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Brasil, uma nova Venezuela

Por João Bosco Leal (*) | 13/11/2015 15:39

A educação de um povo é, certamente, a única maneira de fazer com que um país cresça social, política e economicamente.

Um dos exemplos mais recentes é o da Coréia do Sul, que na década de 60, apenas 50 anos atrás, era um país atrasado e economicamente insignificante, mas resolveu investir maciçamente na educação de seu povo e o resultado é que, atualmente, é um dos maiores exportadores de veículos e de produtos eletrônicos do mundo.

Em contrapartida, vemos países com regimes autoritários, dirigidos por pessoas que fazem de tudo para se manter no poder e normalmente saqueiam sua nação em proveito próprio e dos seus, deixando o povo sem saúde, segurança e, principalmente, sem educação para que, sem cultura, continuem se satisfazendo com o muito pouco que estes governos lhes fornecem.

Recebendo educação, a população vai cada vez mais entendendo essas diferenças e passa a escolher melhor, tanto o regime político a que querem se submeter como também seus mandatários, democraticamente eleitos pelo povo.
É com a educação que nossas mentes vão se abrindo para novas experiências, e começamos a enxergar o que existe à nossa volta e o que poderia existir, seja imaginando coisas ou observando as experiências de outras pessoas ou povos.

Com ela passamos a entender a necessidade de lutar contra as injustiças, sejam quais forem, pois ninguém será plenamente feliz enquanto milhões sofrem por motivos diversos. Em nosso próprio país, pessoas passam fome, sede, não possuem teto ou um agasalho, vivem sem acesso à educação e, por isso, se submetem a migalhas fornecidas por coronéis da política que nada mais querem do que sua permanência no poder.

É inacreditável como o brasileiro reclama do governo, dele espera tudo, mas não participa politicamente de nada, não se candidata a nenhum cargo, seja para o de líder de bairro ou de síndico do prédio. Sem a participação política - ao menos em protestos públicos sobre o que está reclamando - nada será mudado.

São os políticos que aí estão que fazem as leis, que anualmente votam o orçamento de quanto da arrecadação total do governo será gasto, no ano seguinte, em saúde, educação, habitação, infraestrutura, etc., e com seus salários, verbas de gabinetes, seus asseclas e suas mordomias.

Assim, sempre faltará dinheiro para a educação e saúde, mas haverá para a propaganda pessoal e para projetos espetaculares, de bilhões de dólares, financiados pelo BNDES, inclusive em outros países, desde que administrados por "companheiros" ideológicos dos que hoje estão no poder.

Como fazer de conta que tudo está bem se isso não é verdade? Como admitir que, depois de décadas de investimentos milionários, nossos irmãos nordestinos continuem sem água, se todos os estados da região possuem acesso ao mar e há anos a tecnologia de dessalinização da água é uma realidade e irriga milhões de hectares de terras em diversos países?

Em Cancún, conheci até uma fábrica de cerveja fabricada com a água do mar e toda a população lá existente, além dos mais de 6.000 turistas diários que visitam a ilha, só possuem essa água para beber e para sua higiene pessoal.
Sem ao menos a educação básica da população mais humilde e a politização da população mais instruída, continuaremos, por décadas, vendo estados como o Maranhão dominados por uma única família que, para ter se tornado milionária - e dessa forma se manter -, deixou sem cultura e na miséria toda a população de um estado.

Ou nos politizamos e elegemos somente verdadeiros patriotas ou, mais rápido do que se imagina, o Brasil será uma nova Venezuela.

(*) João Bosco Leal, jornalista, escritor e empresário

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