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Expansão monetária

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 26/09/2012 09:00

A cada dia que passa as exigências vão aumentando, enquanto vamos tendo a sensação de que o dinheiro está perdendo o seu valor e ficando mais difícil e concentrado em poucas mãos. Será o efeito “bolha” decorrente do aumento do dinheiro em circulação no mundo? O aumento da liquidez provoca valorizações elevadas sem que haja uma correspondente distribuição, o que amplia a desigualdade.

Fala-se que há uma desaceleração da atividade econômica acarretando redução do crescimento, o que eleva o desemprego. De repente, se percebe que nada mais funciona. As famílias estão endividadas, os governos também e não têm como pagar. O crédito anda emperrado. No mundo desordenado o futuro assusta, pois os países estão perdendo o jeito de produzir. Como ampliar o consumo se a mão de obra está sendo substituída por máquinas modernas ou mão de obra mais barata.

Faltam empregos em vários países como Portugal e Estados Unidos. Isso deve estar relacionado com a transferência do trabalho fabril global com a inclusão da mão de obra dos países asiáticos. Nos Estados Unidos, os cidadãos ensaiaram a ocupação de Wall Street. Em Portugal, o povo saiu às ruas das principais cidades num movimento ordeiro de protesto e reivindicação. Falta emprego. Falta dinheiro. O consumo diminui. Em outras regiões também estão ocorrendo reações de descontentamento e protesto. Isso é preocupante, pois as fúrias estão atrás do medo e do ódio para atacar, e nesse meio poderão surgir perturbadores para provocar extremismos.

Agonia do capitalismo? Mais corretamente seria dizer da civilização humana dominada pelo dinheiro, que deixou de ser apenas um adequado meio de pagamento para facilitar a circulação de bens e serviços, para assumir vida própria, correndo em paralelo com a economia real através das manipulações movidas por interesses especulativos e de poder. O mercado de moedas funciona 24 horas por dia como cassino, provocando flutuações e crises prejudiciais.

No filme Cosmópolis David Cronemnerg mostra essa triste realidade de consequências caóticas através do personagem Eric Packer, uma pessoa arrogante e sem coração que perdeu a noção do humano.

O FED e o BCE injetam grande volume de moeda na troca por títulos duvidosos. Com a crise o Japão também entra na dança do afrouxamento monetário. Teme-se que o aumento da liquidez impulsionará os preços dos imóveis, ações, e commodities, mas em contrapartida a moeda americana se deprecia. Enquanto o governo brasileiro se preocupa com a valorização do real, os chineses ficam preocupados com inflação, bolhas no setor imobiliário e depreciação do valor dos títulos do tesouro americano em suas mãos.

Há os que ponderam que as mudanças ocorridas no sistema produtivo impedem que a criação de montanhas de liquidez possa gerar empregos sustentáveis e de qualidade, mesmo prosseguindo por tempo indeterminado. No entanto, as aquisições e transferências de controle acionário estão se processando velozmente.

Hoje, a meta é dominar através do poder do dinheiro. Solitárias e isoladas as pessoas se sentem como um pequeno fragmento na multidão. Não se sentem mais como parte de um todo em busca de um objetivo comum de melhora geral das condições de vida, cada um para si, achando que suas razões são melhores que a dos outros, e, por isso podem usar de menosprezo.

Para que haja progresso a direção a seguir deveria ser a motivação e a aglutinação de vontades em torno do ideal de buscar a continuada melhora, incluindo-se a saúde, a educação, a sustentabilidade econômica e a utilização dos recursos naturais de forma sábia. Falta uma visão que promova o fortalecimento do humano, com a força entusiasmadora e arrebatadora do pensamento homogêneo e do atuar uniforme na direção de um alvo em comum enobrecedor, na busca do aprimoramento individual, da harmonia e da paz no planeta.

Com a definição dessa meta os indivíduos tomarão decisões com mais responsabilidade e qualidade. Então, facilmente as pessoas poderão observar a melhora das condições gerais da vida e a redução dos desagradáveis eventos inesperados, pois em seu lugar estará sendo semeada a consideração e a felicidade.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é escritor e articulista, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP.

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