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A nossa construção

Por Heitor Freire (*) | 01/04/2019 09:30

Nós nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, constituímos família, provemos sua sustentabilidade, educamos nossos filhos, desfrutamos da vida, nos aposentamos e morremos.

Mas será que vivemos? Ou passamos pela vida?

Com quê, efetivamente, contribuímos para nós mesmos?

Lá atrás, Deus disse a Moisés que colocara o seu mandamento no coração e na palavra do homem (Dt 30.11-14). O que isso significa? Significa que cada um de nós, desde a criação e por toda a eternidade, está dotado dos meios e condições para exercer o próprio trabalho e contribuir para a evolução e aprimoramento físico, mental e espiritual do mundo em que vivemos. Que depende de cada um, diretamente.

Mas quem sabe como fazer para utilizar esse instrumental? Aí está o X da questão. Como somos seres em construção, cabe a cada um descobrir por si só. Por meio da meditação e da oração. Pelo silêncio.

Nas Escolas de Mistérios do Egito Antigo, os escolhidos para se submeterem às provas da iniciação esotérica tinham que passar por um período de silêncio e de clausura durante três anos, nos quais não podiam emitir nenhum som, nem quando estivessem sozinhos, o que acontecia na maior parte do tempo.

O silêncio interior servia para fortificar suas vontades e seus espíritos. Somente os que vencessem esse período eram admitidos à iniciação.

Quando aprendermos a usar o mandamento colocado em nossa palavra e descobrirmos o seu potencial, começaremos a fazer o nosso trabalho. Deus criou o mundo pelo poder da palavra. “Ele disse: Faça-se a luz e a luz foi feita” (Gn 1, 3-4).

Da mesma forma, cada um tem o mesmo poder criador. Todos somos filhos Dele. “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (1 Cor 3,16-17).

Mas, para que esse poder seja usado adequadamente, depende da sua utilização consciente. Como não recebemos uma instrução a respeito do seu uso, vamos aos trancos e barrancos, aprendendo, apanhando, errando, por tentativas e acertos até que encontramos a embocadura e começamos efetivamente a promover a nossa construção.

Que tem começo, mas não tem fim, porque nossa existência é infinita. O uso adequado do silêncio e da palavra vai nos permitir o fortalecimento interior que será a base da nossa evolução, a aquisição do discernimento – a primeira etapa nessa direção.

Não devemos ter pressa, nem preguiça. Temos a eternidade pela frente. José Ortega y Gasset, escritor e filósofo espanhol – que influenciou e continua influenciando muita gente –, ensina com muita propriedade: “Caminhe lentamente, não se apresse, pois o único lugar ao qual tem que chegar é a si mesmo”.

Charles Chaplin, o genial Carlitos, que com sua arte encantou várias gerações, era também, escritor, filósofo e pensador que dominava com muita criatividade todas as artes, enriquecendo nossas vidas com o poema “Quando me amei de verdade”, do qual apresento a sua conclusão:

“Quando me amei de verdade, me libertei de tudo que não é saudável: pessoas e situações, tudo e qualquer coisa que me empurrasse para baixo. No início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que isso se chama... Amor próprio”.

Esses ensinamentos nos encaminham para a busca do entendimento básico, nos dirigindo para a fonte de tudo: Deus. Que tudo criou e instituiu os meios próprios para essa busca.

E nós, seres humanos que estamos no olho do furacão (ao contrário do que se pensa, é um lugar sereno), nos vemos envolvidos por essas teorias e sinto que devemos procurar o lugar seguro para aplicar o discernimento: nosso coração.

Vamos fazê-lo? Depende de cada um. “Se compreendes as coisas são como são; se não compreendes, as coisas são como são”.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.

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