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Capital

Para condutores, regulamentação soluciona problema com flanelinhas

Ricardo Campos Jr. | 10/01/2011 14:20

Opiniões se dividem entre indiferença e medo dos guardadores

Ribeiro diz que sempre dá algum dinheiro para os flanelinhas e não considera atividade uma ameaça. (Foto: Simão Nogueira)
Ribeiro diz que sempre dá algum dinheiro para os flanelinhas e não considera atividade uma ameaça. (Foto: Simão Nogueira)

Cuidando carros em áreas centrais de Campo Grande, os flanelinhas já fazem parte do cotidiano dos motoristas. Eles representam insegurança para alguns, são inofensivos para outros, mas os condutores concordam em um ponto: extingui-los não é a solução adequada, o ideal, é encontrar maneiras de organizar a atividade.

È a opinião do administrador de empresas Renato Delfini, 57 anos. “Essas pessoas poderiam ser organizadas de alguma forma. Soltos são um perigo no Centro”. Ele conta que é natural de São Paulo e teme que o problema evolua a ponto de equiparar-se aquela cidade.

“Lá é bem mais agressivo que aqui. Pode chegar a evoluir. Aqui demora para chegarem as coisas, incluindo o que é ruim”, afirma o administrador.

A professora Jandira Machado, 50 anos, dá dinheiro aos flanelinhas mesmo sem concordar com a presença deles. “Eu acho uma falta de respeito, mas tem que pagar porque fica com um pouco de receio”.

O gestor financeiro Pedro Flávio Ribeiro, 30 anos, não considera a atividade de flanelinha uma ameaça. Ele diz saber que muitas vezes o dinheiro é gasto com ilícitos, como drogas, e que a índole das pessoas que pedem para cuidar os carros pode não ser boa, mas mesmo assim paga.

“Sempre dou algum dinheiro. Existe aqueles que a gente já conhece. Existem alguns que riscam o carro, mas eu acredito que tem como ter o controle. Cadastrar esse povo. Você vê os camelôs. Começou errado e hoje muitos estão cadastrados”, diz Ribeiro.

Criminalidade - Um flanelinha foi apontado como suspeito da morte do andarilho Cristiano dos Santos, 28 anos, na manhã do dia 31 de dezembro.

Lúcio da Silva Oliveira, 28 anos, é acusado de esfaquear a vítima com quem, segundo informações da PM (Polícia Militar), tinha uma rixa. O guardador de carros foi capturado no cruzamento da Avenida Salgado Filho e Rua Japão com as roupas sujas de sangue.

Ele delatou Lúcio da Silva Oliveira, 28 anos, como o dono da arma usada no crime. Durante a prisão, que aconteceu enquanto o acusado dormia em um depósito de reciclagem na rua Rio Brilhante, a Polícia encontrou uma faca que pode ter sido usada na morte do andarilho.

Na pele - Leandro Pereira de Azevedo, 22 anos, conta que já foi flanelinha aos 12 anos de idade. Ele conta que veio de família pobre, que não tinha condições de comprar para ele brinquedos e até materiais escolares. Atualmente ele segue a carreira militar.

Azevedo conta que a atividade de flanelinha é dividida entre marginalidade e necessidade. Muitos dos flanelinhas, segundo ele, realmente usam o dinheiro para drogas e outros, mas há exceções.

“Tem muito moleque aí que é flanelinha por necessidade, mas tem alguns que não deveriam estar lá”, diz o militar.

Presença de flanelinhas no centro de Campo Grande gera controvérsias entre donos de veículos.
Presença de flanelinhas no centro de Campo Grande gera controvérsias entre donos de veículos.

O que dizem os flanelinhas - Cleiton Costa Rodrigues, 31 anos, cuida carros na área central da cidade há 5 anos. Ele diz que não há motivo para temer as pessoas que guardam veículos em troca de dinheiro.

“Já cheguei a tirar R$ 100 em um dia cuidando de carro. Eu sou pedreiro e acabei me acostumando (á atividade)”, conta o flanelinha. Ele diz que alguns são usuários de drogas, mas durante a atividade não representam riscos.

Wellington Lopes Velasquez, 53 anos, conta que trabalhava em um depósito de papelão até que um problema nas pernas o deixou em uma cadeira de rodas. Desde então ele cuida carros na praça em frente ao mercado municipal e garante que o faz para sobreviver.

“Dá para alimentar: café da manhã, almoço, janta e às vezes sobra um dinheirinho”, conta.

Na cadeira de rodas, Wellington cuida carros e diz que inibe presença de ladrões. (Foto: Simão Nogueira)
Na cadeira de rodas, Wellington cuida carros e diz que inibe presença de ladrões. (Foto: Simão Nogueira)

Ilegal - De acordo com o chefe de fiscalização da Agetran (Agência Municipal de Transportes e Trânsito) Eder Vera Cruz, a atividade de flanelinha em Campo Grande, como não está regulamentada, é considerada ilegal. “Isso significa que quem faz o serviço de flanelinha está cometendo uma contravenção penal e fica sujeito às penas da lei”.

Ele explica que alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, a atividade já está regulamentada. Na Capital, a empresa Flexpark é autorizada a cobrar por estacionamento por meio de licitação.

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