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Consumir está no sangue

Thiago Müller e André Barciela Veras (*) | 04/06/2019 11:45

Imagine as cenas. Mais um daqueles dias perfeitos começa. Frio e calor finalmente encontram a sintonia perfeita de temperatura. Todos os semáforos estão brilhando com suas cores verdinhas. Sua música favorita toca na rádio. Seu chefe te cobre de elogios publicamente e, para encerrar o dia com chave de ouro, você ainda recebe aquela mensagem tão esperada do (a) paquera! Alguns prazeres da vida só acontecem no mundo de faz-de-contas; outros por uma palavrinha mágica chamada serotonina.

De livros conceituais até aquela batata frita com cobertura de cheddar e bacon, o consumo tem representado os acordos sociais que garantem ainda mais nossa forma de sermos notados pelo mundo. Entretanto, recai sobre nós uma verdade inconveniente: temos um cérebro primitivo em um corpinho moderno. E, nossos hormônios são um dos responsáveis por tornar isso ainda mais evidente.

Os laboratórios já assinaram o atestado: o corpo humano produz dopamina como recompensa pela boa tarefa realizada. Imagina então, se o mesmo neurotransmissor associa a felicidade a compras diárias. O fato é simples: as marcas ocupam áreas cerebrais do prazer e felicidade. Quando os neurônios aprendem isso, são capazes de construir com ‘lajotas douradas’ o caminho para o consumo desenfreado. Nossas perdições serão cartões de créditos, financiamentos, créditos pessoais ou outras formas de conseguirmos à vista um dinheiro que não dispomos.

Além disso, sabe-se que momentos de desajuste hormonais deixam o humano também frágil às compras. Aquela noite mal dormida pode ser a responsável por grandes pesadelos no fim do mês, afinal, a melatonina em escassez coordena comportamentos não tão conscientes e tudo isso fica ainda mais forte pelo desgaste físico não recuperado.

Testosterona e progesterona que nos fazem investir ainda mais em produtos para beleza ou convenções sociais (bares e baladas), além da boa e velha ocitocina, que nos ensina a produzir cuidado com os vulneráveis – como bebês e pets, por exemplo, nos levam a encher o carrinho do supermercado, quando o objetivo inicial era apenas buscar o pãozinho fresco que a nossa mãe pediu. Ela nunca mais verá o troco daquela compra.

Perceber quais são seus padrões de comportamentos, reconhecer que o dia não está tão bacana, pode ser a oportunidade de mudança para se tornar um consumidor mais consciente. O aprendizado é: em dias ruins, não leve para ‘passear’ os cartões de crédito.

(*) Thiago Müller, professor do curso de Publicidade e Propaganda da UCDB e pesquisador em Neuromarketing e André Barciela Veras, docente Permanente do Programa de Psicologia da Saúde da UCDB. 

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