos, houve uma explosão de apreensões de narguilé, tabaco e os apetrechos. Depois, veio o vaper e agora são as canetas emagrecedoras”, explica o coronel.

O comandante afirma que os flagrantes dão bastante prejuízo para os contrabandistas, mas a fiscalização das rodovias é insuficiente para frear o comércio ilegal, uma vez que as penas para quem é pego com mercadoria ilegal são brandas.

A diferença entre contrabando e descaminho é que o primeiro se refere à entrada de produtos proibidos no País ou com venda proibida. O descaminho representa a sonegação fiscal, quando produtos permitidos por aqui entram no Brasil sem o pagamento dos impostos previstos por lei.

“Contrabando e descaminho são contravenções penais, não crimes. A pessoa não fica presa. Em geral, a gente faz o flagrante e encaminha para a PF (Polícia Federal). O que mais acontece é o delegado arbitrar uma fiança e liberar o autor. Nós encaminhamos, então, a mercadoria para a Receita Federal”, descreve o comandante sobre os procedimentos de praxe após as apreensões.

Coronel Souza diz que, apesar da “dor de cabeça”, o contraventor absorve o prejuízo, mas não para. “A maioria sai no mesmo dia e no dia seguinte, vai fazer a mesma coisa, porque dá muito dinheiro”.

O policial conclui afirmando que o problema é muito maior do que o que cai nas mãos da PM. “É quase impossível fazer o controle só com as apreensões da PM. Esse é um problema de saúde e da conduta da população que consome”.

Contrabando da beleza: “moda” nas rodovias é o “Mounjaro” e tudo da estética
Coronel Vinicius De Souza Almeida, comandante da PMR em Mato Grosso do Sul (Foto: BPMRv/Divulgação)

Última apreensão – O último flagrante nas rodovias estaduais aconteceu nesta quinta-feira (20), em Ponta Porã. Na carga havia não só os emagrecedores, mas também anabolizantes, substâncias para tratar calvície e os cabelos. Um total estimado de R$ 149 mil em produtos.

A mercadoria do Paraguai estava em um GM Prisma conduzido por um motorista que havia sido contratado para fazer o transporte ilegal. O motorista contou aos policiais que havia recebido uma proposta de um conhecido para buscar os produtos no Paraguai e que receberia R$ 1.200,00 pelo transporte.

De acordo com a equipe do BPMRv (Batalhão de Polícia Militar Rodoviária), da base operacional de Aquidabã, durante abordagem de rotina e vistoria dos itens obrigatórios no veículo, foram encontrados 12 aparelhos celulares, entre eles modelos iPhone, Redmi e Poco, além de um dispositivo Fire Stick da marca Amazon (controle para casas inteligentes).

Também foram encontrados diversos medicamentos emagrecedores, incluindo 256 caixas de tirzepatida, 133 caixas de Lipoless, 17 caixas de Tirzec, 2 caixas de Lipoland, 1 caixa Synedica Labs, 103 caixas TG, 4 unidades de Retatrutide, 2 caixas de Landertropin.

No “estoque” também havia uma unidade do esteroide anabolizante sintético Oxandroland 5, três frascos de Minoxidil (substância que faz crescer cabelos), um Gummy Hair (vitamina capilar) e uma loção corporal.

Diante da irregularidade constatada, a equipe entrou em contato com a Polícia Federal de Ponta Porã e apreendeu as mercadorias e o veículo, que deverão ser apresentados à Receita Federal. O homem foi liberado.

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