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Jornalismo como conhecimento e cultura

Gerson Luiz Martins (*) | 05/08/2013 09:12

A atividade jornalística é um bem comum da sociedade. Por meio do jornalismo as pessoas recebem informações e é uma forma de conhecimento. Muitas pessoas conhecem, no sentido de saber, tem informações sobre vários países, várias culturas, tem noções de economia, de hábitos de higiene e saúde e muitas outras coisas. Isso se traduz na cultura e nos hábitos de um povo, que também pode ser conhecida por meio do jornalismo, como conhecemos o significado das histórias sobre o profeta Maomé pelas manifestações do povo muçulmano. Jornalismo cultural não trata especificamente desse universo.

No entendimento comum, jornalismo cultural diz respeito aos aspectos da cultura de um povo, suas manifestações folclóricas, sua música, sua literatura, sua arte. Essas informações, esse conhecimento é fundamental para entendermos as razões e a lógica de cada povo, de cada nação. Esses conceitos são pequenos elementos para o entendimento da importância da atividade jornalística e que somente a formação universitária pode proporcionar e qualificar. Além disso, mesmo o processamento das informações, ou seja, a produção da informação, que compreende a apuração, investigação, edição, publicação e distribuição é um sistema complexo que exige um conhecimento amplo em sociologia, filosofia, história, geografia, economia e muitas outras áreas.

Num mundo globalizado e complexo, a formação dos profissionais no âmbito da graduação universitária não é mais suficiente. Em qualquer área profissional, a sociedade exige uma pessoa qualificada e que possa atender suas demandas, no caso do jornalismo, as demandas da informação. E como a sociedade é multifacetada, complexa e desnivelada - há compreensões diferentes -, o profissional do jornalismo deve conhecer e trabalhar em diversas linguagens, para que o resultado do seu trabalho possa ser compreensível, inteligível, interpretado e sobretudo contribua para a ampliação e qualificação do conhecimento das pessoas.

O profissional do jornalismo não pode mais ficar apenas com a formação universitária. A formação universitária em Jornalismo é condição básica para o desempenho profissional adequado. O curso de Jornalismo fornece instrumental básico para o desempenho profissional. Assim como em outras áreas profissionais, para um adequado exercício profissional, há que se aprimorar mais e melhor. A sociedade exige dele um aprimoramento, uma especialização em certos casos, um aprofundamento no conhecimento do processo de produção da notícia. A cultura social é complexa e se torna mais complexa a cada dia. O advento das mídias alternativas e multimidiáticas fornecem uma base muito ampla de informações para as pessoas. Mesmo nos mais recônditos do país todos conhecem as crises entre judeus e palestinos, os escândalos do governo federal.

É imperativo que o profissional que atue no processamento da informação e, portanto, do conhecimento não se limite a uma formação universitária. É necessário um aprofundamento dos conhecimentos adquiridos. Hoje é muito comum, em todas as áreas do conhecimento, a oferta de cursos, em nível de pós-graduação, de especialização. Para tratar e conhecer a complexidade cultural, por exemplo, o jornalista pode se especializar em jornalismo cultural. Há vários cursos nessa modalidade. O que não pode acontecer é tratar a produção da informação, a atividade jornalística, portanto, de forma amadora, experimental, no mais autêntico “achismo”. Aos jornalistas, isso não nos é permitido mais!

Importante ressalvar, ao leitor, que há cursos de pós-graduação, os chamados cursos de especialização em diversos setores do Jornalismo, como jornalismo esportivo, jornalismo econômico, jornalismo cultural, jornalismo político, jornalismo e saúde pública, entre tantos outros. Em outras palavras, o fato de se garantir a exigência da formação universitária especifica em jornalismo, a exigência do diploma, não é suficiente para garantir um jornalismo de qualidade. É importante uma qualificação mais aprimorada, se se pode expressar desta forma. Qualificação que deve ser incentiva e promovida pelas empresas de mídia. Os convênios e protocolos de relacionamento entre as empresas e as universidade não podem ficar limitados aos estágios supervisionados, devem ser implementados e gerar cursos de especialização, como muito bem fazer as empresas e escolas de jornalismo nos Estados Unidos.

E para que todo esse investimento, todo esse trabalho? Para que a sociedade tenha um jornalismo que a auxilie, não somente a ficar informada, mas, principalmente, na construção do conhecimento. E isso só acontece com um jornalismo de qualidade.

(*) Gerson Luiz Martins, jornalista e pesquisador do PPGCOM e CIBERJOR/UFMS
www.ciberjornalismo.net.br

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