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A idade da razão

Por Adilson Luiz Gonçalves (*) | 15/02/2012 10:19

O tempo nos faz experientes. Será que também nos torna sábios? Que bom seria se fosse assim! Alguns até adorariam voltar no tempo, com essa vivência, para corrigir erros, tomar outras decisões... Mas, essa utopia nem sempre é bem-intencionada, pois muitos levariam consigo um sortido “saquinho de maldades”, para retribuir algumas sacanagens e praticar uma “vingancinha” aqui e ali, a priori.

Como esse “retorno”, salvo engano, ainda não foi viabilizado pela Teoria da Relatividade - além de potencializar um baita círculo vicioso -, fiquemos com a sapientíssima frase de Chico Xavier: “Não se pode mudar o passado, mas podemos recomeçar e escrever um novo futuro”.

E qual seria esse “novo futuro”?

Ficássemos de fato sábios com a idade, ele implicaria mudanças significativas nas atitudes de alguns: renúncia ao egoísmo, sepultamento sumário e sem lápide de mágoas e frustrações. Em vez de nos considerarmos paradigmas da humanidade, oniscientes, autoridades “matusalênico-caquéticas”, teríamos consciência de que o mundo atual é consequência de nossos atos e omissões, e de que não somos exemplos a serem seguidos, por mais que o creiamos em nossa “vã filosofia”, mas a serem considerados. Exigiríamos menos dos mais jovens e nos doaríamos mais a eles, sem impor-lhes preconceitos e medos pessoais ou “tradicionais” como verdades absolutas.

Essa, sim, seria uma bela contribuição para um futuro melhor: transformar nossa sabedoria em caminho para as novas gerações, e não num fardo.

E como alguém que chega cheio de amargura à maturidade - e, de certa forma, até “curtindo” isso – pode representar esse papel?

Será exigindo direitos? Será exigindo respeito? Será impondo sua “razão”, sem considerar as opiniões dos outros, como se a única “verdade” fosse a “sua”?

A idade deveria nos tornar mais amenos e afáveis. A consciência de nossos acertos, erros e percepções – ou, simplesmente, sabedoria – faria com que nossa voz fosse ouvida, já que a vitalidade física tende a decrescer com o tempo, e “sair no braço” nunca foi sinal de razão, embora alguns só entendam esse tipo de “argumento”. Aliás, o maior exemplo que um ser humano pode dar à humanidade é demonstrar que a racionalidade é diretamente proporcional ao tempo vivido, e inversamente proporcional à arrogância, à vaidade e à força bruta.

Bom mesmo é, em vez de viver e, até, se agarrar ao passado, ter planos para o futuro, sem fazer contas!

Nostalgia pode ser boa, e todos nós somos nostálgicos, de vez em quando. Só que acreditar que “os tempos idos é que eram bons”, só porque foram “nossos”; e nos considerarmos “doutores da lei”, apenas para perpetuar nossa ascendência, é depreciar os tempos ainda por vir, os quais serão trilhados por quem poderá ser muito melhor do que fomos!

Nesse sentido, a sabedoria que sublima uma vida ditosa não está na vangloria de se achar ícone, mito ou semente, mas no humilde compromisso de tornar fértil o solo onde as futuras gerações plantarão e farão suas colheitas!

(*)Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, escritor, engenheiro, professor Universitário e compositor

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