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A opinião dos madrilenhos sobre a independência da Catalunya

Adriana F. S. Oliveira, da Agência Brasil | 30/10/2017 08:50

A Espanha é um Estado democrático, monárquico e parlamentarista, dividido em 17 comunidades autônomas e 02 cidades autônomas. As comunidades autônomas são - Galiza, Astúrias, Cantábria, País Basco, Navarra, Castela e Leão, La Rioja, Estremadura, Madrid, Castilla La Mancha, Murcia, Andaluzia, Ilhas Canárias, Catalunha, Aragão, Comunidade Valenciana e Ilhas Baleares e as cidades autônomas são Ceuta e Melilla, todas com autonomia e capacidade de decisão, sendo que oito dessas comunidades, a saber: Galiza, País Basco, Andaluzia, Ilhas Canárias, Catalunha, Aragão, Comunidade Valenciana e Ilhas Baleares possuem condição de nacionalidades históricas reconhecidas na Constituição de 1978 e maior poder e capacidade de decisão.

A cidade de Madrid é a capital do Estado espanhol e da Comunidade Autônoma de Madrid, sede do governo e residência do monarca espanhol, como também o centro político, econômico e cultural da Espanha. A cidade de Barcelona é a capital da Comunidade Autônoma da Catalunha, reconhecida por sua importância cultural, financeira, comercial e turística, como também um ponto de comunicação entre Espanha e França.

Na atualidade, os independentistas da Comunidade Autônoma da Catalunha, desejam que o território da Catalunha seja desconectado do Estado espanhol, formando novo país e nação, inclusive possuem idioma próprio, o catalão, entretanto, esse anseio não é unânime entre os próprios indivíduos catalães residentes naquele território, entretanto essa proposta foi submetida em 01.10.2017 a um referendo na Catalunha, declarando-se a independência, posteriormente suspendendo a declaração e iniciando um diálogo tenso com o governo de Madrid, o que por sua vez ameaçou aplicar o artigo 155 da Constituição espanhola e intervir naquele território, o que está ocorrendo no momento.

Em Madrid por um mês, colhi opiniões dos madrilenhos a respeito da suposta independência da Catalunha. Percebi que em geral o povo em Madrid é engajado na cidadania e veementemente contra a proposta do povo e governo da Catalunha. Senhoras, senhores, taxistas, entregadores de pizza, lojistas, farmacêuticos, atendentes, professores universitários, estudantes, cabeleireiros, motoristas de carros por aplicativo, pessoas com as quais tive contato, são contra a proposta e afirmam que caso haja um sufrágio nacional consultando o povo espanhol sobre a desconexão daquele território do Estado espanhol e a maioria dos votos seja pela independência, aí sim, eles aceitam, mas da maneira como foi feita a consulta, os madrilenhos consideram fraudulenta.

No mesmo intento, o povo de Madrid expressa seu total apoio ao governo nacional, acompanha noticiário de rádio e televisão no cotidiano e a todo momento comenta sobre o fato e eles tem prazer de explicar para os estrangeiros, como é meu caso, quais são os motivos de serem contra e dizem que sempre foi assim, de vez em quando os catalães querem ser independentes.

Percebi um povo interessado no contexto político e econômico de seu país, os quais entendem que a saída das empresas da região de Barcelona é imprescindível para que eles recuem em seus intentos independentistas e inclusive que conhecem os limites da ação policial e das forças armadas, caso seja necessário.

Eu não encontrei em Madrid alguém que dissesse ser a favor da independência da Catalunha sem o devido sufrágio nacional e maioria dos votos. Entendi que são engajados e conscientes de seus direitos e deveres políticos e que o governo se manifesta para seu povo entendendo esse engajamento e o sentimento de cidadania vigente entre os madrilenhos.

(*)Adriana F. S. Oliveira é Bacharel e Mestra em Direito, Pós-graduada em Política e Relações Internacionais e Doutoranda em Educação pela Unesp de Rio Claro.

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