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Aos 75 anos, Dourados quer provar que é superior a escândalo de corrupção

Marta Ferreira e Ricardo Campos Jr. | 20/12/2010 08:51
 Aos 75 anos, Dourados quer provar que é superior a escândalo de corrupção

Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, com 196 mil habitantes, e uma das importantes economicamente pela alta produção rural, comemora hoje seus 75 anos de emancipação. Este aniversário é diferente, carrega a marca de um verdadeiro inferno astral vivenciado pelos douradenses neste ano.

No dia 1º de setembro, eles viram os responsáveis por administrar e legislar para a cidade serem envolvidos em um escândalo de pagamento de propina, desvio de dinheiro público e fraude em licitação. De la para cá, o comando da prefeitura já passou por duas mãos e em março vai mudar novamente, com uma nova eleição para substituir, antes dos 4 anos de mandato, o ex-prefeito Ari Artuzi (sem partido), que renunciou para ter a liberdade de volta.

Artuzi, um ex-trabalhador rural que se elegeu vereador, deputado e prefeito com um jeito populista de ganhar votos, está fora da cena política e apareceu trabalhando num sítio, aparentemente de volta no tempo. Neste 20 de dezembro, retomar suas origens é o que os douradenses mais querem, para apagar uma nódoa na trajetória da cidade e mostrar que a história de Dourados é superior ao escândalo de corrupção que a colocou nas manchetes.

“Eu entendo que isso foi um fato político que já teve algumas definições. A cidade em si não pára por causa disso. Tanto que teve substituições na prefeitura e a cidade não para. A cidade tem como sobreviver a tudo isso. É praticamente uma pagina virada na nossa história da cidade”, define Rozemar Mattos, integrante da Associação 20 de dezembro. A entidade representa os pioneiros na história douradense, terra originalmente ocupada por índios que já foi Distrito de Ponta Porã e em 1935 ganhou o status de município.

Na avaliação de Rozemar, os fatos revelados pela operação Uragano, da Polícia Federal, são isolados na história da cidade. “Hoje temos um novo quadro, um quadro pensando já na nova eleição”. Ele lembra, também, o ineditismo da situação. “Nunca existiu de um prefeito renunciar assim motivado por escândalos”.

Para Odilon Azambuja, gerente local da Sanesul e uma figura conhecida na cidade, não há só o que esquecer nesse episódio. “O escândalo tem a parte negativa, em função do que ocorreu e que vem ocorrendo em todo o Brasil, e a parte positiva, que foi a ação da Justiça”, afirma. “Dourados é muito maior que isso e vai dar a volta por cima. A gente não pode ficar baixando a cabeça para isso, tem que levantar a cabeça e seguir em frente. Esse foi o maior dos escândalos e a gente espera que sirva de exemplo”, obsera.

Dourados é mais-Ex-deputado e professor aposentado, Sultan Raslan é de uma família tradicional. Ele também defende a superioridade dos douradenses sobre o momento negativo. “A pujança dessa terra é tão grande e não tem culpa de meia dúzia aportarem por aqui para roubar-lhe a seiva maior que tem. Essa gentalha que chega mamando na teta gorda dessa terra aqui é como galhos caídos nos rios que atrapalham a passagem da água”, poetiza.

Ele também vê dias melhores à frente. “O meu conceito básico fundamental é filosófico, o seu caráter, apenas o seu caráter, define o seu destino. Esse é o meu conceito dessas coisas que aconteceram. Tranquilamente Dourados da à volta por cima”.

Para a escritora Odila Lange, o golpe foi grande sim, mas, como diz o ditado, após a tempestade, deve vir a bonança. “Dourados teve uma catarse. Dourados precisava dar uma sacudida. Dourados vai dar a volta por cima. Ao mesmo tempo que foi uma pena, um baque, uma comoção, foi bom também. Foi uma lição para o povo aprender a votar, escolher seus governantes”, aconselha.

Odila prossegue com otimismo. “Dourados é muito maior. Não vai ficar com esse estigma”, acredita.

Para a festa de aniversário da cidade, o governador do Estado, André Puccinelli foi até Dourados, inaugurar obras. A atual prefeita, Délia Razuk (PMDB), que assumiu o cargo como presidente da Câmara de Vereadores, também programou inaugurações, entre elas a inauguração de uma galeria com imagens de fotos de autoridades locais.

Durante a solenidade, os dias de escândalo foram citados, é claro, e o tom foi de valorização da história local. “Temos uma grande história de luta e pessoas que participaram ativamente dessa luta. Temos que valorizar isso”, afirmou a prefeita, que, no dia 6 de março, pode ser uma das candidatas à prefeitura na eleição extemporânea gerada após a Operação Uragano.

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