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Não basta não ser racista: temos que ser antirracistas

Por Cristiane Lang (*) | 20/05/2024 13:30

O racismo é uma questão profundamente enraizada na sociedade, manifestando-se de diversas formas, desde atos explícitos de violência e discriminação até preconceitos sutis e sistêmicos. Diante dessa realidade, surge uma pergunta crucial: é suficiente simplesmente não ser racista? A resposta, defendida por muitos ativistas e estudiosos, é um sonoro "não". Para promover uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, é imperativo adotar uma postura antirracista.

Ser antirracista significa ir além da passividade de não praticar ou apoiar atos racistas. Envolve um compromisso ativo com a desconstrução das estruturas de opressão racial que permeiam nossas instituições, nossas interações cotidianas e nossos próprios pensamentos. Isso requer um esforço consciente para identificar e desafiar o racismo em todas as suas formas.

Uma das primeiras etapas do antirracismo é a educação. É fundamental que todos nós nos informemos sobre a história e as realidades contemporâneas do racismo. Livros, documentários, palestras e artigos acadêmicos são ferramentas essenciais para esse aprendizado. Compreender o impacto do colonialismo, da escravidão e das políticas segregacionistas é crucial para entender como chegamos à situação atual.

No entanto, a educação por si só não é suficiente. É necessário agir. Isso pode incluir apoiar políticas públicas que promovam a equidade racial, como a reforma do sistema de justiça criminal, a implementação de ações afirmativas e a garantia de acesso igualitário à educação e à saúde. No ambiente de trabalho, é importante promover a diversidade e a inclusão, garantindo que todos tenham oportunidades iguais de crescimento e sucesso.

Além disso, o antirracismo exige uma reflexão pessoal contínua. Precisamos examinar nossos próprios preconceitos e trabalhar para superá-los. Isso pode ser desconfortável, mas é um passo essencial para a mudança. O silêncio e a inação, diante do racismo, acabam por perpetuar a injustiça.

A solidariedade é outro componente crucial do antirracismo. Devemos ouvir e amplificar as vozes das pessoas racializadas, reconhecendo suas experiências e apoiando suas lutas. A construção de alianças entre diferentes grupos sociais pode fortalecer a luta contra o racismo e promover uma sociedade mais justa para todos.

Em resumo, ser antirracista é um compromisso contínuo e multifacetado. Vai além de não cometer atos racistas; envolve a desconstrução ativa do racismo estrutural, a promoção da educação e da consciência, a adoção de políticas equitativas e a solidariedade com aqueles que sofrem com a discriminação racial. Somente através de um esforço coletivo e consciente poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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